sábado, setembro 28, 2024

O fracasso de Biden


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10 comentários:

manuel campos disse...

Não vejo aqui comentários e não será por acaso, o que diz bem da “delicadeza mediática” do tema, dado que os proporcionava com facilidade.
Nunca escrevo muito sobre estes assuntos porque não vejo o mundo a preto e branco e nem pensar em vê-lo pela cabeça deste ou daquele “especialista instantâneo” (*), há que o ver pela cabeça de muitos "estes e aqueles", espalhados pelos jornais e revistas do mundo inteiro e pelos livros que lemos, estamos a ler e iremos ler porque já estão ali na(s) pilha(s) ou ainda nas livrarias senão mesmo no prelo.
Noticiários e mesas-redondas televisivas, “s’abstenir” totalmente (zero absoluto).

Portanto optei muito cedo por vir aqui contar umas histórias, a que uns acharão graça e outros nem por isso, a que uns darão atenção porque talvez os distraiam da seriedade pouco útil que tomou conta de tanta gente e outros nem perceberão como é que são aprovados textos que só vêm distrair quem está tão preocupado e ocupado em salvar o mundo que nem come nem dorme.
O facto é que hoje não fui buscar almoço nenhum (ele veio cá ter) nem vou saír de casa, tenho assim mais um tempinho que vou ocupar, não a incomodar quem se possa incomodar, mas a continuar a ler o Tim Marshall, enquanto vou ouvindo os CD da caixa “Frank Sinatra – The 1953-1962 Abums” (todos os que gravou para a Capitol).

Nesta altura, pergunta-se (e bem): a que propósito esta conversa toda?
Pois vem a propósito de ter acabado de ouvir aqui a análise mais lúcida ao que foram os últimos 16 anos (com enfase nos últimos 4) do que foi a política externa americana, é um exercício de imparcialidade e conhecimento raríssimo nestes tempos em que só se diz o que se imagina que vai agradar à maioria para não ter chatices (e muitos para ganhar a vida, se pensam aquilo ou não é outra coisa).
E é raríssimo porque vai contra as ideias feitas e apreendidas acriticamente por um grande número de pessoas que esperam que os outros estudem e pensem por elas.
É importante que se comece a “acordar” para visões realistas do mundo, lá venho eu com os filhos acima dos 50 anos e os netos acima dos 20 anos, mas é que algumas gerações que nos seguem também pensam pelas cabeças deles e, claro, vão provavelmente (e felizmente) ficar aí muitos mais anos que eu.

(*) O “especialista instantâneo em…” foi uma colecção bem divertida publicada em 1996 pela Gradiva/Público, os livros têm 80 páginas, tendo sido editados originalmente pela “The bluffer’s guides”.
(**) Tendo acabado às duas da manhã outro livro do Haruki Murakami, voltei a pegar no “Prisioneiros da Geografia” de Tim Marshall, um livro com muita informação e sem “palha” quase nenhuma, pelo que convém “ir lendo” e não ler tudo de seguida, aliás está concebido de modo a que esse tipo de leitura seja o indicado.
Tem lá, no capítulo dedicado à Europa Ocidental um parágrafo que não resisto a transcrever:
“O que, hoje, é a União Europeia, foi concebido de forma que a França e a Alemanha pudessem abraçar-se tão estreitamente que nenhuma delas tivesse um braço livre para bater na outra (o livro é de 2015 mas a "geografia" de que fala já lá estava há há muito tempo, como se imagina).

Carlos Antunes disse...

Não sei se o mandato de Joe Biden pode simplesmente ser considerado um fracasso. Julgo que depende do ponto de vista de quem o analisa e dos critérios utilizados.

Se do ponto de vista da economia (inflação elevada com o aumento dos preços, especialmente de bens essenciais como alimentos e combustíveis), imigração (controlo da imigração ineficaz), certos aspectos da política externa como a desordenada e caótica retirada das tropas do Afeganistão de que resultou uma degradação da imagem dos EUA no cenário internacional, sem dúvida que o mandato de Biden pode ser considerado um fracasso que, aliás, se reflecte na insatisfação de muitos sectores da sociedade americana com a sua liderança.

Contudo, nem tudo foi negativo no seu mandato. Basta lembrar o combate à pandemia do Covid-19 (depois da trágica herança deixada por Trump), o pacote no domínio das infraestruturas, os acordos climáticos (regresso ao Acordo de Paris e políticas incentivadoras para a transição de energias limpas), e na política externa o apoio à Ucrânia, em aliança com os parceiros da NATO e dos países do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, na guerra contra a Rússia.

