Em novembro de 1990, tive a sorte de estar presente nas galerias da Câmara dos Comuns durante o último discurso parlamentar de Margareth Thatcher. Ferida de morte pelas sucessivas traições e por erros próprios, Thatcher tinha-se tornado um peso para os conservadores. Mas a sua força, naquela sua memorável intervenção, quase que parecia intacta. Nunca suportei a arrogância de Thatcher, figura que politicamente sempre detestei. Mas a sua classe, como personalidade política, era incontestável.
Ao ouvir agora Theresa May, e sem mais comentários, só quero dizer: não é Thatcher quem quer...
7 comentários:
Mas é meritório não o querer melhor que Thatcher.
Ainda bem que ela não é a Thatcher. Às vezes, tanto carisma é prejudicial.
# Jack Kennedy was a friend of mine. Senator, you're no Jack Kennedy."
Estamos perante a famosa "forma diferente de estar na política" que as feministas adeptas das quotas e outros "paternalismos" gostam de apregoar?
Está esta mulher a trazer-nos algo de novo (pela positiva)?
Nota-se nela algo de especial, de peculiar por ser mulher que nos faça dizer "Ainda bem que o RU tem UMA primeira-ministra!"?
Olhamos para May e dizemos "é preciso mais mulheres na política!"?
À senhora May, para ter tão boa imprensa como a senhora Thatcher (um mito, etc) e ter assegurado um lugar no panteão, apenas falta que um país qualquer lhe invada uma ilhota, como fizeram nas Falkland. Como se sabe, a Thatcher estava acabada politicamente, tanto no partido, como na população, tantos foram os seus disparates, se não tivesse sido esse frenesim patriótico.
Alguém referiu o Jack Jennedy, numa frase de belo efeito. Se querem exemplos de excelentes presidentes americanos, pertinho dele, têm o Lyndon Johnson, que lhe sucedeu, um homem que fez reformas muito mais profundas, nomeadamente ao nível dos direitos cívicos. Enfim, não era um principe, mas também não esteve quase a provocar uma guerra mundial, com a crise dos mísseis de Cuba, para não falar da cegada da Baía dos Porcos.
Agora sim, agora vai começar o Brexit, a sério.
Refiro o Brexit entre o Reino Unido e a Alemanha.
As notícias importantes vêm, tinham que vir, da Alemanha.
Primeiro esgotou-se o tempo dos negociadores por conta de Madame May que, como se sabe, tentaram fazer missão impossível. Mas May, uma questão de feitio, não soube nem podia delegar poder que não tem.
Esta votação, ontem, num (genuíno) Parlamento, o do Reino Unido, acabou com essa fantazia.
Do outro lado, outra fantazia: Juncker e Barnier em nome da hoje razoavelmente desunida União Europeia. Completamente disléxicos, em causa alheia, diga-se.
Por fim, agora, as forças reais, os políticos alemães -em nome de quem realmente manda, "the power that be"- ultrapassam a (sua) UE.
Madama Merckel instada a falar directamente, repito, directamente com Londres.
Enfim, perceberam que o que tinha que ser tem muita força.
Os Parlamentos do RU e Alemão brevemente vão encetar, por entrepostas personagens, as mais que necessárias conversações.
PS.- As eleições para o Parlamento da UE são, cada vez mais, uma despendiosa anedota de muito mau gosto. Até quando?.
Podemos « gozar » com os britânicos, que se meteram numa bela alhada.
Mas também podemos “gozar” com a EU, que está na impossibilidade de propor outras soluções pela simples razão que ninguém sabe em Bruxelas quais outras soluções poderiam agradar aos britânicos, para chegar a um acordo antes da data fatal.
Porque eles mesmos, os britânicos, não sabem o que lhes agradaria…”Le beurre et l’argent du beurre, il n’y en a plus.”
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