Num artigo a propósito da Guiné-Bissau, o "Figaro" de hoje traz a seguinte pérola de jornalismo, referindo-se às ilhas Bijagós:
"Le chapelet d'îles dispose des pistes d'avion de fortune construites par les Portugais pour les nazis pendant la Seconde Guerre mondiale."
A imaginação não tem limites...
"Le chapelet d'îles dispose des pistes d'avion de fortune construites par les Portugais pour les nazis pendant la Seconde Guerre mondiale."
A imaginação não tem limites...
6 comentários:
O que eu não dava para ter as fontes tão bem informadas destes jornalistas, ou pelo menos as referências bibliográficas para confimar tamanhas pérolas do género...
Estes franceses...Mas há sempre um fundo: nos Bijagós, na ilha de Bubaque, caiu um avião italiano, do tempo do fascismo, que estava empreendendo uma viagem para a América Latina. E há lá - ie, havia, não sei se ainda há - um monomento evocativo da Itália fascista.
Dizia-se também que no canal de águas profundas que separa Bubaque da ilha que está em frente, cujo nome não me lembro,se estudou a hipótese de instalação uma base de submarinos da Alemanha nazi e que os ditos submarinos chegaram a andar por lá.
Eis os factos inspiradores da notícia francesa
Na memória colectiva dos bijagós perduram ecos de intromissões "estrangeiras" (i.e.,"não-portuguesas") várias no território durante a II Guerra Mundial.
Tive algumas conversas "in loco" com pessoas aviões e navios "de guerra" e, quando era sugerida a guerra de independência, precisavam que era "na guerra de há muito tempo"; sempre estive convencido que se referiam, de facto, à guerra 39-45.
Em Bolama existe efectivamente um monumento evocador dos pilotos de uma esquadrilha de hidro-aviões italianos, comandada por Italo Balbo,que morreram num acidente nos Bijagós (1935). Esse monumento tem, de facto, um "fascio" romano. Na ilha de Bubaque existia antes da WW2 uma fabriqueta de óleo de palma, propriedade de um alemão, que se dizia armazenava combustível para os tais submarinos. Duvido. Mas quanto a pistas de aterragem durante a guerra, duvido em absoluto.
Se havia alguma pista, era para aviões pequenos e para apoio à fábrica. Que não era bem uma fabriqueta. Era mais do que isso. Funcionou durante todo o período colonial e foram os alemães que levaram para a ilha a espécie de palmeira que fornecia o produto para a tal fábrica. Havia e ainda há grandes plantações dessa espécie na ilha.
Pistas, portanto, não havia, aliás o mar, entre ilhas era óptimo para hidroaviões, o que houve de certeza foi entendimentos e contactos com a Alemanha nazi, relativamente ao arquipélago. Disso não tenho a menor dúvida, apesar de não haver, que eu conheça, estudos históricos sobre o assunto. Talvez haja algo nos arquivos do extinto Ministério do Ultramar...se ainda existirem.
CPinto
Também há espanhóis a crer que existam crocodilos no rio Douro...
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