Concordo plenamente. É lamentável, sim senhor. Mas não é caso novo. A perspectiva é que muda consoante... -Greve de profissionais de saúde nesta fase. Não é admissível. -Greve de bombeiros em tempo de incêndios. Não é admissível. -Greve da proteção civil em tempo de inundações. Não é admissível. Mas, -Greve de transportes em época de natal, páscoa, fim de ano, etc. São direitos dos trabalhadores. -Greve dos professores em tempo de exames. São direitos dos trabalhadores. -Greve dos "etc" em grave constrangimento da população. São direitos dos trabalhadores.
Assim, enquanto este nosso Portugal for apenas um País de Direitos, a Liberdade dos que apenas têm Deveres estará sempre em causa.
Caro anónimo das 15:37, As greves são disruptivas, se não o fossem não seriam eficazes. O que não podem é pôr em causa direitos mais fundamentais que o direito à greve, como o direito à saúde e até à vida, ou o direito à segurança.
Mas podem criar-lhe chatices se quiser ir para o trabalho, ou se o seu filho tiver que fazer um exame. Podem até impedi-lo de encher o depósito, imagine...
Chama-se a isto princípio da proporcionalidade, já ouviu falar? Existe em todas as democracias. O direito ao protesto, incluindo laboral, pode causar incómodos a outros cidadãos.
Como lhe disse, se não causasse, nunca os movimentos laboral, ou das mulheres, ou dos negros, ou das pessoas LGBT teriam conseguido o que quer que fosse com protesto pacífico. E a alternativa ao protesto pacífico é naturalmente a luta armada...
Penso que é preferível apesar de tudo permitir que o protesto pacífico tenha a capacidade de ser eficaz...
Quanto aos Direitos e Deveres, percebo que quem não recorre aos Direitos que tem pense que apenas tem Deveres e que os outros usufruem apenas de Direitos. Não é do escravo falar de Liberdade, dizia Rousseau, creio...
As greves são disruptivas, se não o fossem não seriam eficazes.
Sem dúvida. O problema é saber quem é que elas prejudicam. As greves deveriam prejudicar a empresa na qual são feitas e, sobretudo, o seu patrão - não prejudicar o público e os consumidores em geral.
Numa economia capitalista ideal há, em cada setor, diversas empresas em competição e, se greve é feita numa delas, essa empresa e o seu patrão saem prejudicados, mas os consumidores em geral não são prejudicados, porque passam simplesmente a consumir produtos das outras empresas do mesmo setor.
O problema é quando se vive com setores económicos socialistas, como na saúde ou nos transportes. Aí, as greves são feitas para prejudicar os consumidores, e não prejudicam o patronato. E isso não é nada bonito.
Curiosamente, o que acontece é que, atualmente, há muito mais greves em setores económicos socialistas do que em setores económicos de capitalismo puro...
Caro Jaime Santos. Longe de mim pretender entrar em debate consigo. Respeito o seu ponto de vista, mas não concordo totalmente consigo. O que está em causa não é o direito à greve. Mesmo esta. O princípio da proporcionalidade não está em causa, nem mesmo o direito à indignação. Para mim, trata-se de uma questão de educação cívica. Este fundamental Civismo que, em algumas sociedades, ditas mais avançadas, permitiram melhores condições e níveis de bem estar social, também através de greves, mas sem recurso sistemático a actos de disrupção. É o meu ponto de vista. Sempre que consigo, tento pautar as minhas acções pelo princípio de que, a minha liberdade não deve condicionar a liberdade de outro. E permita-me confortá-lo dizendo que não prescindo dos meus Direitos, nomeadamente o de Voto. Mas não me vejo é numa sociedade em que Direitos e Deveres não estejam em equilíbrio. Um abraço PM
É o tipo de atitudes que levam gente, gente até moderada, a suspirar por regimes onde estas coisas não são permitidas. As greves no sector da saúde são sempre disruptivas. Nesta fase de pré-emergência nacional é o equivalente a um fabricante de armas entrar em greve no meio duma guerra. Tiro o chapéu à calamitosa estupidez de todos os envolvidos.
