segunda-feira, setembro 02, 2024

Rússia

A Rússia apostou, por muito tempo, no cenário de uma possível cessação provisória de hostilidades, congelamento das posições no terreno e discussão política do futuro, mas tendo como uma "realidade" o território ucraniano efetivamente ocupado. A surpreendente tomada de território russo pela Ucrânia muda por completo os termos da discussão: um congelamento de posições passou a ser-lhe desfavorável, porque implicaria ter de aceitar, mesmo que provisoriamente mas por tempo indeterminado, que a Ucrânia passasse a ocupar parte da Rússia. Nesse cenário de pausa negocial, a Rússia teria de admitir que a Ucrânia se mantivesse no seu território como entidade ocupante, sem reação militar de Moscovo. Essa é a razão pela qual a Rússia mudou de posição e diz que assim não aceita negociar. 

1 comentário:

Lúcio Ferro disse...

Mais lhe digo: os outros estão lá, numa florestazeca, e no saco apresentam uma vilória que nem cinco mil habitantes tinha, rebentaram com o melhor equipamento que tinham à disposição e que tão cedo não vai ser substituído, e não saem de lá porque não podem (o controlo dos céus e tal). É uma chatice, certo que eles foram para o meio da floresta, estão mais camuflados, mas para sair é que são outros quinhentos, literalmente. Enquanto isso, adeus Donbass, uma "incursão" russa a sul, rede energética destruída, default, demissões, gente a fugir, outros a largar fogo às viauturas dos recrutadores, enfim, já viu o jeito que deu e dá a Moscovo ter agora o Sul Global e todos os outros, que andavam a fazer pressão para a Paz (antes da "conquista de Kursk"), a realmente entenderem o que está em causa? O que está em causa, como diria Orwell, é que o Ocidente é falso e pretende a guerra permanente, neste espécie de Oceânia Moderna. Claro que isso tem consequências. Uma que porventura não lhe passará pela cabeça é a seguinte: Depois de Minsk 1 e Minsk 2, depois de Istambul 1, depois de toda a escalada que o Ocidente levou a cabo (e continua, basta ouvir o louco do Borrel) os Russos querem negociar? Isso é que era bom. Negociar com quem, com o palhaço? Ou há uma mudança nos EUA (algo de muito discutível ainda que com Trump) ou isto tem os ingredientes todos para continuar a escalar. Ponha-se nos sapatos dos gajos. O Senhor padece de todos os erros dos "analistas" ocidentais: não percebem a psique do outro lado. Era tudo favas contadas. Agora, é o que é, quem vai ditar os termos não vai ser nem a Europa, nem os EUA, no-no, big no-no.

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