segunda-feira, julho 02, 2018

A alegria da pobreza


Não quero ser desmancha prazeres. Mas ver amigos que muito prezo, aos saltos, num palco, a debitarem, aos berros, uma parte desta reacionaríssima letra fez-me sentir algo estranho

Que saudades eu já tinha
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar 
assim num primeiro andar 
a contar vindo do céu 
O meu quarto lembra um ninho 
e o seu tecto é tão baixinho 
que eu, ao ir para me deitar, 
abro a porta em tom discreto, 
digo sempre: «Senhor tecto, 
por favor deixe-me entrar.» 
Tudo podem ter os nobres 
ou os ricos de algum dia, 
mas quase sempre o lar dos pobres 
tem mais alegria. 
De manhã salto da cama 
e ao som dos pregões de Alfama 
trato de me levantar, 
porque o sol, meu namorado, 
rompe as frestas no telhado 
e a sorrir vem-me acordar. 
Corro então toda ladina 
na casa pequenina, 
bem dizendo, eu sou cristão, 
“deitar cedo e cedo erguer 
dá saude e faz crescer” 
diz o povo e tem razão. 

Eu sei que era uma homenagem a Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, mas isso não invalida que quem canta um texto saiba o que está efetivamente a cantar. Ou será que, um destes dias, ainda poderemos voltar a ver as três principais figuras do Estado, divertidas, a zurzir os nossos ouvidos com uma versão rock desta outra peça do miserabilismo lusitano mais retrógado?

Numa casa portuguesa fica bem
Pão e vinho sobre a mesa
E se à porta humildemente bate alguém,
Senta-se à mesa com a gente. 
Fica bem essa franqueza, fica bem,
Que o povo nunca desmente
A alegria da pobreza
Está nesta grande riqueza 
De dar, e ficar contente 
Quatro paredes caiadas,
Um cheirinho à alecrim,
Um cacho de uvas doiradas,
Duas rosas num jardim, 
Um São José de azulejo 
Mais o sol da primavera, 
Uma promessa de beijos 
Dois braços à minha espera 
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
No conforto pobrezinho do meu lar,
Há fartura de carinho
A cortina da janela e o luar,
Mais o sol que bate nela 
Basta pouco, poucochinho pra alegrar 
Uma existência singela 
É só amor, pão e vinho 
E um caldo verde, verdinho 
A fumegar na tijela 

Não tem importância nenhuma? É apenas uma memória da tradição, que nada tem de ideológico? Ai não? Então, e se acaso a um destes modernaços intérpretes lhe desse na veneta de fazer um rap de outra peça? Será que essas mesmas figuras (e os seus "compagnons" de palco) aceitariam debitar estas estrofes?

Lá vamos, cantando e rindo

Levados, levados, sim
Pela voz de som tremendo
Das tubas, clamor sem fim.
Lá vamos, que o sonho é lindo!
Torres e torres erguendo.
Rasgões, clareiras, abrindo!
Alva da Luz imortal,
Roxas névoas despedaça
Doira o céu de Portugal!
Querer! Querer! E lá vamos!
Tronco em flor, estende os ramos
À Mocidade que passa.
Cale-se a voz que, turbada,
De si mesma se espanta,
Cesse dos ventos a insânia,
Ante a clara madrugada,
Em nossas almas nascida.
E, por nós, oh! Lusitânia,
Corpo de Amor, terra santa, 
Pátria! Serás celebrada,
E por nós serás erguida,
Erguida ao alto da Vida!
Querer é a nossa divisa.
Querer, palavra que vem
Das mais profundas raízes.
Deslumbra a sombra indecisa
Transcende as nuvens de além...
Querer, palavra da Graça
Grito das almas felizes
Querer! Querer! E lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À Mocidade que passa.


Um pouco mais de atenção àquilo que se diz era capaz de não ser uma má política. Digo eu...

39 comentários:

Anónimo disse...

E quando o Presidente da República largou um "Viva a Espanha, una e eterna!" - isso não lhe provocou urticária?!

