quinta-feira, junho 27, 2019

Bruxelas


Numa esplanada de Bruxelas, com uma cerveja “trappiste” à ilharga para afugentar o calor, entre uma reunião e um jantar com as pessoas com quem, durante todo o dia, estive a trabalhar (e com quem, amanhã, de manhã bem cedo, continuarei em reunião...), ouvindo nas mesas ao lado uma Babel de línguas, dou comigo a pensar que continuo sem perceber esta cidade. 

Há dois dias, em Lisboa, um amigo que foi ministro por muitos anos, a quem disse que aqui vinha, comentou que não só não gostava nada de Bruxelas como nunca tinha percebido a sua geografia, sendo esta, no entanto, a cidade estrangeira que mais vezes tinha visitado - tal como, aliás, acontece comigo. 

Pelo contrário, eu creio conhecer relativamente bem as ruas desta terra, mas confesso que também nunca consegui estabelecer uma relação afetiva com ela, desde a primeira vez em que, há mais de meio século, por aqui aportei, numa viagem à boleia pela Europa. Vão em 16, pelas minhas contas, os hotéis diferentes em que dormi na capital belga, em algumas muitas dezenas de noites.

Dito isto, uma coisa deve colocar-se a crédito de Bruxelas: a qualidade dos seus restaurantes. É das boas cidades do mundo para se comer. Ontem, jantei magnificamente no “Le Petit Oignon”, com um senão: quando pedi pão e manteiga, enquanto fazia horas e lia uma revista, foi-me dito que, “pelas regras da casa”, só traziam esses complementos depois de fazer o pedido dos pratos. Porquê? Porque havia quem bebesse vinho, se “atulhasse” de pão, manteiga, azeitonas e paté, e, no final, decidisse que afinal já não estava com fome para um jantar completo. Nunca tinha ouvido coisa igual! Quando hoje contei isso a um amigo, a sua reação foi: “O que é que tu queres! São belgas!”. Não tenho esse preconceito, longe disso! E a verdade é que o meu amigo era francês...

5 comentários:

Anónimo disse...

Os belgas, na opinião dos franceses foram o ultimo povo criado por Deus, que quando viu a "obra" desistiu de fazer mais criações. Mas entre uns e outros venha o diabo e escolha.

Anónimo disse...

Caro Francisco,

Bruxelas é uma estupenda cidade para se viver. Casas muito boas, bairros bem organizados, onde há sempre uma farmácia, um supermercado e uma bomba de gasolina. Grandes e pequenos restaurantes. Belas livrarias. Uma da últimas lojas de CDs clássicos da Europa, excelente teatro de ópera, grande sala de concertos. E, no caso de querermos fugir, estamos a 1.20h de combóio do centro de Paris, a 1.50h do centro de Londres e a duas horas de carro de Amsterdam, sem esquecer Colónia, Aachen, etc.

No meu caso, tudo isto acabará dentro de 10 dias, mas outras alegrias virão.

Um abraço

JPGarcia

Anónimo disse...

Como o JPGarcia tem razão ! Só quem nunca viveu em Bruxelas pode pensar assim da capital da Bélgica . E conhecer os belgas “ certos “é conhecer o mundo .
Cumprimentos

Francisco Seixas da Costa disse...

Mas quem foi que disse que Bruxelas não é uma cidade excelente para viver? O que escrevi é muito diferente: foi que nunca consegui estabelecer uma relação afetiva com a cidade. Isso nada tem rigorosamente a ver com a qualidade de vida!

Anónimo disse...

Saudades de beber cerveja nas esplanadas de Bruxelas. Mort Subite, Delerium Tremens, Barbar...que ainda e a minha preferida. Alguns amigos sorriem, mas gosto do vago sabor a mel.
Tambem gosto de elefantes, lembra-me o Barbar, orfao, coitadinho que nao sendo Belga era Frances, culpa de Jean de Brunhoff… nao se pode ter tudo, nao ha cervejas perfeitas.

Aqui a BBC anuncia 34o para amanha. Altura de abrir uma Becks e pensar em Bremen e no detective Sueco ha bastante tempo ausente dos ecrans da TV.

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