segunda-feira, janeiro 21, 2019

Ana Barata


Creio que foi em 13 de agosto de 1975 que verdadeiramente nos conhecemos, em pleno "verão quente" desse ano tão político, no dia da nossa comum entrada para as Necessidades. A Ana fazia parte do grupo muito restrito de mulheres que, naquela ocasião, puderam aceder, pela primeira vez, à carreira diplomática. Falo de Ana Barata, uma amiga e colega que acabam de me dizer que morreu.

Vi-a, faz pouco tempo, na Versailles. Seria a última vez. Era frequente encontrá-la por lá, a caminho ou saída há pouco da Gulbenkian, ela que era uma conhecida "habituée" de concertos. Tinha a música como um dos seus grandes hóbis. Em 2004, em Viena, quando se preparava para me substituir como embaixadora na OSCE, recordo-me que fomos uma noite juntos à ópera. Imagino que tenha sido bem feliz por lá.

A Ana era uma amiga que fui cruzando pelo mundo, de Madrid a Belgrado, de Londres a Bruxelas, de Zagreb a Viena. Tinha um sorriso permanente, uma atitude sempre positiva, uma gargalhada sã. Muito culta, devo-lhe preciosas indicações bibliográficas. E, muito mais do que isso: devo-lhe uma imensa solidariedade pessoal, o que não é a menor coisa na nossa vida.

Sinto uma grande pena pela sua morte. 

10 comentários:

Anónimo disse...

"de Zagreb a Viems."

a Viena

Anónimo disse...

Meu caro Francisco,

Éramos amigos há quase quarenta anos.

A Ana só tinha qualidades.

Como ela dizia, acordava todos os dias reconcialiada com o Mundo.

A sua presença sempre serena e o seu ouvido sempre atento vão fazer-me muita falta. Há-de facto pessoas insubstituíveis.

Ouvimos muita música juntos, pelos países onde andávamos. Estávamos sempre de acordo.

A Ana era uma mãe dedicadíssima e a Leonor precisa de um beijinho especial pela perda que sofreu.

Cá em casa, ficámos em estado de choque e assim continuamos. Nunca pensávamos em morte quando pensávamos na Ana.

Há mais coisas para dizer mas não consigo.

Um abraço

JPGarcia

Anónimo disse...

Paz à sua alma!

Anónimo disse...

Foi com tristeza que vi este post.

Ana Barata foi a minha primeira directora de serviços no MNE.

Era uma excelente diplomata e uma mulher com valores éticos muito fortes.

Uma pessoa séria e amiga.

Francisco Seixas da Costa disse...

Não publico o comentário de Luis Lavoura, porque é nojento.

lob´s disse...

Descanse em paz, um ser singular.

Anónimo disse...

Soube hoje que a Ana Barata morreu. Tinha-lhe muito respeito e admiração. Era uma excelente pessoa e também uma excelente diplomata. Fica no meu coração.

Anónimo disse...

Fiquei tristíssimo quando soube da notícia. Era uma pessoa encantadora, sempre bem disposta, com quem dava gosto estar e cuja simples presença nos deixava igualmente bem dispostos. Tinha os dons da alegria e da serenidade.

Luís Quartin Graça

Leonor Barata disse...

Para mim, a Ana Barata era “só” a minha mãe e aquela pessoa que, desde criança, me obrigava a seguir regras protocolares e princípios éticos cujo sentido, aos 8 anos, eu não compreendia. Mas, ao longo da vida, fui percebendo que a Missão profissional que assumira era, não só um compromisso inabalável, como também um modo natural de estar na vida. Sempre serena, sempre rigorosa, sempre leal, sempre conciliadora, sempre genuína, sempre diplomata e sempre, sempre, dotada de um irredutível sentido do Dever. É este o legado que me deixa e que fico feliz por ver comprovado em tantos testemunhos que tenho lido.
Obrigada a todos e a uma carreira que a fez tão feliz!

Francisco Seixas da Costa disse...

Um beijo, Leonor

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...