E quando o mesmo PR pronunciou um "O que é bom para a Espanha, é bom para Portugal", isso também não o incomodou?


Cada vez tenho mais dificuldade em perceber os seus critérios... (ou não).

Anónimo disse...

Grande post, caro Francisco!

E a “ image d’Epinal” escolhida é uma maravilha.

Um abraço

JPGarcia

Anónimo disse...

A minha mãe, nascida nos anos 30 do século passado, ficou chocadíssima quando lhe proibi de cantar aos netos uma popular canção com o mote “o mar enrola na areia”, por ser de cariz machista e incentivar a violência doméstica. É que a determinada altura o tal do mar que é o suposto ser casado com a areia “bate nela quando quer”. O que é que isto tem de inocente? Ou nós somos muito cínicos, ou eram (quase) todos anjinhos à época...

Psicanalista disse...

......e viva,a ESQUERDA CAVIAR !!!


Anónimo disse...

Os tempos vão dificeis para a esquerda republicana.

Este regime já nem sabe para onde se virar para abranger mais adeptos junto dos jovens que não fazem ideia do que é a liberdade de usar a internet. Mas também não sabem a responsabilidade disso.

Daí a presença do PR e do PM nestas andanças sem cantarem Grandola Vila Morena.

Tem de se reconhecer que o tempo pode pregar partidas a quem não evolui e atasanar a vida a quem quer prosseguir.
Felizmente que muitos já compreenderam que a esquerda republicana se está a transformar numa miragem de antanho [até algo folclórica] porque as mentalidades não podem cristalizar.

Francisco Tavares disse...

Caro embaixador, na mouche! Abr amigo.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Não há pachorra para iniciativas cujo fim é render chapas e conversas, sem terem noção da borrada que estão a fazer.
Os Xutos terão para sempre a mancha no currículo de terem feito um remake de tal fascialhada.

Anónimo disse...

Gosto mais da poesia do Bocage, mas o Salazar não gostava, ao que constava. Corava muito ao ouvi-los.

Reaça disse...

Bom post, nunca me tinha lembrado da importância destas letras para as gerações actuais.

Nunca poderia imaginar nem o Tomáz nem Craveiro Lopes a traulitar estes músicas.

Agora imagino, e como eu me rio a imaginá-los em tal cena.

Obrigado

Anónimo disse...

a esquerda caviar, nos seus pruridos, é ridícula tal qual "as altas entidades" aos pulos demagógicos. Haja muita paciência!
João Vieira

carlos cardoso disse...

O nacionalismo do hino da mocidade é bastante mais perverso que as "odes à pobreza" das duas pindéricas canções. Mas se formos comparar, muitos hinos nacionais são ainda piores: o francês, por exemplo, é claramente racista e xenófobo, enquanto que o americano é esclavagista.

Fernando Frazão disse...

Eu pensava que já tinha visto tudo antes de ver a Catarina e o Marcelo juntos e ao vivo.
Tenham dó.

josé ricardo disse...

A minha alegre casinha dos xutos é uma geliz versão da canção popular, a qual, suponho, nao é totalmente exposta no que à letra diz respeito.
No entanto, penso que estas letras têm uma importância histórica relevante para o edtudo da evolução psicosociocultural do país.
Depois há aqueles como o senhor anónimo que me antecede nos comentários que proibe a mãe de cantarolar aos netos uma inócua canção popular.

Anónimo disse...

Os critérios são os jacobinos a favorecerr os anti-cristo e ignorar a bábarie muçulmana !

Dalma disse...

Tem toda a razão Sr. Embaixador!

Anónimo disse...

Vamos lá com calma que os Xutos nunca cantaram a versão da Milu.

Cantaram duas estrofes que tal como ficam não denotam propriamente uma entorse miserabilisto-fascista. Até a tónica do lugar onde é bom morar assenta no ser uma casinha num primeiro andar a contar vindo do Céu, do Céu, do Céu, do Céu (e não no ser modesta):

"As saudades que eu já tinha
Da minha alegre casinha
Tão modesta quanto eu

Meu deus como é bom morar
Modesto primeiro andar
A contar vindo do céu"

Anónimo disse...

