O Holocausto, nome por que passou a ser designado o genocídio praticado há cerca de 80 anos por um governo de extrema-direita alemã, que vitimou milhões de judeus alemães e de países ocupados, foi um crime praticado pela Alemanha e por alemães. A comunidade internacional, que solidariamente tem partilhado emocionalmente, ao longo de décadas, um persistente sentimento de horror por aquela barbárie, não pode, contudo, partilhar a menor responsabilidade por aquele massacre. Repito: o Holocausto foi e continua a ser exclusivamente um problema da memória alemã. Qualquer tentativa para fazer esquecer isto é uma falsificação da História. Quando se fala de Israel, não podemos de deixar de ter isto sempre presente.
6 comentários:
O nosso problema é que "o exclusivo problema da memória alemã” gerou metástases que contaminaram toda a memória (líderes) europeia.
O Senhor Embaixador faz muito bem de confirmar, implicitamente, que os palestinianos não têm nenhuma responsabilidade no drama do Holocausto.
Durante anos, os israelitas apresentaram-se como o Povo Escolhido, falaram do Holocausto depois do qual tudo é permitido, dos árabes que os querem lançar ao mar, do direito à terra por causa das histórias bíblicas, das FDI como o exército mais moral do mundo, de David contra Golias, dos árabes israelenses como quinta coluna, de todo o mundo que é contra eles e qualquer um que os critique é um anti-semita.
O que se esperava que resultaria de tudo isso?
O extermínio metódico do povo palestiniano, no qual o exército israelita tem trabalhado com sucesso durante quatro meses, não vem do céu e não seria possível se a sociedade israelita não o aprovasse activamente e mesmo com entusiasmo.
O Holocausto foi organizado e perpetrado por alemães, é certo, mas teve o apoio e a conivência de não poucos outros europeus.
Os guardas do campo de extermínio de Treblinka eram ucranianos.
A maior parte dos holandeses olharam com muita satisfação quando os seus judeus foram levados embora.
Os franceses também não ficaram nada insatisfeitos.
Muitos polacos colaboraram ativamente (embora alguns outros tenham feito exatamente o oposto).
Acho bem que se lance as culpas para cima dos alemães, mas não se deve esquecer a satisfação generalizada com que muitos outros povos observaram e, na medida do possível, ajudaram.
Naqueles anos de chumbo, alguns sabiam (fora da Alemanha, claro...) do que se estava a passar nos campos de concentração: gente presa, sem culpa formada, escurralada entre arame farpado donde só se saía pelas chaminés...
Agora, aos olhos de todo o mundo, aos nossos olhos, no conforto dos nossos sofás, sabe-se que um povo está preso, sem culpa formada, encurralado entre arame farpado e muros de betão, onde está a ser metodicamente morto e reduzido a animais sub-humanos...
E, agora, repito, todos sabemos...
MB
Vivi em França ( Limoges ) o tempo suficiente para ter ouvido várias e dolorosas estórias de colaboracionismo pró activo com o ocupante alemão. Conheci vários empresários de sucesso que tiveram por chave do seu "mérito" o desplante de deitar mão a negócios e propriedade de judeus por si mesmo denunciados. Sou amigo pessoal de um gajo de ascendência judia que ainda hoje labuta para reaver o património usurpado à familia. A participação dos notários ( e os oportunos incêndios dos registos prediais no pós guerra ) na purga dos judeus franceses é pagina da história que envergonha os gauleses de bem.
Responsabilidade alemã ? Sim, sem dúvida. Mas tiveram ajudas muito
voluntariosas !
MR
MB
alguns sabiam (fora da Alemanha, claro...) do que se estava a passar nos campos de concentração: gente presa, sem culpa formada, escurralada entre arame farpado donde só se saía pelas chaminés
Quando visitei o campo de extermínio de Majdanek, aquilo que me chocou sobremaneira foi a sua proximidade da grande cidade polaca de Lublin. Da estação de caminho de ferro, no centro da cidade, ao campo são uns escassos três quilómetros. Basta passar uma colina. O cheiro a carne assada humana chegaria, sem dúvida, ocasionalmente à cidade. Os comboios cheios de judeus paravam todos na estação central da cidade. Qualquer habitante de Lublin não poderia ignorar que ali estavam a transformar homens em cinzas.
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