Quanto a Israel, é verdade que Biden não cedeu à chantagem de Israel (tal como sempre sucedeu com os anteriores presidentes democratas, Carter, Clinton, Obama), mas tenho dúvidas de quem será um futuro Presidente democrata (de um republicano é melhor nem pensar) que vai deixar de ceder essa chantagem, tendo em conta a influência da “comunidade judaica-americana” na sociedade e política americanas e da preponderância destes na política externa dos EUA face a Israel!

manuel campos disse...

O livro de Tim Hall acima citado é de 2015, fala de “geografias” que já têm uns aninhos por esse planeta inteiro (10 capítulos, cada um dedicado à sua área do planeta), mas a edição da “Desassossego” de 2017 e agora esta edição de bolso - mas com tamanho de letra “na fronteira”, de Setembro de 2024 - foram entretanto revistas pontualmente à luz do que foi acontecendo.
Sobre o “Médio Oriente” começa por dizer que “Os europeus traçaram linhas a tinta em mapas: linhas que não existiam na realidade e que criaram algumas das fronteiras mais artificiais que o mundo já viu. Agora, está ser feita uma tentativa de as redesenhar a sangue”.
Aconselho como livro de consulta para estes tempo, ajuda a perceber bastantes situações e não acreditar em tudo que nos impingem, na FNAC do Chiado está (ou estava há 2 semanas) num escaparate ao lado do escaparate onde está o “Antes que me esqueça”, não tem nada que saber.

marsupilami disse...

O negacionismo climático e a completa sabujice aos principais jogadores dos combustíveis fósseis com a saīda do acordo de Paris etc... foi uma das marcas do Trampas, talvez aquela com maior significado geopolítico...

Anónimo disse...

Também partilho da ideia de que tanto Obama como Biden (este foi Vice-presidente daquele) foram uma desgraça para o mundo. Admito que internamente tenham feito melhor, mas isso não nos toca.

A ideia, expressa num dos comentários, de que Biden não cedeu às chantagens de Israel é, no mínimo, fantasiosa.

No passado dia 26 deste mês, no âmbito do programa “em apoio do esforço militar contínuo de Israel”, Biden anunciou um novo pacote de ajuda no valor de 8,7 mil milhões de dólares. Segundo comunicado do Ministério da Defesa, destinavam-se a:
• 3,5 mil milhões de dólares para a compra de materiais e equipamentos de guerra;
• 5,2 mil milhões de dólares destinados a sistemas de defesa antiaérea, incluindo a Cúpula de Ferro.

Ou seja, o avanço para o Líbano foi previamente acautelado por Israel, com a administração americana a assegurar os meios materiais, tal como os assegura no “abaixamento” da Palestina.
Conclusão, não é necessário chantagem tal a consonância de interesses entre as administrações dos dois Estados.

Quanto à U.E., na verdade, perdidos os grandes líderes europeus, a política da U.E. foi-se corrompendo, perdeu voz, os líderes europeus, da U.E. e dos países ( exemplo: Macron, Scholtz) são meros peões dos EUA, que os usam como instrumento da sua política externa.

Grave é que nada disto irá melhorar. Pelo que se sabe, as novas lideranças da U.E. não só insistirão nas mesmas políticas, como tenderão a “copiar” medidas da extrema-direita, o que terá como resultado final a entrega do poder a essa mesma extrema-direita.
J. Carvalho

Lúcio Ferro disse...

Biden foi possivelmente e está a ser o pior presidente da nação mais poderosa do mundo de que há memória desde Monroe, o da famosa doutrina. Biden é um tolinho perigoso. Votou a favor da segunda intervenção no Iraque, quanda era apenas um parvo. Lá se alcandarou a vice do outro. E, já tolinho, serviu primeiro os interesses da Big Pharma, numa fantástica experiência de controlo social, de inoculações de vacinas feitas a martelo, com lucros fantásticos e a Ucrânia do filho Hunter no canto do olho. Dizia que era contra "fracking" mas mal se viu eleito vá de vender gás fracking aos europeus. Representa o pior que existe num líder. Insulta os outros, tratou Putin por "butcher", falou em "shock and awe", e depois foi expulso da Presidência sem o ter sido de facto. Até a doutora Jill teve de engolir Houve um tempo em que os presidentes norte-americanos, penso em Roosevelt e em Eisenhower, não eram marionetas. Teria piedade de Biden, não fosse ele e os malucos que o rodeiam, como Blinken e Sulivan, serem tão perigosos.

manuel campos disse...