Caríssimo João Vieira,
Eu assumo-me como Esquerda Caviar. Isto porque gosto de caviar, boa lagosta ou lavagante, bom bife de lombo, do melhor porco preto, bons vinhos e bons espumantes - que desfruto, (felizmente porque a minha situação económica o permite), uma boa e confortável, ampla, moradia, onde vivo, gosto igualmente de um bom quadro, um bom tapete, umas belas porcelanas, uma bela peça de mobiliário, gosto de viajar, sobretudo para Itália, um país espantoso, embora agora nas mãos do governo direitista que escolheram, mas, enfim, escolheram livremente (a UE que se coçe!), etc, etc. Gosto de tudo o que o dinheiro me proporciona. E, todavia, voto à Esquerda. E quando digo Esquerda, não me refiro ao PS - obviamente. É que, fui educado, numa família abastada, mas que sempre nos, a mim e meus irmãos, que ao nosso lado viviam (e ainda hoje vivem, passados todos esses anos, embora numa percentagem bem menor, graças ao 25 de Abril) outras pessoas, pobres, que não beneficiavam dos mesmos acessos e direitos que nós tínhamos. E a família era, toda ela, no seu conjunto, anti-fascista-salazarista. E, um dia, felizmente, lá veio o 25 de Abril. Embora continuássemos a ser abastados, nunca deixámos de ser aquilo que sempre tínhamos sido - solidários para com aqueles que tinham sido descriminádos socialmente. Se antes apoiavámos, com projectos sociais os mais desfavorecidos, com o nosso dinheiro, depois do 25 de Abril juntámo-lhes o voto político. E hoje, embora continue a ser um apreciador de caviar, continuo a votar à Esquerda, ou seja, à esquerda do PS.
Um tipo, quando tem dinheiro e apesar disso é progressista, nem por isso deixa de ter um sentido de solidariedade social. A maioria desses assim pensa, mas não a nossa família!
Tenha um boa noite!
Sem ressentimentos, meu caro, não o quis provcar, mas, tão só, alertar para o facto de quem tem uma boa posição social poder ser de Esquerda.

Anónimo disse...

Eu já ouvi no mesmo palco, seguidos, "Minha Alegre Casinha" e "Jumpin' Jack Flash"!
Mas a esquerdalha trauliteira e o marcelo monarquico de cascais, são um bom par de jarras...

Anónimo disse...

Gostava que um Jornalista, competente, perguntasse a um deles se sabiam de quem era a letra e o canto? Quase de certeza que não responderiam. Ficavam à rasca. E era bem feito. Letra do António Melo (do piano do António Lopes Ribeiro) e cantou a Milú. (Estado Novo!) Óh Sr. Vieira!

O Sr. Presidente, no seu infernal bulício. O resto, lá terá de ir, que remédio. Enfim!

Anónimo disse...

Este povo é mesmo faccioso. Não há pachorra para tanto sectarismo. Não faltará muito para serem queimados os livros do Júlio Dinis. E ser proibido ir á missa.

Anónimo disse...

Para o sr. José Ricardo, não é anónimo, mas anónima e a canção não é inócua. Mas não sou fundamentalista e até gosto muito dos livros do Júlio Dinis, que, aliás, tem algumas personagens femininas bem interessantes. Sempre seria uma boa distração ao atual currículo de português que tem autores de muita valia, mas que transmitem aos alunos estados depressivos e acabam amiúde com o exemplo do suicídio. À missa vai quem quer, temos liberdade religiosa e espero que possamos gozar dessa condição por muitos e bons anos, apesar dos fundamentalismos que vão por esse mundo. Tudo o que é exagero é moléstia, a História é para conhecer, estudar, refletir - não é para apagar ou repetir...

