Há meio século, em 26 de novembro de 1974, teve lugar em Argel a assinatura do acordo entre o governo português e o Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), que abriria caminho para a independência daquele território em 12 de julho de 1975. Ontem, numa concorrida sessão na Universidade Lusófona, esse acordo foi evocado, numa oportuna iniciativa do embaixador santomense em Portugal.
Tive o gosto de, a seu pedido, fazer a primeira das cinco intervenções, que também ecoaram memórias da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe e da Argélia.
Procurei, no que disse, olhar o tema a partir da perspetiva de Lisboa, dando nota das tensões criadas no seio do novo poder político, no tocante ao tema da descolonização, que teve consequências, desde logo, na linguagem equívoca que sobre o assunto emergiu no Programa do MFA. Relatei a relutante mudança de atitude de Spínola até à assinatura da lei 7/74, elaborando sobre as diferenças face aos processos de independência das restantes colónias. Falei também um pouco sobre a realidade específica de São Tomé e Príncipe, fazendo uma leitura da evolução da atitude do governador Pires Veloso, em face da agitação local, desde as movimentações dos colonos portugueses à progressiva implantação do MLSTP, passando pelo radicalismo da Associação Cívica - tema que constatei permanecer polémico, pelo teor de algumas intervenções na sessão.
Já na fase de debate, vir surgir na assistência alguém que, quase meio século depois, reconheci. Tratava-se de Maria da Graça Amorim, antiga ministra dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, que foi a primeira embaixadora santomense em Lisboa. Em 1975, eu tinha tido com ela várias reuniões, pelas funções que então tinha no Gabinete Coordenador para a Cooperação, que aliás me levariam a São Tomé no ano seguinte, para resolver algumas questões pendentes. Eu e Maria da Graça ficámos ontem à conversa um bom bocado sobre esses velhos tempos. O mundo é muito pequeno.
Sem comentários:
Enviar um comentário