Ao passar, há pouco, em frente à Gare de Austerlitz, ponto de chegada a Paris de muitos e muitos milhares de portugueses a quem a Pátria foi madrasta, veio-me à ideia um dos mistérios nunca resolvidos da política portuguesa do século XX: a famosa e nunca confirmada viagem de Oliveira Salazar à Bélgica, nos anos 20, para assistir a um congresso católico.
Salazar era parco em deslocações. Conhecidas são as suas duas viagens a Espanha, a Badajoz e a Sevilha, onde se foi encontrar com Franco. Fora disso, o homem que liderou o governo português, durante cerca de quatro décadas, nem aos Açores ou à Madeira alguma vez foi, muito menos ao Ultramar que tanto cantava nos seus discursos. Por isso, esta viagem à Bélgica, a ter tido lugar, representaria a mais ousada digressão de Salazar.
Deu-me hoje para imaginar a figura seráfica de Salazar em Paris, provavelmente de botas, a sair do "Sud Express" e a tentar ligação para a Gare du Nord, depois de muitas horas perdidas a olhar por aquelas janelas em cuja base figurava o prudente aviso: "Ne pas se pencher".
Salazar era parco em deslocações. Conhecidas são as suas duas viagens a Espanha, a Badajoz e a Sevilha, onde se foi encontrar com Franco. Fora disso, o homem que liderou o governo português, durante cerca de quatro décadas, nem aos Açores ou à Madeira alguma vez foi, muito menos ao Ultramar que tanto cantava nos seus discursos. Por isso, esta viagem à Bélgica, a ter tido lugar, representaria a mais ousada digressão de Salazar.
Deu-me hoje para imaginar a figura seráfica de Salazar em Paris, provavelmente de botas, a sair do "Sud Express" e a tentar ligação para a Gare du Nord, depois de muitas horas perdidas a olhar por aquelas janelas em cuja base figurava o prudente aviso: "Ne pas se pencher".