Anónimo disse...

Pois a tal esquerdalha que gosta de falar dos pobres atacar o fascismo nuns bons sofás com dimple numa mão a outra bem pousada e um cohiba na boca...

Anónimo disse...

para o anónimo das 22,06
evidentemente sem ressentimentos mas: se a esquerda à esquerda do PS e a esquerda do PS são irritantíssimos na sua arrogância moral (sem um pingo de razão porque não existe um único exemplo de paraíso socialista na Terra) a esquerda chamada caviar é, peço desculpa, não quero ofender, ridícula porque é tudo conversa fiada! De boas intenções está o inferno cheio. Pessoas com preocupações sociais, capazes de identificar a injustiça e de contribuir, dentro das suas possibilidades, para as minorar está, felizmente, o mundo cheio. É é difícil resolver o assunto (pesem os enormes progressos constatáveis por todo o mundo nos últimos cem anos), mas certamente não será apenas pela afirmação da posição à esquerda, caviar ainda por cima, que a coisa vai lá.
João Vieira

marta disse...

Encontrei esta crónica sobre a letra e a história da Casa Portuguesa:

https://www.publico.pt/2017/09/21/culturaipsilon/opiniao/uma-casa-portuguesa-sem-certezas-nenhumas-1785942

Irónica ou não, a letra devia ser estudada nas aulas, de tão perversa que é.

Joaquim de Freitas disse...

Conheci e conheço homens declaradamente de direita, que foram grandes empresários, dotados de grande sensibilidade social, atentos à evolução da sociedade civil, ao mesmo tempo que respondiam aos interesses dos accionistas na criação de valor para as suas empresas.

Também conheci homens que assumiam a sua sensibilidade de esquerda, conduzindo com mão firme as suas empresas e, alguns tornaram-se mesmo em ícones dos governos de esquerda à cabeça de grupos industriais importantes.

Por vezes acusados de paternalismo, de demagogos, o que é certo é que na travessia das grandes crises económicas conservaram a confiança dos parceiros sociais o que facilitou por vezes a saída das crises.

Isto ao nível das empresas.

Na politica, a dicotomia que divide a ‘esquerda’ e ‘direita’ perpetua a política de carrossel, onde, ora um partido de esquerda, ora um de direita, entram e saem do governo, dando a ilusão de mudança, ocultando assim a continuidade das políticas e dos resultados das mesmas.

É assim que a capacidade de critica da população é limitada, é assim que muitos analistas políticos são lobotomizados, tornando-se incapazes de contemplar, quanto mais exigir, transformações estruturais profundas pois passam todo o seu tempo a discutir as (relativamente) pequenas diferenças entre as medidas e ideologias dos grandes partidos.

O constante debate entre ‘esquerda’ e ‘direita’, por se concentrar demasiado entre as diferenças, esconde as similitudes, os eixos que permeiam os dois: são estes eixos que levam a que o povo tenha chegado à conclusão, que votar nuns ou noutros, o resultado é sempre o mesmo.

É esta política de carrossel, e as consecutivas encenações que tentam mascarar a tirania de democracia, as eleições que passam pouco mais hoje em dia de eventos teatrais onde os escolhidos do sistema fingem debater (quando de facto, discutem somente sobre migalhas, omitindo as verdadeiras questões do debate político), que cultivou o divórcio cada vez mais óbvio entre a população e a classe política.

Mais ainda, o divórcio não é somente entre classes, é um divórcio entre o povo e o próprio acto eleitoral, como o demonstram as elevadíssimas taxas de abstenção.

A verdadeira questão deveria ser, portanto, a de encontrar soluções viáveis para que possamos conseguir reformar o Estado para que este possa deixar de ser exclusivamente o veículo através do qual os ricos e poderosos conseguem atingir os seus objectivos e consolidar a sua dominação.

