O que se passa na Ucrânia fez regressar a sociedade internacional a um patamar de tensões com elevado risco. Mas só foi surpresa para quem andava desatento.
sábado, fevereiro 25, 2023
Guerra de mundos
O que se passa na Ucrânia fez regressar a sociedade internacional a um patamar de tensões com elevado risco. Mas só foi surpresa para quem andava desatento.
sexta-feira, fevereiro 24, 2023
Rui Cunha (1944-2023)
Se o socialismo democrático tem uma cara, o Rui era essa cara. Solidário, caloroso, divertido, um cidadão de mão cheia. Um último abraço, Rui.
quinta-feira, fevereiro 23, 2023
Mais claro não pode ser
A lógica da ação militar russa passa por esta frase. Não se trata apenas defender os direitos dos russos que vivem na Ucrânia, no quadro da soberania ucraniana (base do acordo de Minsk, que Moscovo subscreveu). Putin considera que as áreas onde eles vivem são "territórios históricos" russos. Pode imaginar-se como isto deve soar nos ouvidos dos Estados bálticos.
quarta-feira, fevereiro 22, 2023
Trindade
A bem dizer, nunca me recordo de ter comido mais do que assim-assim na Trindade. O bife, porque vai-se à Trindade para comer o bife, esteve sempre longe de ser o melhor de Lisboa.
O bife da Trindade, mesmo o do lombo, antes naqueles pratos metálicos que fizeram escola, esteve, por muitos anos, muito longe do do Império (hoje, fica ela por ela, e isto não é um elogio), do velho Montecarlo ou do Toni dos Bifes, e, sempre, muito abaixo do "rollsbeef" do Café de S. Bento. O senhor Albino, no Snob, ainda hoje tem um bife melhor. O Outro Tempo Bar também. O do Gambrinus, claro, é muito superior - e já teve melhores dias. Simpático continua a ser o do Pabe, como o é o da Sala de Corte. Falam-me da excelência dos bifes do Elefante Branco, mas essa é carne onde, juro!, nunca meti o dente.
Pelo bife do lombo que hoje ali provei (tinha ido em dezembro e a impressão foi exatamente a mesma), a Trindade renovada (porque a casa levou uma forte e arejada reforma, como a imagem ilustra) está feita para uma clientela estrangeira, que deve gostar dos clássicos azulejos e das calçadas de Lisboa que ilustram as novas paredes. Para quem é, aquele bife basta. Ou o "brás de bacalhau" (quem inventou esta corruptela parola, insultuosa para o Bacalhau à Brás, devia ser pendurado eternamente numa espinha), também pedido, que estava desenxabido.
Repito: não tenho especiais saudades da antiga Trindade. Mas recordo ali os almoços políticos socialistas, antes das descidas do Chiado, a 48 horas das urnas. E, bem antes, os fins de tarde dos anos 70, saído da livraria Opinião ou do Centro Nacional de Cultura, quando hesitava entre ir à Casa Transmontana, nas escadinhas do Duque, ao Alfaia ou então à Trindade. Ali havia a certeza de encontrar, na sala de entrada, sempre com uma caneca gigante de cerveja ao lado, um tipo barbudo, com cara de poucos amigos, que fechava todos os dias nesse registo, depois de ter oficiado no alfarrabista, umas portas abaixo, quase em frente aos Anarquistas.
Fui à Trindade hoje, como se vê. E só lá voltarei, não obstante a simpatia solta do pessoal, com muito brasileiro (e gosto de ver brasileiros no nosso comércio), quando me esquecer do bife que hoje quase lá comi.
O regresso de Bond
terça-feira, fevereiro 21, 2023
Há 10 anos...
segunda-feira, fevereiro 20, 2023
Assim, não vamos lá!
Kiev, hoje
domingo, fevereiro 19, 2023
Outras bandas
sábado, fevereiro 18, 2023
Tico Tico
Avante, camarada Costa!
Pensem!
A herança de Marcelo
Passos perdidos
E os princípios, senhores?
Pergunta
A luz de João Salgueiro
João Salgueiro, que ontem morreu aos 88 anos, morava quase em frente a mim. Desde sempre, em todas as noites do ano, duas da janelas da sua casa permaneciam com a luz acesa. Tive sempre curiosidade de saber porquê, mas nunca lhe perguntei.
Salgueiro foi um brilhante jovem membro do governo de Marcelo Caetano. Fundador da Sedes, viria a ser, depois do 25 de Abril, uma importante figura dentro do PPD/PSD, a cuja liderança chegou a ser candidato. Mas ganhou Cavaco Silva. Ocupou o cargo de ministro das Finanças, de presidente do Banco de Fomento Nacional e da Caixa Geral de Depósitos, tendo sido igualmente professor universitário.