As economias capitalistas ideais são uma coisa que não existe. Quer dar-me o exemplo de Singapura, é? Não me faça rir.
Nos regimes ditos de laisser-faire, o laisser-faire resume-se ao dos patrões, porque o Estado é um instrumento de repressão dos direitos laborais. Aliás, só há greves nos setores económicos detidos pelo Estado entre nós porque este respeita minimamente esses direitos. O setor privado faz o que pode para reprimir o sindicalismo no seu seio, nomeadamente através do recurso aos contratos precários...
Não me venha pois com essa conversa das economias capitalistas ideais... Não apenas a relação laboral é desigual, como todas as tentativas de aumentar a força de negociação do lado mais fraco, o do trabalho, encontram toda a resistência possível. Como dizia Disraeli, um governo conservador é uma hipocrisia organizada.
Caro PM ou lá quem for,
Agora que explicou o seu ponto de vista em termos bastante mais suaves, quase que posso concordar consigo, pelo que não há necessidade de debate (que já sei que não deseja, embora não entenda então porque se dignou a responder).
Mas lembro-lhe duas coisas. Se o voto é o instrumento mais importante em Democracia, não é o único, até porque os Partidos ligados ao movimento laboral têm estado a mais das vezes na Oposição. Sei naturalmente que sabe isto, como é óbvio.
Em segundo lugar, o conflito laboral é bem vivo e ativo nas Economias ditas avançadas. Quando estive na Dinamarca da última vez, em Abril de 2018, estive prestes a ficar lá porque o Estado quase que decretou um lock-out geral em face do conflito que tinha com os sindicatos, o que englobaria o sector dos transportes, incluindo os aeroportos.
Uma chatice monumental e sabe o que fiz? Nada, porque nada podia fazer...
Contaram-me que não era a primeira vez que isso acontecia e se dessa vez tudo se resolveu, aparentemente antes não foi bem assim.
A não ser que, claro, considere que a Dinamarca não é uma Economia avançada. Mas sugiro-lhe que se informe.
Não lhe envio um abraço porque estamos em época de Covid-19 e depois não costumo prestar essas cortesias a quem não conheço (sobretudo em tom sarcástico), muito menos a quem nem sequer assina o que escreve, o que significa que não tem a coragem de que isso possa ter consequências...
Bom, sem mais argumentos e justificações mais rebuscadas, concordo que não é proporcional uma greve do pessoal da saúde no período que atravessamos. Não é comparável aos outros casos invocados. José Figueiredo Braga
Caro José Figueiredo, É esse justamente o ponto. Uma greve não pode colocar em causa direitos mais fundamentais do que o direito ao protesto.
Mais, diria mesmo que uma greve do sector público, como penso que estava prevista, nestas circunstâncias de incerteza, mesmo em sectores em que a actividade é reduzida ou nula é um péssimo exemplo que os sindicatos dão além de ser um grande tiro no pé para muitas pessoas cujos familiares poderão estar em dificuldades por causa desta crise.
Depois, muito naturalmente, o protesto involve a manifestação de rua e essa estará desaconselhada ou mesmo proibida.
Mário Nogueira hoje na SIC foi extremamente ponderado no que disse, a mostrar que os militantes do PCP em situações de crise são do mais institucional (e porque não dizê-lo, patriota) que há... E eu penso que sou insuspeito do que estou a dizer porque não sou propriamente um admirador do sistema que eles por seu turno admiram...
15 comentários:
E não lhes responder a uma coisa tão simples como marcar uma data para adesão de todos ao ACT chama-se miséria quê?
Muito bem Sr.Embaixador.
Os portugueses no geral são uns irresponsáveis!!!
O PM não pode continuar a ser um otimista irritante...
Todos os estabelecimentos de ensino público ou privado, têm de ser encerrados hoje.
Amanha é tarde.
Completamente de acordo! Uma maneira de ser forte com os fracos. Lamentável.
E porque não marcam uma data para adesão ao ACT?
