quarta-feira, março 11, 2020

Cada um no seu papel

Lembrei-me dele ontem, ao ver anunciado que o açambarcamento nas lojas, por uma misteriosa razão, começa sempre pelo papel higiénico. Esse meu amigo, que acumulava essa já de si invejável qualidade com o facto de ser também um sábio, afirmava que “aquilo que verdadeiramente distingue um país é a qualidade do seu papel higiénico. Nunca encontrei nenhum país subdesenvolvido onde houvesse um papel higiénico decente”, sentenciava ele, prenhe de experiência. É claro que, na altura em que ele afirmava essas coisas imensamente sábias, ainda havia países “subdesenvolvidos”; agora só há “países em vias de desenvolvimento”, isto é, a doutrina aponta para que todos os países caminhem no sentido de virem um dia a ter um papel higiénico decente. (Que raio de conversa! E tem este tipo por aqui um blogue com pretensões!)

8 comentários:

Luís Lavoura disse...

Há também países subdesenvolvidos, como a Índia, em que pura e simplesmente não há papel higiénico, nem de boa nem de má qualidade, porque as pessoas têm o hábito de lavar o ânus com água, em vez de o limpar com papel.
O papel higiénico é, pois, algo que não faz, em rigor, falta nenhuma.

Anónimo disse...

11 de março de 1975, dia negro para a economia portuguesa.

Começou aqui a derrocada da economia Portuguesa, com a nacionalização(roubo) de empresas e a destruição de capital, que nós nunca mais tivemos em Portugal. Ainda hoje se nota.

António disse...

Não há mistério. É imprescindível e não tem prazo de validade. E num tempo em que a imprensa é digital, há poucas alternativas.
Eu só comecei a dar valor ao papel higiénico decente quando coincidiu no tempo uma intoxicação alimentar e o pior papel que já tive em casa. Saíu-me da pele, o barato.

Luís Lavoura disse...

António,
papel higiénico é "imprescindível"?! Você não sabe o que é um bidé?!
Eu só uso papel higiénico no local de trabalho, e é porque não tenho lá bidé nem chuveiro. Em casa, nunca uso!

Dulce Oliveira disse...

Curiosa conversa para um fim de tarde... :))

Anónimo disse...

O Luís Lavoura não tem noção do ridículo? Agora, ficámos todos a imaginar o homem, sentado no seu bidé, lavando as partes...

Ó homem, tenha vergonha!

António disse...

Ó Lavoura, claro que tenho um bidé. Trago-o sempre comigo.

Lúcio Ferro disse...

Pois, mas o açambarcamento já aí está. Hoje de manhã, quinta-feira, passei no supermercado habitual e parecia aquelas promoções maradas de 1º de Maio. Ah, sim, e papel higiénico só havia do mais caro.

Falemos então da velhice, através de Philippe Noiret

"Il me semble qu'ils fabriquent des escaliers plus durs qu'autrefois. Les marches sont plus hautes, il y en a davantage. En tou...