Gostava de lembrar duas coisas, a propósito de uma menção feita ao alargamento da União Europeia ao Kosovo (alguém falou hoje nisso, embora o Kosovo não seja sequer candidato): o Kosovo não é reconhecido como Estado por todos os países da União Europeia e não é membro da ONU.
4 comentários:
Excelente post.
Errata: "Tutorial" em vez de "Tuturial"
O processo, no MNE, como veio a suceder o reconhecimento do Kosovo pela nossa parte, Portugal, foi, to say the least, pouco louvável. Sei do que falo. Não vale a pena agora chorar sobre o leite derramado, mas, numa primeira fase manifestámos compreensão pelo que Espanha nos transmitia e solicitava, para depois o embaixador dos EUA, contornando o alto funcionário diplomático que tinha a responsabilidade inicial dessas negociações, foi directamente ao gabinete do ministro e ali a aceitação daquele reconhecimento veio a ser concebido. E logo a seguir substitui-se aquele alto funcionário diplomático por outro, cuja postura sempre foi pró-americana. E Washington lá conseguiu, desta forma, mais um país europeu a reconhecer esse “Estado” pária, o Kosovo. Sugiro a leitura do livro “Kosovo” do General Raul Cunha, a este propósito. Posteriormente, como se sabe, os EUA/Nato construiram no Kosovo uma gigantesca base militar, que pouco ou nada tem feito para proteger, como lhe competiria, a minoria sérvia naquela região. O processo Kosovo foi uma das piores porcarias em que a UE (e a Nato) e alguns países mais influentes da UE se viu envolvida. Felizmente, que houve uns tantos que não só não reconheceram, como nunca reconhecerão o Kosovo como Estado. Alguns anos depois a ALE solicitou uma visita àquela território com vista a inteirar-se das suspeitas de existirem presos vindos de Guantanamo, ou seja, que supostamente os EUA teriam transferido de lá para o Kosovo e ali continuarem detidos (sem direito a um julgamento). O pedido da ALE foi recusado. E nunca mais ninguém se preocupou com o assunto até hoje, que eu saiba. O Kosovo é sobretudo um espaço militar (gigantesco) utilizado pelos EUA, mais um na Europa, com objectivos muito específicos (o livro de Raul Cunha explica isso bem).
2. A terminar, hoje, quando vou ver as notícias no meu TLM, vejo lá o seguinte título de notícia: “UE diz que nada muda nas relações com São Tomé após acordo com Rússia” (embora a embaixadora da UE, Cecile Abadie, não tenha deixado de dizer que “o acordo não terá consequências imediatas”, mas...ficou o aviso). Curiosamente, em vez da fotografia da dita Cecile, ou a bandeira da UE, colocaram a do Secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken. Um erro com um simbolismo extraordinário. Na verdade, a UE e os EUA, no essencial e para o mal, estão de acordo, ou melhor dizendo, Bruxelas segue o que Washington deseja, veja-se a Ucrânia, mas, sobretudo, o conflito entre Israel e Gaza, com a UE a sancionar as patifarias de Israel na Faixa de Gaza, massacrando e matando a população civil, destruindo hospitais, universidades, creches, escolas, diversas infraestruturas, etc, etc. Como fazem os EUA.
a) P. Rufino
Surpreende que ainda não tenham falado no alargamento à Transnístria...
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