Que reformas estruturais poderão ser aplicadas para que o Estado não possa ser instrumentalizado pelas elites económicas? A resposta é óbvia através de transformações estruturais profundas e abrangentes que possam reconceitualizar a própria função do Estado, mudando a natureza das suas instituições para que possam ser transformadas as atitudes e acções daqueles que o operam.

Resta definir exactamente quais as reformas que deverão ser implementadas, e mais difícil ainda será definir estratégias realistas para o poder fazer. Somente ao cessarmos de nos dividir sobre discórdias menores é que nos poderemos unir à volta de vontades comuns nomeadamente a de construir um Estado menos corrupto para que possa emergir uma sociedade mais justa.

Aceitando que a corrupção não é de direita nem de esquerda: ela é o cancro da sociedade.

Anónimo disse...

@ sr. De Freitas.

Não posso deixar em branco tudo aquilo que escreveu neste seu comentário e com o qual concordo plenamente.
As mudanças de que nos fala, salvo alguns casos enumerados retirados de um léxico marxista não me incomodaram.
Resta dizer-lhe que a monárquia portuguesa caiu ás mãos dos republicanos exactamente por causa da política de carrocel.
E,...mais não digo.....porque gostei de o ler.

[Os métodos para se implantar estas medidas é que teriam de ser de cariz marxista-leninista, depois de uma enorme destruição de pessoas e bens, por isso mesmo pouco recomendável.]

Anónimo disse...

Caro João Vieira,
Se não fosse o "travão" do BE+CDU e o PS já andaria de mãos dadas com essea gentinha do PSD/CDS. O rapaz Costa, embora seja melhor receita que o rapaz Seguro, de longe, actualmente, se pudesse, mudava a agulah para o rapaz Rio.
Quanto à Esquerda, em minha opinião tem, indiscutivelmente, melhores soluções para o país, do que extrema-direita neo-liberal PSD/CDS que levou o país à bancarota, nos 4 anos em que estiveram no Poder.
Nenhuma ideologia ou programa neo-liberal tem soluções para a pobreza, as assimetrias sociais, para o combate ao desemprego, para a desvalorização dos salários, tudo políticas que esse mesmo neo-liberalismo de extrema-direita defende.
Hoje formatam-se, em vez de se formarem, nas universidades privadas,a Católica é um bom mau exemplo, os estudantes que ali estão a fim de mais tarde virem a desempenhar funções nas empresas privadas, desinvestindo-se na saúde, na educação, na investigação científica, na cultura, etc. É o primado do capitalismo global. Aconselho-o a ler um excelente livro de um grande economista inglês, Guy Standing, "O Precariado", sobre esta matéria e nos efeitos negativos e perversos que este neo-liberalismo, a nível mudial, sobretudo na UE, EU, etc, tem vindo a fazer.
Ou seja, acreditar que partidos como o PSD ou o CDS possuiem uma solução para os nossos problemas é como acreditar que o Carcavelinhos será campeão da Primeira Liga para o ano. Ou que a Virgem de Fátima fará crescer o cabelo aos calvos se lhe rezarmos uns terços noite fora.
Emboar o Sr. Costa tenha vindo a derrapar perigosamente para a Direita, prefiro-o de longe aos "iluminados" da extrema-direita do PSD/CDS.
E vou entretanto beber um bom espumante com...Caviar. Isso mesmo, até porque a noite está apetecível!
Tenha uma boa noite!

Anónimo disse...

Há tipos liberais com tiques de esquerda e há tipos de esquerda com gostos liberais!
Este do caviar é um dos tipos!

Anónimo disse...

Sugiro que seja proposta a candidatura ao Premio Nobel de literatura ao anonimo das 22:39 por ter conseguido o record absoluto, de escrever tanta alarvidade num texto tão curto.

Anónimo disse...

@ anónimo das 22:39

Pois só que não sabemos os votos da população na altura do voto. Ou será que já se anda a tratar com afinco nisto nos boletins de voto??

