Faz hoje 34 anos que teve lugar aquilo que a História contemporânea portuguesa acolheu com a designação de “11 de Março”.
Trata-se de um momento culminante da radicalização do processo político-militar iniciado com a Revolução de Abril e que acabou por ser provocado por uma desastrada tentativa de golpe de Estado, levada a cabo, nessa data, sob a tutela do general António de Spínola – o qual, em Setembro do ano anterior, abandonara a Presidência da República, em conflito com o Movimento das Forças Armadas, mas em torno de quem ainda se concentravam as esperanças de um fiel sector militar conservador.
Trata-se de um momento culminante da radicalização do processo político-militar iniciado com a Revolução de Abril e que acabou por ser provocado por uma desastrada tentativa de golpe de Estado, levada a cabo, nessa data, sob a tutela do general António de Spínola – o qual, em Setembro do ano anterior, abandonara a Presidência da República, em conflito com o Movimento das Forças Armadas, mas em torno de quem ainda se concentravam as esperanças de um fiel sector militar conservador.
A reacção a esta tentativa frustrada de golpe militar deu espaço, nesse mesmo dia, à afirmação da predominância de forças que favoreciam um salto qualitativo no processo político, numa direcção mais socializante, levando à quase imediata nacionalização de vários sectores económicos.
A Revolução portuguesa sofreu, a partir daí, uma aceleração que começou a alienar algumas áreas políticas e militares que até então a apoiavam, mas que passaram a não se rever no que consideravam ser o curso extremista do processo político português.
A Revolução portuguesa sofreu, a partir daí, uma aceleração que começou a alienar algumas áreas políticas e militares que até então a apoiavam, mas que passaram a não se rever no que consideravam ser o curso extremista do processo político português.
Meses mais tarde, o V Governo provisório, de curta duração e com uma base ideológica muito reduzida, acabou por ser a consagração institucional da radicalização iniciada em 11 de Março de 1975. Num outro registo, o “Documento dos Nove” seria o manifesto doutrinário que reflectiria a visão de sectores militares moderados, que se opunham a esta linha revolucionária.
O conflito, que cedo se verificou insanável, entre estas duas tendências não cessou, a partir de então, de se aprofundar. O movimento iniciado no “11 de Março” acabaria, política e militarmente, por força da reversão política operada pelos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975.
Mas a marca do "11 de Março", em especial o seu efeito no tecido económico português, prolongou-se por muitos anos.
3 comentários:
Não tendo sido um apoiante do 11 de Março, bem pelo contrário, e com o meu irreverente optimismo, achei interessante deixar uma nota de reflexão:
Sabiam que, foi graças à nacionalização da Banca, e subsequente criação da SIBS, que Portugal veio a ter, anos mais tarde, um sistema Multibanco que continua a ser, atrevo-me a dizer, o melhor sistema do Mundo ?
Na verdade, "não hà bela sem senão", mas eu, à semelhança do autor deste blogue, de quem me orgulho de ser amigo, prefiro valorizar os aspectos positivos da coisa....
Forte Abraço
Rui M Santos
Coragem, Senhor Embaixador....
Falar do "11 de Março" português e não do "espanhol", Coragem...!!!
O 11 de Março português, históricamente tão marcante - independentemente da posição politica/pessoal de cada português naquele periodo - correspondeu, para muitos, ao nosso periodo do "Terror", do Danton e Robespiérre...!
O que é o Tempo e a História - hoje, os milhares de turistas e cidadãos franceses passam diária e calmamente na "Praça da Concórdia", apreciando a sua beleza, a sua elegância, o magnifico "oferecido" Obelisco egípcio, as suas perspectivas - sobre a Praça/Igreja de Madaleine, sobre os Jardins das Tulherias,os Campos Elísios, sobre o Palácio Bourbon/Assembleia dos Deputados - e mal se lembram que ali foram decapitados milhares de "reacçinários" face á Revolução...da qual hoje somos todos beneficiários....!!! Ironias da História e da condição humana!!
Luis Sá
Ao contrário de Rui M. Santos, fui um apoiante do 11 de Março.
Foi o zénite da claridade revolucionária, antes do soturno 25 de Novembro; foi o romentismo do Diniz de Almeida por oposição às patilhas ameaçadoras do Eanes, foi o sobressalto da festa do povo antes da razoabilidade mormalizadora dos dias cinzentos.
Viva o 11 de Março.
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