domingo, março 08, 2020

Responsabilidade

É uma obrigação de cada cidadão português responsável não apenas respeitar, mas igualmente apoiar e propagar de forma empenhada as restrições que a atual situação sanitária justifica, nomeadamente em matéria de visitas a unidades públicas e observância de regimes de quarentena.

4 comentários:

António disse...

Sim, mas as linhas de apoio têm de funcionar. O Covid-19 nos estágios iniciais e na maioria dos casos confunde-se facilmente com uma ligeira gripe, e eu não vou às urgências por isso. Mas se a situação clínica se deteriorar não me posso dar ao luxo de ficar pendurado numa linha de call-center a ouvir música. Portanto essa primeira linha é muitíssimo importante, não pode mesmo falhar.
A informação também não pode falhar. Um farmacêutico comentava que a gripe mata muito mais, quando os números actualizados da OMS indicam uma taxa de mortalidade de 0,1% para a gripe sazonal, e 3,4% para o Covid-19. É um valor 34 vezes maior, para um vírus que se transmite com mais rapidez - o R0 é de 1 para a gripe e de 2,4 para o Covid-19.
As pessoas têm um papel crucial para interromper a cadeia de transmissão, sim, mas infelizmente creio que já se fechou a janela temporal da contenção. Agora trata-se de mitigar os danos, e não vejo muita vontade política de tomar medidas impopulares, como cancelar desde já eventos, fechar escolas, e mesmo limitar movimentos desnecessários de pessoas - o turismo em particular, é um vector de propagação, mas como é uma das maiores fontes de receita do país ninguém quer travá-lo.
Começámos a semana com 2 casos e terminámos com 19. Se a progressão se mantiver, no final da próxima semana teremos para cima duma centena de casos. E pânico. E aí vão ser necessárias medidas concretas, não é só apelar à calma.

Luís Lavoura disse...

O Francisco comece por dar ele mesmo o exemplo, cancelando todas as viagens ao estrangeiro que eventualmente tenha previstas.
É que, se o vírus chegou a Portugal, e cada vez chega mais, isso é devido principalmente às viagens do estrangeiro.
(Ainda hoje de manhã eu estava no jardim público sentado, e no banco ao lado um casal da classe média-baixa. Às tantas passa por cima de nós um avião da TAP a aterrar, e a mulher diz "vem trazer vírus para cá". As pessoas não são burras, e já perceberam que, se o país vai ficar todo parado, isso é devido ao movimento internacional que não para.)

Luís Lavoura disse...

Um farmacêutico comentava que a gripe mata muito mais

Em termos absolutos sim, porque muito mais gente contrai a gripe.

Mas em termos relativos não, a mortalidade por número de infetados é muitíssimo menor com a gripe.

António disse...

Lavoura, a OMS admite que a mortalidade final seja cerca de 1%. A mortalidade actual, baseada no rácio infectados Vs mortes é de 3,4%. Se for essa são 272 000 000 de mortos para uma população de 8 biliões. Se for 1%, o melhor cenário, são 80 000 000 de mortos - no melhor cenário. A gripe sazonal causa 650 000 mortes por ano, com 3 000 000 a 5 000 000 de casos severos por ano.
Muito mais gente contrai a gripe? Esperemos que sim. Não faça é a asneira do farmacêutico, isto, claramente, não tem comparação com a gripe, nem é para ser tomado de ânimo leve. Desde o meu primeiro comentário de hoje o número oficial subiu de 19 para 35 casos. É preciso termos quantos casos para fazer o que a China e Itália estão a fazer? Somos 10 000 000, portanto, entre 100 000 e 340 000 mortos em potência. Isto não é a gripe.

O concerto da Júlia

Foi assim, depois do almoço de hoje. A pianista, com menos de 10 anos, chama-se Júlia.