Sabe o senhor que o caviar que se come hoje não tem nada a ver com o caviar que se comia na Rússia imperial.
Já tantas pessoas comeram caviar, a poluição das indústrias pesadas russas é tal que hoje em dia o esturjão já é de aviário ou melhor de cativeiro e pode nem ser originário da Rússia mas sim de França ou Itália. O seu sabor não tem nada a ver com aquele que se comia há cinquenta anos. Mas isso só muito poucos o sabem.
O que é preciso é que se coma caviar à colher, já não a adequada mas a de sopa para encher barriga e fazer vista com isso.
A nova burguesia é mesmo interessante de se conhecer. É como em África. É pelas marcas não pela qualidade do produto.

Reaça disse...

Para juntar àquelas letras do tempo do Estado Novo, falta acrescentar aquela de um pouco antes, a dos heróis do mar, e falta também aquela das crianças dos ATL antigos, "Os bandos de Pardais à solta" do fadista Carmo.

Enfim, nem tudo era mau, no dia 24 de Abril.

Liberdade? cada um chama-lhe sua!

Manuel do Edmundo-Filho disse...

Claro que nas letras transcritas havia propaganda do antigo e ditatorial regime. E o que há na letra de Sérgio Godinho: "A paz, o pão/habitação/saúde, educação/
Só há liberdade a sério quando houver/Liberdade de mudar e decidir/quando pertencer ao povo o que o povo produzir."!? Propaganda. Tanto num caso como no outro, com efeitos perversos que ainda hoje se sentem. Mas afinal de contas que mal é que há ter-se hoje "saudades da aminha alegre casinha tão modesta quanto eu"? Há quem tenha hoje saudadades dos tempos do "processo revolucionário em curso"! Que mal é que há? São, afinal, apenas saudades...

carlos cardoso disse...

Não tenho simpatia nenhuma pelo PSD ou pelo CDS e ainda menos pelo Passos Coelho, mas escrever que foi o governo PSD/CDS que “levou o país à bancarota (sic), nos 4 anos em que estiveram no Poder”, é como escrever que os responsáveis pelos campos de concentração da segunda guerra mundial foram os americanos e os russos!

Anónimo disse...

Anónimo da 01:06,
É tão alarve que escreve alarvidades, como aquele que as lê e as comenta depois.

Anónimo disse...

A cegueira é tanta e a intolerância tão grande que o anónimo das 22,39 não se apercebeu porque o governo socialista de Sócrates assinou o "tratado" com a Troika. Porquê? Porque estava falido, na bancarrota, sem cheta, sem um euro, sem pilim. E essa dos partidos que não são de esquerda serem de extrema direita ...só contado prá voçê!
João Vieira

Joaquim de Freitas disse...

Caro anónimo das 22:38 : Antes de mais, obrigado por me ler e …gostar. Mesmo se as criticas podem ser por vezes agressivas, e mesmo injustas, que aceito e compreendo, quando estamos em sintonia com outros espíritos livres, é sempre agradável.

Voltando à sua ultima frase: “ (Os métodos para se implantar estas medidas é que teriam de ser de cariz marxista-leninista, depois de uma enorme destruição de pessoas e bens, por isso mesmo pouco recomendável.], permite-me de notar o que segue.

O período actual, o neoliberalismo ou o capitalismo global financiarizado, é caracterizado pelo enorme poder de uma minoria muito pequena de ricos possuidores, muito grandes, uma minoria colocada muito alto, no topo do resto da sociedade mundial.

Estes grandes proprietários são encontrados em todos os países, tanto do Norte como do Sul. Não há nenhuma formação social (ou "país") sem uma oligarquia, com nenhuma classe económica dominante e nenhuma política associada da "casta".

Mas está nas formações sociais capitalistas mais desenvolvidas que são as mais poderosas. Mas a sua dominação é exercida em todos os lugares, tanto internamente (nos países conhecidos como a Tríade) e externamente (todos os países dominados pelo imperialismo).

Claro que se sente, de maneira confusa, a necessidade da criação doutro mundo post-capitalista a partir do povo « de baixo » isto é, os 99%, na sua diversidade contra as elites dominantes e predadoras.

