"Morreu o Contreiras!", chegou-me há pouco numa mensagem de um amigo. O Carlos foi o oficial da Armada com maior, e mais decisiva, intervenção no dia 25 de Abril de 1974. Teve, além disso, um papel político de grande relevo em todo o período subsequente,
Não faço ideia de como e quando o conheci, mas imagino que possa ter sido através do José Manuel Costa Neves, que, entre maio e setembro de 1974, me foi apresentando, na Cova da Moura, sede da Junta de Salvação Nacional, aos vários membros da Comissão Coordenadora do MFA. Nos meses seguintes, o Carlos e eu fomo-nos encontrando em algumas ocasiões, até que, em maio de 1975, ele passou a ser um dos meus chefes no SDCI, de onde saí em agosto para a vida civil. Nos anos seguintes, as nossas vidas deram as respetivas voltas e, a espaços, viamo-nos nos almoços da turma dos "implicados no 25 de Abril", uma tertúlia de uma vintena de amigos que se mantem há quase 50 anos.
Há uns anos, o Carlos decidiu promover a publicação, em livro, das intervenções na célebre Assembleia do MFA de 11 de março de 1975, cuja bobine sonora guardou por décadas. Como eu tinha participado e intervindo nessa noite, convidou-me para eu apresentar o livro, com ele e com o Vasco Lourenço, o que fizemos na Associação 25 de Abril e na Feira do Livro.
Carlos Almada Contreiras era um homem generoso, dedicado aos valores do 25 de Abril, muito respeitado por todos aqueles que, com ele, partilharam o sonho da Revolução de 1974. Afivelava um permanente sorriso, que às vezes parecia um pouco sarcástico, mas que era apenas reflexo da sua ironia sofisticada, do magnífico conversador e contador de histórias que era. Tenho a certeza de que vai fazer muita falta.
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