Foi no Mundial de 1958. Garrinha estava a ser instruído pelo treinador Feola sobre o modo de ultrapassar a defesa russa. Feola dava sucessivas dicas a Garrincha sobre como atrair e derrotar, sucessivamente, os jogadores russos, até conseguir chegar à linha de fundo e centrar para a cabeça de Vává. O dispositivo era descrito de forma tão precisa, com decorrências tão automáticas no colapso da defesa então soviética, que Garrincha, a certo ponto, não se terá contido e perguntou: "E já combinaram com os russos?"
A frase ficou até hoje e é utilizada regularmente, no dia-a-dia brasileiro, para significar uma situação difícil em que apenas por ingenuidade se pode crer num resultado favorável, por ser essa a nossa vontade, como se o adversário não existisse.
O ocidente, mais cedo ou mais tarde, vai ter de refletir na frase de Garrincha.
12 comentários:
E os russos não têm de falar connosco, senhor embaixador?
Por mim, nada de conversas com os russos, que não são de confiança. É derrotá-los, coisa que está ao alcance do Ocidente, assim o queira.
Unknown
Derrotá-los como? Somente com ucranianos a lutar? Ou também com soldados europeus e norte-americanos? É que, parece que somente os ucanianos não serão suficientes.
E, se soldados europeus e norte-americanos forem mandados combater na Ucrânia, julga que não haverá uma revolta das opiniões públicas europeia e norte-americana?
E, se a Rússia for (ou se estiver a sentir) derrotada pela intervenção de soldados europeus e norte-americanos, não utilizará as suas armas nucleares - aliás, de acordo com a sua própria doutrina estratégica para o uso dessas armas?
Não conhecia essa do "já combinaram com os russos" do inolvidável Garrincha (para mim, foi melhor que Pelé),mas que está boa, está!
Virando para o plano futebolístico, Garrinha tem outra divinal, não sabia os nomes dos defesas que o iam marcar, tratava todos por "João" ("quem é o João que me vai marcar hoje").
O "unknown" das 14:18 nunca ouviu falar de Napoleão nem de Hitler...Ou talvez ignore o que aconteceu ao Corpo Expedicionário do Ocidente, incluindo o Japão, na aventura anti bolchevique da Sibéria, em 1918/1920....
Derrotar a Rússia seria fácil se todos os europeus se oferecessem como voluntários. Mas penso que na maioria dos países (senão em todos) preferem que se enviem armas até ao último o ucraniano. Morrer pelos ucranianos.... está quieto! Eles que morram que nós aplaudimos e damos apoio moral. E até algum dinheiro. Nós e os nossos filhos é que não.
Zeca
Luís Lavoura
Com a ajuda dos europeus. Os franceses já se ofereceram. Vai ser difícil mas penso que a intervenção será cada vez maior. Aposto também na "desajuda" de alguns países próximos da Rússia. É evidente que a derrota dos russos não resultará na invasão da Rússia, caso em que, em despero, os tiranos poderiam recorrer às armas nucleares. Convinha também tirar a China da equação: se querem negócios, têm de se portar bem.
Acho que muita gente, além de comentar, se devia dedicar também a escrever poesia, parecem-me muito mais prometedores por aí.
Esta frase é toda ela um ensaio da cegueira:
"se querem negócios, têm de se portar bem"
M. Prieto
"E os russos não têm de falar CONNOSCO".
É bom lembrar os tratado de Minsk I e Minsk II. Não fosse a intervenção da Inglaterra e dos EUA e, provavelmente, não teria havido invasão.
Uma coisa é ser realista. Outra é o pessimismo militante.
Por acaso, nestas suas histórias do Mundial de 58, não tem uma outra, contando quais foram as tácticas que o treinador soviético Kachalin montou para marcar golos aos brasileiros? Ou as que terá montado para que o defesa Kuznetsov “segurasse” o Garrincha? É que eu não acredito que a selecção soviética tenha entrado em campo só para perder o jogo... Mas perderam-no e os dois golos do Brasil até foram marcados pelo Vavá, embora apenas um a passe do Garrincha.
2-0 foi o resultado final do jogo de que fala, mesmo sem a “ajuda” dos russos... E a intenção das minhas perguntas é chamar a atenção que, se é verdade, como diz, que os ocidentais não podem (nem têm meios para) impor todas as suas vontades aos russos, essa verdade é acompanhada da verdade que os russos também têm que se resignar a que nem todas as vontades deles são para ser aceites pelos outros.
Escusa de ser só didáctico para com os "deste lado"; há uma audiência tão variada por aí, que também se deve ser didáctico para com os do "outro lado"...
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