Conheci Salgueiro em 1979, na Noruega. Uma década depois, ao tempo em que era presidente do Banco de Fomento Nacional, desafiou-me para uma "aventura" na área bancária que decidi não aceitar, trocando-a pela ida para a embaixada em Londres. Em 2012, ambos integrámos a comissão que preparou o anterior Conceito Estratégico de Defesa Nacional. A partir do ano seguinte, voltámos a cruzar-nos, com regularidade, numa tertúlia "discussante", bastante matutina, que Miguel Lobo Antunes reunia na Culturgest, da qual resultaram debates públicos e que produziu documentos coletivos que foram publicados na imprensa. Quando Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa mostraram interesse em conhecer os trabalhos desse grupo, foi João Salgueiro o nosso eloquente porta-voz, nas reuniões que tivemos em Belém e S. Bento.
João Salgueiro era um homem frontal, sem receio de dizer o que pensava - e pensava muito bem. Tinha uma leitura clara, às vezes bastante cética, sobre as coisas da pátria, cujos destinos levava muito a sério. Extraordinariamente inteligente e sempre atualizado sobre a vida económica, portuguesa e internacional, era um profundo conhecedor da área bancária, tendo sido presidente da Associação Portuguesa de Bancos. Sobre o projeto europeu, assunto que muito o interessava, alimentava algumas justificáveis, e creio que crescentes, reticências. E não o escondia. Por algumas vezes, em torno do tema, convidou-me a colaborar nas aulas de Economia que dava a alunos estrangeiros, na Universidade Nova de Lisboa.
A nossa tertúlia, como acontece com tudo, acabou um dia. Aos poucos, fui também deixando de encontrar João Salgueiro pela nossa rua comum, como sucedeu por vários anos. Há momentos, olhei para a casa. A luz já está apagada.
sexta-feira, fevereiro 17, 2023
Como?
Lateralização
Munique
quinta-feira, fevereiro 16, 2023
“A Arte da Guerra”
quarta-feira, fevereiro 15, 2023
O fim da Cultura e o meu Aurelião
Fico sempre triste quando sei do fim de uma livraria. Leio agora que a rede de livrarias Cultura, no Brasil, entrou em falência.
Catarina Martins
Em todo esse percurso do Bloco esteve Catarina Martins. Uma mulher determinada, que sempre me pareceu sincera e empenhada nas soluções que propunha, estivessem elas certas ou erradas.
Catarina Martins entendeu agora encerrar o seu ciclo de liderança, primeiro num dueto que deu ares de harmónico com João Semedo, depois a solo. Desejo-lhe as maiores felicidades pessoais.
terça-feira, fevereiro 14, 2023
O romantismo já não é o que era!
Eu e um amigo decidimos levar as nossas mulheres a jantar fora, hoje, no dia dos namorados. Como tenho, em geral, esse pelouro, foi-me solicitado que escolhesse e reservasse o restaurante. E assim fiz! Porém, quando anunciei que iríamos jantar ao Orelhas, em Queijas, fiquei com a sensação de que a minha seleção pode ter pecado por algum défice de romantismo. Também acham? Paciência! De uma coisa tenho a certeza: vamos comer muito bem!
segunda-feira, fevereiro 13, 2023
Clickbaitismo
Iliteracia
Falar claro
Manuel Rocha
Áfricas
Já passaram muitos anos desde esse dia. Estávamos num almoço com uma delegação estrangeira, chefiada pelo primeiro-ministro desse país, oferecida pelo seu homólogo português. Notei que a cara de um colega e amigo, sentado quase à minha frente na longa mesa, não era das mais felizes.
Ele estava colocado num determinado país africano e nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, também ali presente, tinha-o informado, horas antes, que o seu próximo destino seria... um outro país africano. Curiosamente, um país onde, anos atrás, ele já estivera colocado.
Ter já passado, em duas vezes, um total de oito anos em África, com a perspetiva de um período de mais quatro anos numa capital africana onde já servira, era uma ideia que não agradava, compreensivelmente, àquele meu colega.
Não obstante o interesse profissional dos postos, a vida em África acarreta quase sempre problemas específicos, pessoais e familiares, pelo que, muito legitimamente, ele ansiaria ter um outro destino geográfico. O ministro, contudo, por qualquer razão conjuntural que já não recordo, fora muito insistente e não lhe dera qualquer alternativa.
A conversa ao almoço derivou, a certa altura, para a Revolução do 25 de Abril. Pedagógico, o chefe do governo português explicou ao seu convidado as motivações subjacentes à revolta contra Marcello Caetano. Dentre essas razões, elencou os problemas de carreira e as pulsões democráticas que atravessavam a tropa, para concluir: "Além do mais, os oficiais portugueses estavam cansados de fazer várias comissões de serviço em África".
