Se há uma fronteira difícil de cruzar essa é aquela que divide o futebol de Portugal e do Brasil, no sentido de quem vai daqui para lá. Que me recorde, nunca um jogador português, com o mínimo de nomeada, conseguiu vingar no futebol brasileiro.
Por lá andaram, sem uma notoriedade por aí além, o histórico Rogério "Pipi" e Fernando Peres, tal como Paulo Madeira e Jacinto João, entre muito poucos outros. Do mesmo modo, não me consta que tenha tido algum dia um sucesso marcante qualquer treinador ido de Portugal. Paulo Bento e dois outros colegas são disso a evidente prova. Jorge Jesus, ao assumir agora a sua aposta no Flamengo, corre assim um elevado risco.
Pode dizer-se que, até hoje, o Brasil não levou muito a sério o futebol português. Eusébio nunca, por lá, fez a menor sombra a Pelé e Ronaldo tem ali a sua grandeza bastante relativizada, podem crer. Portugal foi subindo no "ranking" da FIFA, mas isso nunca nos fez ascender em proporção na consideração futebolística brasileira. Ser isso justo ou não é completamente indiferente.
Por muitos anos, o Brasil, incontestável potência mundial na matéria, olhou Portugal como um país de segunda linha nesse domínio, lendo os escassos êxitos internacionais dos nossos clubes como fogachos esporádicos, sem sustentação no tempo. O mesmo vale para as seleções. Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha eram e são os seus verdadeiros competidores europeus, da mesma forma que a Argentina o é na vizinhança geográfica. E não me venham falar dos nossos 3-1, em 1966, ou dos 2-0 em Wembley, em 2007. Como embaixador, eu "sofri" 6-2 em Taguatinga, em 2008! No total, são 13 vitórias para o Brasil e quatro para nós. Ponto. E, em futebol, apenas o que é parece.
Para cá, o Brasil exportou desde bastante cedo muitos seus jogadores - excelentes, razoáveis ou medíocres -, os melhores em mero "stop over" para outra Europa. E também uns poucos treinadores com real mérito, de Yustrich a Otto Glória, de Marinho Peres a Scolari. Pode dizer-se que o futebol português deve bastante ao Brasil e que o futebol brasileiro apenas nos deve o acolhimento aqui dado aos seus.
Jorge Jesus, cuja qualidade técnica não está em causa, é um treinador com um perfil que se tem prestado a alguma exploração mediática menos simpática. O Brasil, onde alguma ácida lusofobia teima em persistir em certos meios, é um terreno para fácil exploração dessa sua fragilidade. Assim, estou em crer que ou a sua passagem pelo Flamengo se converte num grande sucesso ou acabará por ser um imenso fracasso, sem nada de permeio.
(Artigo hoje publicado no “Jornal de Notícias”)
3 comentários:
Jorge Jesus é um tipo arrogante e sem educação. Aquela "imagem de marca" que ele cultiva de tratar todos os que se lhe dirigem, nas conferências de imprensa, por Tu, é uma atitude deselegante, reveladora de uma personalidade com complexo de inferioridade, demonstrativa de falta de civismo, e até labrega. JJ é pobre Diabo. E como treinador NUNCA conseguiu - convém sublinhar isto - uma Taça Europeia, nem das Champions, nem da UEFA, como, por exemplo, José Mourinho (que nunca tratou os jornalistas por Tu). Não só não conquistou nenhuma daquelas Taças, como nunca chegou sequer perto da mais famosa delas, a das Champions. Jorge Jesus é uma patética personalidade que se julga mais importante do que aquilo que na realidade é. Aquele ar de pacóvio (para já não falar do seu "português") a tratar todos por tu é mesmo de alguém insignificante.
Neste caso terá de substituir o Tu por você , o que irá disfarçar asia má educação . Mas se calhar ele nem vai perceber isso . E quanto ao portugês que ela fala ninguém o vai perceber , os brasileiros vão pensar que é um dialecto , assim uma coisa como o “ berardês “ utilizado pelo homem vestido de preto e sorriso alarve ...
Concordo com o que disse, é bem verdade...
Em 2008 eu também estava em Brasília e no dia seguinte ao jogo realizado em Taguatinga,foi atroz levar com o gozo dos brasileiros...
Não sei se está lembrado mas, a situação decorrente daquele resultado, ficou bem mais empolada por umas declarações prévias feitas pelo Ronaldo...
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