Concordo plenamente. É lamentável, sim senhor. Mas não é caso novo. A perspectiva é que muda consoante...
-Greve de profissionais de saúde nesta fase. Não é admissível.
-Greve de bombeiros em tempo de incêndios. Não é admissível.
-Greve da proteção civil em tempo de inundações. Não é admissível.
Mas,
-Greve de transportes em época de natal, páscoa, fim de ano, etc. São direitos dos trabalhadores.
-Greve dos professores em tempo de exames. São direitos dos trabalhadores.
-Greve dos "etc" em grave constrangimento da população. São direitos dos trabalhadores.
Assim, enquanto este nosso Portugal for apenas um País de Direitos, a Liberdade dos que apenas têm Deveres estará sempre em causa.
Um abraço
São comentários como este (do anónimo das 12.38) que me deixam desanimado sobre o futuro da nossa sociedade.
Joaquim Barreiros
São comentários como os de joquim b. que têm permitido e justificado todas as chantagens e desigualdades do nosso atraso social.
Caro anónimo das 15:37, As greves são disruptivas, se não o fossem não seriam eficazes. O que não podem é pôr em causa direitos mais fundamentais que o direito à greve, como o direito à saúde e até à vida, ou o direito à segurança.
Mas podem criar-lhe chatices se quiser ir para o trabalho, ou se o seu filho tiver que fazer um exame. Podem até impedi-lo de encher o depósito, imagine...
Chama-se a isto princípio da proporcionalidade, já ouviu falar? Existe em todas as democracias. O direito ao protesto, incluindo laboral, pode causar incómodos a outros cidadãos.
Como lhe disse, se não causasse, nunca os movimentos laboral, ou das mulheres, ou dos negros, ou das pessoas LGBT teriam conseguido o que quer que fosse com protesto pacífico. E a alternativa ao protesto pacífico é naturalmente a luta armada...
Penso que é preferível apesar de tudo permitir que o protesto pacífico tenha a capacidade de ser eficaz...
Quanto aos Direitos e Deveres, percebo que quem não recorre aos Direitos que tem pense que apenas tem Deveres e que os outros usufruem apenas de Direitos. Não é do escravo falar de Liberdade, dizia Rousseau, creio...
Jaime Santos
As greves são disruptivas, se não o fossem não seriam eficazes.
Sem dúvida. O problema é saber quem é que elas prejudicam. As greves deveriam prejudicar a empresa na qual são feitas e, sobretudo, o seu patrão - não prejudicar o público e os consumidores em geral.
Numa economia capitalista ideal há, em cada setor, diversas empresas em competição e, se greve é feita numa delas, essa empresa e o seu patrão saem prejudicados, mas os consumidores em geral não são prejudicados, porque passam simplesmente a consumir produtos das outras empresas do mesmo setor.
O problema é quando se vive com setores económicos socialistas, como na saúde ou nos transportes. Aí, as greves são feitas para prejudicar os consumidores, e não prejudicam o patronato. E isso não é nada bonito.
Curiosamente, o que acontece é que, atualmente, há muito mais greves em setores económicos socialistas do que em setores económicos de capitalismo puro...
Caro Jaime Santos.
Longe de mim pretender entrar em debate consigo. Respeito o seu ponto de vista, mas não concordo totalmente consigo.
O que está em causa não é o direito à greve. Mesmo esta. O princípio da proporcionalidade não está em causa, nem mesmo o direito à indignação.
Para mim, trata-se de uma questão de educação cívica. Este fundamental Civismo que, em algumas sociedades, ditas mais avançadas, permitiram melhores condições e níveis de bem estar social, também através de greves, mas sem recurso sistemático a actos de disrupção. É o meu ponto de vista.
Sempre que consigo, tento pautar as minhas acções pelo princípio de que, a minha liberdade não deve condicionar a liberdade de outro. E permita-me confortá-lo dizendo que não prescindo dos meus Direitos, nomeadamente o de Voto. Mas não me vejo é numa sociedade em que Direitos e Deveres não estejam em equilíbrio.