Acabei as cento e trinta páginas que me faltavam do “Prisioneiros da Geografia”, a última parte é introduzida com uma frase de Vilhjalmur Stefansson (1879 –1962), explorador do Árctico e etnólogo canadiano.
A frase é:
“Existem dois tipos de problemas no Árctico, os imaginários e os reais.
Dos dois os imaginários são os mais reais”.
Isto terá sido dito há uns 100 anos.
E depois de ler essa última parte confirmei que o senhor estava a ver bem longe, muitas surpresas e de vários tipos (para nós, não para os que já se andam a mexer) poderão vir dali, tem-se dado pouca atenção às “movimentações” por lá.

Outra frase que fixei a abrir o capítulo respectivo: “A Índia e o Paquistão concordam numa coisa: nenhum deles quer o outro por perto”.

Antes de acabar o livro pus-me a ver um DVD que nunca tinha visto, a satisfazer finalmente uma curiosidade minha que, por pior que corresse, seria melhor que as alternativas televisivas todas da noite, o filme “Na pista da Pantera Cor de Rosa” (1982), hoje não estava virado para filmes muito intelectuais.
Tenho todos os DVD da série (são seis com este) e ainda o “The Party” (“A Festa”), onde Peter Sellers faz o papel de um actor indiano desajeitado em Hollywood, um filme que revi há tempos para constatar o que imaginava, hoje em dia ninguém aceitaria fazer, pagar e até interpretar aquela história, caía-lhe tudo em cima (à época até na própria Índia teve êxito, mas agora “Tudo é Tabu” (como escreve Pedro Correia).
Este “Na pista de …”, em que os críticos nacionais encontraram sempre uma ideia brilhante de “ressurreição do personagem” mas os internacionais nem por isso, é uma jogada inteligente do realizador Blake Edwards.
Como o actor Peter Sellers morreu durante a rodagem do filme, toca de inventar uma jornalista que procura saber factos da vida dele junto de quem o conheceu, o que faz que os primeiros 40 minutos sejam o filme que estava previsto no guião original, os restantes 50 minutos são “enchidos”, com as entrevistas sem qualquer interesse da tal jornalista a personagens dos anteriores e um montão de cenas dos outros cinco filmes ali metidas à força (estou esclarecido, mas agora posso dizer que os vi todos, o que de muito pouco me serve).
Mas não se perdeu tudo assim, aquilo ainda teve um lucro razoável para os custos, que terão sido menores ao usar as imagens repetidas.
Jogada éticamente discutível mas compreensível, por lá as bilheteiras é que mandam, que não há subsídios para toda a gente.

Joaquim de Freitas disse...

Kucio Ferro disse: "Representa o pior que existe num líder. " (Biden)

Quando se chega a este nível, o pior não está longe. Mas que esperar, duma potência que foi capaz de “montar” a grande aldrabice das AMD de Saddam, para apanhar o petróleo do Iraque, destruindo um pais e provocando centenas de milhares de mortes!

O general Colin Powel teve muita dificuldade a fazer engolir isso aos delegados do mundo inteiro na ONU. E morreu com remorsos de ter justificado assim a invasão do Iraque…

Que foi capaz de “montar” a enorme farsa das incubadoras da maternidade do Kuwait, que teriam sido roubadas pelos soldados de Saddam, e os bebés enterrados. Utilizando a inocência duma menina, filha do embaixador do Kuwait, no exílio, que teria visto tudo!

O que aparece cada dia mais assustador, é a capacidade de fazer mal, de fazer sofrer os povos, como vemos todos os dias em Gaza e agora no Líbano, pelos dois cúmplices do “eixo do mal” que são os EUA e Israel. Quando se assassinam crianças com tanta facilidade, é a banalização do mal, que faz mal.

Carlos Antunes disse...

J. Carvalho
No meu comentário “é verdade que Biden não cedeu à chantagem de Israel (tal como sempre sucedeu com os anteriores presidentes democratas, Carter, Clinton, Obama)”, é obvio que o “não” está a mais, como se percebe aliás pelo contexto da afirmação.
Biden cedeu à chantagem de Israel, tal como sucedeu com os anteriores presidentes democratas citados. Foi o que sempre quis dizer.
Um lapso imperdoável!

Joaquim de Freitas disse...

Desculpe Senhor Lucio Ferro, o "K" mal que devia ser um "L".

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