sexta-feira, setembro 13, 2024

A boca do senhor ministro


Estou certo que o senhor presidente da República, o senhor primeiro-ministro e o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros terão, neste momento, a consciência muito clara do caráter profundamente inconveniente das palavras que hoje foram proferidas pelo senhor ministro da Defesa, pessoa que, pelos vistos, não entende que uma coisa é ser membro do governo português e outra é ser eventual associado do grupo dos amigos de Olivença. 

Ou então, como já antes aconteceu, ele virá a terreiro dizer que falou "a título pessoal", embora tenha sido filmado a dizer o que disse num enquadramento de tropas e não num banho estival nas águas do Caia. 

Às palavras do dr. Nuno Melo faltou um mínimo de sentido de Estado e de respeito pelos delicados equilíbrios da nossa política externa, que o Estado português, através da sua diplomacia, demorou muito tempo a estabilizar e não podem ficar à mercê de impulsos patrioteiros, populistas e, também por isso, irresponsáveis.

(Em tempo: entretanto, o senhor ministro, como já se estava à espera, à luz de comportamentos anteriores, já veio dizer, depois de devidamente "apertado" por que tem responsabilidades e sentido das mesmas, que falou "como presidente do CDS, embora num contexto equívoco, porque presente numa cerimónia como ministro". Escrever "num contexto equívoco" é extraordinário! E, não fosse alguém suspeitar do contrário, logo acrescentou: "Como é óbvio, essa opinião não vincula o Governo". Também era só o que faltava! Da próxima vez, aposto que o dr. Nuno Melo, contra quem nada me move no plano pessoal mas tudo me move por via destas infantilidades em terreno sério dos interesses nacionais, ainda vai acabar por dizer que falou em nome do Sporting de Braga... Na verdade, o único "contexto equívoco" em tudo isto é aquele que permite que o dr. Nuno Melo continue ministro, depois de uma gafe destas.)

6 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

O problema de gente "piquena" que se imagina com uma grandeza que não tem. O problema duplica-se quando têm cargos de alta responsabilidade.

manuel campos disse...

Lido por aí num jornal espanhol, a propósito desta situação:
"Já ninguém nos tem respeito, qualquer dia ainda somos invadidos por Andorra".

aguerreiro disse...

Não me parece que tenha havido inconveniência maior que a posição dos governos do país vizinho (todos desde Franco) em relação a Gibraltar.
Mas como diria um vizinho meu: - "A carne mais barata em qualquer talho é a carne da gorja"

Anónimo disse...

E ainda querem que vamos votar neles...

Unknown disse...

Não percebo a grande gravidade mas deve ser ignorância minha.

afcm disse...

O homem tem um ego perigoso.

"Quem quer regueifas?"

Sou de um tempo em que, à beira da estrada antiga entre o Porto e Vila Real, havia umas senhoras a vender regueifas. Aquele pão também era p...