Um abraço
PM
É o tipo de atitudes que levam gente, gente até moderada, a suspirar por regimes onde estas coisas não são permitidas. As greves no sector da saúde são sempre disruptivas. Nesta fase de pré-emergência nacional é o equivalente a um fabricante de armas entrar em greve no meio duma guerra. Tiro o chapéu à calamitosa estupidez de todos os envolvidos.
Um fabricante de armas entrar em greve no meio duma guerra, não tem problema nenhum.
Se forem vários melhor ainda.
Falamos de médicos, profissionais que supostamente salvam pessoas.
Luís Lavoura,
As economias capitalistas ideais são uma coisa que não existe. Quer dar-me o exemplo de Singapura, é? Não me faça rir.
Nos regimes ditos de laisser-faire, o laisser-faire resume-se ao dos patrões, porque o Estado é um instrumento de repressão dos direitos laborais. Aliás, só há greves nos setores económicos detidos pelo Estado entre nós porque este respeita minimamente esses direitos. O setor privado faz o que pode para reprimir o sindicalismo no seu seio, nomeadamente através do recurso aos contratos precários...
Não me venha pois com essa conversa das economias capitalistas ideais... Não apenas a relação laboral é desigual, como todas as tentativas de aumentar a força de negociação do lado mais fraco, o do trabalho, encontram toda a resistência possível. Como dizia Disraeli, um governo conservador é uma hipocrisia organizada.
Caro PM ou lá quem for,
Agora que explicou o seu ponto de vista em termos bastante mais suaves, quase que posso concordar consigo, pelo que não há necessidade de debate (que já sei que não deseja, embora não entenda então porque se dignou a responder).
Mas lembro-lhe duas coisas. Se o voto é o instrumento mais importante em Democracia, não é o único, até porque os Partidos ligados ao movimento laboral têm estado a mais das vezes na Oposição. Sei naturalmente que sabe isto, como é óbvio.
Em segundo lugar, o conflito laboral é bem vivo e ativo nas Economias ditas avançadas. Quando estive na Dinamarca da última vez, em Abril de 2018, estive prestes a ficar lá porque o Estado quase que decretou um lock-out geral em face do conflito que tinha com os sindicatos, o que englobaria o sector dos transportes, incluindo os aeroportos.
Uma chatice monumental e sabe o que fiz? Nada, porque nada podia fazer...
Contaram-me que não era a primeira vez que isso acontecia e se dessa vez tudo se resolveu, aparentemente antes não foi bem assim.
A não ser que, claro, considere que a Dinamarca não é uma Economia avançada. Mas sugiro-lhe que se informe.
Não lhe envio um abraço porque estamos em época de Covid-19 e depois não costumo prestar essas cortesias a quem não conheço (sobretudo em tom sarcástico), muito menos a quem nem sequer assina o que escreve, o que significa que não tem a coragem de que isso possa ter consequências...
Bom, sem mais argumentos e justificações mais rebuscadas, concordo que não é proporcional uma greve do pessoal da saúde no período que atravessamos. Não é comparável aos outros casos invocados.
José Figueiredo
Braga
Caro José Figueiredo, É esse justamente o ponto. Uma greve não pode colocar em causa direitos mais fundamentais do que o direito ao protesto.
Mais, diria mesmo que uma greve do sector público, como penso que estava prevista, nestas circunstâncias de incerteza, mesmo em sectores em que a actividade é reduzida ou nula é um péssimo exemplo que os sindicatos dão além de ser um grande tiro no pé para muitas pessoas cujos familiares poderão estar em dificuldades por causa desta crise.
Depois, muito naturalmente, o protesto involve a manifestação de rua e essa estará desaconselhada ou mesmo proibida.
Mário Nogueira hoje na SIC foi extremamente ponderado no que disse, a mostrar que os militantes do PCP em situações de crise são do mais institucional (e porque não dizê-lo, patriota) que há... E eu penso que sou insuspeito do que estou a dizer porque não sou propriamente um admirador do sistema que eles por seu turno admiram...
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