sexta-feira, março 13, 2009

Alto Volta

A história (verdadeira) passou-se no Ministério dos Negócios Estrangeiros, nos anos 70.

Num dossiê levado ao ministro, seguia o texto de uma qualquer convenção estabelecida no âmbito das Nações Unidas, o qual era acompanhado de um anexo, com a lista dos países subscritores que já a haviam ratificado. Estranhamente, porém, a lista dos países incluída no anexo tinha uma primeira página apenas com a referência a dois países, seguida de uma outra com mais de 80. Tudo por ordem alfabética.

O ministro perguntou, um pouco intrigado, a razão pela qual se faz essa separação. Ninguém soube responder. Um lapso, pela certa. Nada de importante, contudo.

Aborrecido com o incidente, e logo que regressou ao seu serviço, o responsável chamou o jovem funcionário diplomático que preparara o dossiê. A mesma perplexidade: ele também não vira a lista antes .

Para tentar acabar com o mistério, chamou-se a dactilógrafa, para que explicasse a razão por que tinha feito as coisas dessa forma. Com a maior calma, ela elucidou: "Por que razão só coloquei dois países numa página e os restantes noutra? É muito simples: porque depois do segundo país estava lá escrito... Alto Volta. E eu mudei de página, claro!".

O erro não se repetirá. O Alto Volta mudou entretanto de nome, para Burkina Faso. Deve ter sido para evitar confusões destas...

1 comentário:

Helena Sacadura Cabral disse...

História deliciosa! Em determinada altura chefiei uma missão económica ao Japão. Por qualquer lapso administrativo quando cheguei percebi logo uma enorme aflição no colega japonês que me entregou o programa. Insisti em perceber o motivo da sua agitação. Nada. Mas nada de nada. Apenas um pedido de desculpas, que só percebi quando olhei para o programa: o primeiro momento de lazer a seguir à reunião era um jantar numa casa de gueixas. Que decidi manter. Por muitos anos que viva não esquecerei, jamais, a aflição do meu colega. Nem a discreta frieza com que as gueixas me receberam.
Há línguas e lapsos, de facto, traiçoeiros...

Já chegámos à Madeira?

Alguém cria no Twitter uma conta com a fotografia, nome e designação do partido de Nuno Melo e coloca-o a dizer inanidades. Ninguém imagina ...