Mas é verdade que a "bifurcação" para uma nova alternativa global ao capitalismo, terá de se encarregar doutros problemas, porque não é apenas o domínio económico-social que é preciso combater.

Há também a forte predação contra a natureza e o meio ambiente que é prejudicial a toda a humanidade, mas que atinge primeiro os mais pobres.

Assim como os fundamentalismos religiosos portadores de dogmas arcaicos e autoritários (inimigos secundários, mas ainda assim inimigos).

Perante este estado da sociedade, resta a encontrar o caminho para a tal bifurcação para uma alternativa que tome em conta as necessidades sociais das mais modestas classes populares e de facto da maioria.

A democracia que conhecemos sob o nome de "representativa " é marginal e tendenciosa por causa da forte influência do capitalismo e dos seus instrumentos de influência ideológica.

A "democracia verdadeiramente existente" deixa em toda a parte a predominância às elites neoliberais dominantes.

O capitalismo pode ser relativamente eficiente, certamente mais eficiente do que os modos de produção anteriores. Mas é um sistema intrinsecamente injusto e corrupto, no qual os malefícios permanentes são, em primeiro lugar, a sistemática exploração dos trabalhadores e dos consumidores.

Ao socialismo democrático, coordenado pelo Estado e pelo mercado, resta a utopia insuperável, mas que enfrenta o paradoxo de que só será viável no dia em que sua promessa maior – a da razoável igualdade económica -seja alcançada.

Resta a saber se a bifurcação necessária será violenta ou não.

Anónimo disse...

@ Sr. De Freitas.

Se olharmos para a História da humanidade em conjunto, tudo o que diz é verdade só que nunca se conseguio fazer o que o Sr. pretende que é necessário.

Cada ser humano é um individuo único.

Seja pelo meio ambiente que o rodeia seja pela sua educação e formação intelectual e por isso pouco facilmente manobrável por muito tempo.

Já nem falo na herança genética que recebeu à nascença.

Nem a cultura de massas comseguio formatar o "o homem novo" que deveria aparecer depois das revoluções liberais, marxista-leninista ou chinesa.

Há que conhecer melhor o lado espiritual do ser humamo.

Nem Cristo o conseguio no Império Romano. Foi muito mais tarde que os cristãos pensaram o ser humano.
Entendeu-se que o ser humano era uma massa informe que se poderia moldar a belo-prazer do político do momento.
E... por issso terá quase que se começar do zero esquecendo todas as útopias que nos foram bombardeadas desde 1848.
Como isso acontecerá não sabemos e assim vamos ficar neste "nem o Pai morre nem a gente almoça".
Muita teoria mas...na realidade "tá tudo lixado".

Anónimo disse...

@ Sr. De Freitas

Só mais uma achega.
O "Journal Le Monde" editou um número especial do seu "Le Monde La Vie" sobre "L'Histoire des Révolutions de l'Age de Pierre à l'Ere Numérique".
Se tiver oportunidade para perceber o que as revoluções trouxeram de novo à humanidade desde a idade da pedra já é um príncipio. E veja a hipótese académica de como será a de agora tão desejada revolução global, para já podermos ir jantar.

Anónimo disse...

Também achei muito estranha a unanimidade politiqueira diante de tanta indigência poética e musical, da Catarina ao Marcelo, passando pelo António Costa. Mas como passei muitos anos fora num auto-exílio, não disse nada para não alienar o que me resta de relações, pensando que talvez me tivesse escapado alguma coisa. Mas finalmente vejo que não fui o único a reagir dessa forma. São pontapés a mais para o meu gosto, e no entanto a música portuguesa, mesmo pop, tem atualmente alguns bons cantores. E àqueles que nos acusam de "esquerda caviar" eu diria que se enganam, pois muitos fadistas de qualidade nunca foram conhecidos por suas ideias progressistas e no entanto sou o primeiro a aplaudi-los. O problema é a indigência mesmo.

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