Hoje de manhã, durante uma reunião, alguém me disse, em voz baixa, referindo-se ao segundo lugar em que uma determinada instituição ficara, numa certa escala: “É uma espécie de Poulidor!”.
Ri-me e disse-lhe que aquela era, manifestamente, uma referência muito geracional: muito poucos jovens reagiriam perante aquele comentário, desconhecendo por completo a que se referia.
Raymond Poulidor foi um grande ciclista francês, vencedor de várias provas no seu país e no estrangeiro, mas que não só nunca conquistou o "Tour de France" como nem nele sequer chegou a vestir alguma vez a "camisola amarela", embora tenha ganho várias etapas. Era tido pelo “eterno segundo”: foi três vezes segundo classificado e cinco vezes terceiro na Volta à França.
Poulidor é hoje um ídolo para várias gerações francesas, que carinhosamente lhe chamam “Poupou”. É também uma figura por quem, desde sempre, nutro uma imensa simpatia, nesta minha incontrolável tendência para gostar dos gloriosos e dignos "losers". Tanto mais que eu não sigo o lema cínico dos obcecados com as glórias que sempre acham que, numa classificação, o segundo lugar é aquele que é mais parecido com o último...
(Do que a gente se lembra numa sala de espera de um consultório, com wifi e iPhone à mão!)
3 comentários:
Não é preciso ir a França. Em Portugal tivemos o Jorge Corvo o eterno segundo lugar.
Muito bem lembrado, Sr.Embaixador.
Foi um tempo de grandes ciclistas, Merkcy (o maior de sempre?), Gismondi, Ocana, Zootemelk (outro eterno segundo), Van Impe (rival de Agostinho) e as grandes, excelentes, reportagens do Carlos Miranda na Bola!
Temos também o Sporting, que rivais, governo, e, inacreditavelmente, os próprios adeptos, gostam de ver em terceiro lugar...
Porque temos que usar punhos de renda nos equipamentos, enquanto outros o dispensam.
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