Foi então que se ouviu, num sonoro aparte em português, a voz do meu colega: "Como eu os compreendo!".
Dei uma gargalhada de solidariedade, cujo significado poucos entenderam. Talvez o nosso ministro. Do outro lado da mesa, o António sorriu.
domingo, fevereiro 12, 2023
Hesitação
A febre
O meu avô paterno nasceu na Seara, uma aldeia da margem esquerda do rio Lima. Era filho único de pais com escassas posses, pelo que só conseguiu ser educado graças à ajuda de um filantropo de Ponte de Lima, que lhe pagou os estudos e o ajudou a encaminhar a vida.
sábado, fevereiro 11, 2023
Na cesta…
Há um mito rural, na minha família materna, segundo o qual uma das minhas bisavós era bastante rica.
sexta-feira, fevereiro 10, 2023
“A Arte da Guerra”
Pode ver aqui.
Foro La Toja
O sol e a saudade
quinta-feira, fevereiro 09, 2023
“Primeiro de Maio”
Esse era o tempo de um outro Bairro Alto, ainda sem “Frágil” nem “Pap’Açôrda”, onde não tinham despontado o “Casanostra” ou o “Bota Alta”, em que, para a noite, o “Alfaia” já estava na moda e à medida dos nossos bolsos, tal como, um pouco mais tarde, aconteceria com o “Baralto”, o “Fidalgo” e a “Tasca do Manel”. A “Baiuca” e o “El Ultimo Tango” ainda estavam para nascer. Do que por lá vai agora, nem sombras.
Mudei entretanto de ofício e de geografias de trabalho. A partir dos anos 80, quando vivia ou visitava Lisboa, era regular visitante do “Primeiro de Maio”. Aos sábados, era a minha cantina de almoço, sempre com a cinematográfica figura de António Lopes Ribeiro, já bem entrado na idade, a dominar uma das mesas. O “Primeiro de Maio” foi muito “trendy” por bastantes anos, com figuras e figurões bem conhecidos, da política à cultura, por ali amesados.
A cara tutelar do “Primeiro de Maio” era então o senhor Santos, com a sua mulher na cozinha. O seu sorriso acolhedor recebia-nos mal surgíamos no alto dos degraus de entrada. Nesse tempo em que reservar era a exceção, a regra, para nós, era aparecer uma mesa quase por milagre, com intimidade garantida com inesperadas vizinhanças, entre as quais cheguei mesmo a criar amizades. Belos tempos esses!
Entre as mesas do “Primeiro de Maio”, a certo momento, passou andar o Mário, sobrinho do senhor Santos, um miúdo que ajudava ao serviço. Desde que o tio se reformou, passou ele a ser a minha âncora numa casa onde, contudo, ultimamente não tenho ido muito. Fui hoje, com uma tertúlia aperiódica de cavalheiros que andam pela vida como os ingleses conduzem pelas estradas, um grupo que não tem pouso fixo, que erra (às vezes acerta) por vários endereços.
O Mário lá continua, à frente da casa, sempre simpático, herança boa do tio, que vive a merecida reforma na Beira. Os turistas que, aqui há uns anos, tornavam o espaço numa babel às vezes excessiva, desapareceram, desde há uns tempos, para as centenas de outras paragens que vão abrindo e fechando por essa Lisboa. O que havia de gente a mais, num certo período, parece haver a menos, nos dias que correm. E é pena.
Um conselho para antropólogos amadores com bom gosto, curiosos de uma certa Lisboa do passado que ainda por aí subsiste: passem pelo “Primeiro de Maio”, almocem ou jantem num local que terá sempre uma linha bem estimável na história da restauração de Lisboa. Vão lá sem a menor nostalgia, apenas porque sim. Ah! Podem dizer que vão da minha parte (não tenho comissão, garanto!) e peçam sugestões ao Mário. E aproveitem para descobrir os belos vinhos que sempre houve por lá.
Onde é? É na rua da Atalaia, 8, com o telefone 213 426 840.
“Links”
Desde a criação deste blogue que peço que evitem colocar “links” para outros textos. Escrevam comentários próprios, mas não transformem isto num “cabide”, por favor.
O que correu mal?
Há cerca de um ano, no início das hostilidades na Ucrânia, a revista Visão pediu-me um artigo sobre a conjuntura. À época, não o reproduzi aqui, porque, naturalmente, ele só estava acessível a quem adquirisse a revista. Publico-o agora, para testar se o texto resistiu ao tempo.
quarta-feira, fevereiro 08, 2023
Nordstream 1 - Verdade 0
A “branca”
Engenharias
Bebinca
Há já um tempo que não comia bebinca. Imagino que tenha sido por me ouvirem dizer que tinha saudades desse doce goês que tive o privilégio d...