Numa esplanada de Bruxelas, com uma cerveja “trappiste” à ilharga para afugentar o calor, entre uma reunião e um jantar com as pessoas com quem, durante todo o dia, estive a trabalhar (e com quem, amanhã, de manhã bem cedo, continuarei em reunião...), ouvindo nas mesas ao lado uma Babel de línguas, dou comigo a pensar que continuo sem perceber esta cidade.
Há dois dias, em Lisboa, um amigo que foi ministro por muitos anos, a quem disse que aqui vinha, comentou que não só não gostava nada de Bruxelas como nunca tinha percebido a sua geografia, sendo esta, no entanto, a cidade estrangeira que mais vezes tinha visitado - tal como, aliás, acontece comigo.
Pelo contrário, eu creio conhecer relativamente bem as ruas desta terra, mas confesso que também nunca consegui estabelecer uma relação afetiva com ela, desde a primeira vez em que, há mais de meio século, por aqui aportei, numa viagem à boleia pela Europa. Vão em 16, pelas minhas contas, os hotéis diferentes em que dormi na capital belga, em algumas muitas dezenas de noites.
Dito isto, uma coisa deve colocar-se a crédito de Bruxelas: a qualidade dos seus restaurantes. É das boas cidades do mundo para se comer. Ontem, jantei magnificamente no “Le Petit Oignon”, com um senão: quando pedi pão e manteiga, enquanto fazia horas e lia uma revista, foi-me dito que, “pelas regras da casa”, só traziam esses complementos depois de fazer o pedido dos pratos. Porquê? Porque havia quem bebesse vinho, se “atulhasse” de pão, manteiga, azeitonas e paté, e, no final, decidisse que afinal já não estava com fome para um jantar completo. Nunca tinha ouvido coisa igual! Quando hoje contei isso a um amigo, a sua reação foi: “O que é que tu queres! São belgas!”. Não tenho esse preconceito, longe disso! E a verdade é que o meu amigo era francês...
5 comentários:
Os belgas, na opinião dos franceses foram o ultimo povo criado por Deus, que quando viu a "obra" desistiu de fazer mais criações. Mas entre uns e outros venha o diabo e escolha.
Caro Francisco,
Bruxelas é uma estupenda cidade para se viver. Casas muito boas, bairros bem organizados, onde há sempre uma farmácia, um supermercado e uma bomba de gasolina. Grandes e pequenos restaurantes. Belas livrarias. Uma da últimas lojas de CDs clássicos da Europa, excelente teatro de ópera, grande sala de concertos. E, no caso de querermos fugir, estamos a 1.20h de combóio do centro de Paris, a 1.50h do centro de Londres e a duas horas de carro de Amsterdam, sem esquecer Colónia, Aachen, etc.
No meu caso, tudo isto acabará dentro de 10 dias, mas outras alegrias virão.
Um abraço
JPGarcia
Como o JPGarcia tem razão ! Só quem nunca viveu em Bruxelas pode pensar assim da capital da Bélgica . E conhecer os belgas “ certos “é conhecer o mundo .
Cumprimentos
Mas quem foi que disse que Bruxelas não é uma cidade excelente para viver? O que escrevi é muito diferente: foi que nunca consegui estabelecer uma relação afetiva com a cidade. Isso nada tem rigorosamente a ver com a qualidade de vida!
Saudades de beber cerveja nas esplanadas de Bruxelas. Mort Subite, Delerium Tremens, Barbar...que ainda e a minha preferida. Alguns amigos sorriem, mas gosto do vago sabor a mel.
Tambem gosto de elefantes, lembra-me o Barbar, orfao, coitadinho que nao sendo Belga era Frances, culpa de Jean de Brunhoff… nao se pode ter tudo, nao ha cervejas perfeitas.
Aqui a BBC anuncia 34o para amanha. Altura de abrir uma Becks e pensar em Bremen e no detective Sueco ha bastante tempo ausente dos ecrans da TV.
Saudades de Londres
F. Crabtree
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