Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma extraordinária vocação para a cooperação com África, área em que eu então trabalhava. Tivemos várias reuniões. As suas ideias e o seu entusiasmo pareciam inesgotáveis. Às vezes, era impaciente, incapaz de conviver com o ritmo modorrento da decisão oficial. Discutíamos sempre com grande cordialidade e daí nasceu uma muito boa relação entre nós. Voltámos a cruzar-nos, por outras razões, quando era o braço direito do Cardeal Patriarca, dom José Policarpo. As últimas vezes que o encontrei confirmavam, à evidência, a doença que o afetava. Mas teimava em falar só do futuro. Há duas semanas, no Grémio Literário, esteve no lançamento de um livro que ali apresentei. Fiz-lhe uma especial saudação, nas palavras que proferi. Posso agora confessar que tive o pressentimento de que aquele era o seu último sorriso que eu veria.
Morreu hoje o padre Agostinho Jardim Gonçalves, aos 92 anos.
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