Eu tinha vivido esses anos de "O Independente". Recordava-me do jornalismo diferente, ousado e moderno que "O Independente" inaugurara, em que se incluia uma imensidão de patifarias que o jornal fizera a muita gente, em especial durante os governos de Cavaco Silva, prolongando-se depois no consulado de Guterres. Eu próprio tinha sido alvo pessoal de uma delas. Dito isto, não deixava de reconhecer que o jornal marcara, de facto, um tempo importante na história do nosso jornalismo, pelo que achei muito interessante, informativo e instrutivo o livro que aqueles dois excelentes jornalistas sobre ele tinham escrito. Ainda às vezes consulto o livro.
Foi assim com grande curiosidade que avancei para este "Só neste país", que Filipe Santos Costa e Liliana Valente agora assinam. E não me arrependi. O livro é um magnífico repositório das imensas bizarrias que atravessaram a classe política, e não só, desta pátria que em boa hora nos calhou em rifa. Mesmo para quem, como eu, tem a pretensão de estar bastante atento ao quotidiano político, constatei que havia algumas coisas de que afinal não tinha conhecimento e, sobre outras, vi-me obrigado a rever o que julgava saber. Muito bem escrito, divertido e rigoroso, é um "album de glórias" de imensos momentos quase sempre menos gloriosos da nossa vida pública, que revelam bem como fomos e como somos, nada indicando de que assim deixaremos de ser no futuro.
O "Só neste país" pode ser uma bela prenda de Natal.
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