sábado, junho 07, 2025

O PS

Com José Luís Carneiro, o PS fica sob "a safe pair of hands". Melhor não parece possível. Olha-se as fotografias das reuniões e é um mar de cabelos brancos e de loiras de tinta. A juventude desertou e a atenuação do cheiro a poder (a assessorias) não ajuda. Não vai ser fácil!

6 comentários:

João Cabral disse...

Foi no que apostaram nos últimos anos. Mais uma da pesada herança de Costa, o habilidoso dialogante. Agora é que se começa a notar, não é?

João Cabral disse...

Carneiro terá a árdua tarefa de juntar os cacos de um partido e de ser o seu bombeiro, e independentemente das suas qualidades (descontando a extinção do SEF), é precisamente por isso que cheira apenas a líder de transição.

Carlos disse...

Acho que o problema não foi a extinção do SEF em si. A morte do cidadão ucraniano de passagem por Lisboa mostrou que várias pessoas à frente deste entidade eram destituídas de escrúpulos e participaram numa manobra de encobrimento dum crime (como parece ter acontecido agora com a morte de Aldair Moniz). O problema foi mesmo a forma inepta e irresponsável como o processo foi conduzido.

Vários anos para executar a uma decisão que tinha fundamentos válidos, deixando milhares de funcionários no limbo, sem uma direção capaz de apontar uma linha de rumo, criou uma resistência a mudança e alienou uma réstia de vontade de participar na limpeza da organização por parte de muita gente válida.

É verdade que a AIMA foi mal nascida com recursos insuficientes, mas os problemas eram já patentes no SEF - qualquer pessoa que tenha lidado com este serviço nos idos anos de 2017 a 2019 contatou que os serviços estavam já vulneráveis a muito tráfico de influências e facilitazdores de ocasião.

É por isto que eu acho que entre os méritos de António Costa não incluo o de ter sido um excelente primeiro ministro. Acho que faltou-lhe autoridade e capacidade de escolher as pessoas certas

Carlos Antunes disse...

Concordo que não será fácil a reabilitação do PS, e que José Luís Carneiro seja o “par de mãos seguras” da recuperação eleitoral socialista.
No fundo, a crise do PS, bem como demais partidos socialistas/sociais-democratas europeus vem-se acentuado desde há muito, havendo que reconhecer que a social-democracia perdeu força política, quando o comunismo deixou de ser ameaçador após a queda do muro de Berlim e do advento da contra-revolução conservadora (neo-liberalismo) dos anos 80.
Foi o historiador inglês Eric Hobsbawm (“Era dos Extremos: A História do séc. XX, 1914–1991”, Editorial Presença, 1996) quem no início da década de 90 formulou pioneiramente esta ideia: com a crise do comunismo, “os ricos e poderosos deixaram de ter medo” e sem medo de uma alternativa radical as reformas social-democratas inscritas no capitalismo perderam poder decisivo.
Fundamentalmente, a perda de influência da social-democracia na governação deveu-se essencialmente à criação da chamada “Terceira Via”, movimento liderado pelo então primeiro-ministro trabalhista britânico Tony Blair (que conseguiu a adesão de figuras como Bill Clinton, Leonel Jospin, Gerhard Schröder, Massimo D’Alema, Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Lago, entre outros governantes e intelectuais ligados de uma forma ou outra à social-democracia europeia, ou ao Partido Democrata dos EUA), e cujo programa visava adequar a social-democracia às novas ideias e políticas neoliberais hegemónicas desde a ascensão do “reaganomics” (Ronald Reagan e Margaret Thatcher).
Tentando uma conciliação entre o capitalismo liberal e a social-democracia – baseada no denominado “centrismo radical” do seu principal Ideólogo Anthony Giddens – o resultado foi uma geleia ideológica, com propostas políticas extremamente vagas e imprecisas, voltadas para a desregulação e desestatização das economias, o aceleramento da desindustrialização e a financeirização da economia, diminuição dos gastos públicos, redução das políticas sociais e reformas laborais ofensivas dos direitos dos trabalhadores, políticas essas que se aproximaram muito mais das ideias de direita (do liberalismo) do que das ideias de esquerda (economia social de mercado).
A social-democracia aceitou o consenso neoliberal, abandonou as classes média e trabalhadora deixando-as à mercê da insegurança social e da extrema-direita (não sendo certamente por acaso que são elas que na Europa ou nos EUA os votantes privilegiados da extrema-direita), tornou-se crescentemente irrelevante e destruiu-se como força progressista na política económico-social.
Diria que a proposta de JLC, na apresentação da sua candidatura a SG/PS, de pactos de regime ao centro direita (AD) sobre política externa e europeia, defesa, segurança, justiça e organização do Estado, é mais do mesmo … os coveiros da social-democracia escondem-se no seu seio!

Carlos disse...

Concordo com muito do que escreve. Acrescentaria que a ideia do estado regulador se transformou numa mistificação (para ser justo num fiasco). Veja-se o que se passa com a inépcia regulatoria de entidades como a ANACOM e afins (incluindo o BdP). E mais recentemente a propria União Europeia sobre os direitos dos passageiros?

Dito isto há que ter em conta a mudança sociológica do eleitorado e a incapacidade para ter uma agenda que não aliene a classe média. Este foi um erro fatal de Pedro Nuno Santos. Por exemplo o AIMI foi criado com um limiar de aplicação de 600 mil EUR. Após uma valorização virtual do imobiliário de mais de 100% hoje muitos imóveis entram na faixa de aplicação. Famílias estão a desertar cidades como Lisboa porque a carga fiscal é insustentável.

Paula disse...

Não me parece que o PS vá longe com o Carneiro ou que este vá longe no PS, o homem tem o carisma de uma couve.

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