Num dossiê levado ao ministro, seguia o texto de uma qualquer convenção estabelecida no âmbito das Nações Unidas, o qual era acompanhado de um anexo, com a lista dos países subscritores que já a haviam ratificado. Estranhamente, porém, a lista dos países incluída no anexo tinha uma primeira página apenas com a referência a dois países, seguida de uma outra com mais de 80. Tudo por ordem alfabética.
O ministro perguntou, um pouco intrigado, a razão pela qual se faz essa separação. Ninguém soube responder. Um lapso, pela certa. Nada de importante, contudo.
Aborrecido com o incidente, e logo que regressou ao seu serviço, o responsável chamou o jovem funcionário diplomático que preparara o dossiê. A mesma perplexidade: ele também não vira a lista antes .
Para tentar acabar com o mistério, chamou-se a dactilógrafa, para que explicasse a razão por que tinha feito as coisas dessa forma. Com a maior calma, ela elucidou: "Por que razão só coloquei dois países numa página e os restantes noutra? É muito simples: porque depois do segundo país estava lá escrito... Alto Volta. E eu mudei de página, claro!".
O erro não se repetirá. O Alto Volta mudou entretanto de nome, para Burkina Faso. Deve ter sido para evitar confusões destas...
1 comentário:
História deliciosa! Em determinada altura chefiei uma missão económica ao Japão. Por qualquer lapso administrativo quando cheguei percebi logo uma enorme aflição no colega japonês que me entregou o programa. Insisti em perceber o motivo da sua agitação. Nada. Mas nada de nada. Apenas um pedido de desculpas, que só percebi quando olhei para o programa: o primeiro momento de lazer a seguir à reunião era um jantar numa casa de gueixas. Que decidi manter. Por muitos anos que viva não esquecerei, jamais, a aflição do meu colega. Nem a discreta frieza com que as gueixas me receberam.
Há línguas e lapsos, de facto, traiçoeiros...
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