Não sou um tudólogo, não sei falar de tudo, longe disso! Nos jornais onde escrevo, regular ou ocasionalmente, pronuncio-me apenas sobre aquilo de que julgo saber alguma coisa e que acho que pode interessar a quem me lê, mas nunca afirmo que é sobre aquilo que sei - isso só os outros poderão avaliar. Aqui, pelas redes sociais, que é um terreno lúdico de “irresponsabilidade ilimitada”, permito-me muitas vezes ir um pouco mais longe e dar a minha opinião, ou emitir impressões, sobre temas do quotidiano que não fazem parte das áreas de conhecimento em que posso ter alguma autoridade. Não levo estes espaços de espontaneísmo de escrita demasiado a sério...
Este “disclaimer” vem a propósito da perplexidade que nunca consegui resolver e para a qual ninguém me forneceu jamais uma resposta satisfatória: por que razão, pelo menos aos olhos do cidadão comum, os currículos do ensino estão sempre a mudar? Desde há décadas que, ciclicamente, os governos que chegam se permitem a liberdade de mudar esses modelos pedagógicos, de alterar aquilo que é ensinado, criando uma permanente instabilidade no setor. É mesmo necessária esta agitação? Não seria possível “parar” por algum tempo? Há razões de fundo que justifiquem esta espécie de experimentalismo recorrente, que afeta, seguramente, alunos e professores?
Como não sei, pergunto.
10 comentários:
Uma das questões estratégicas que deveriam suscitar acordo entre PS, PSD, CDS e PCP, pelo menos..., deveria ser exactamente a aprovação de reformas na educação que não fossem reformadas sempre que entram governos de nova cor política.
Veja-se as reformas do Ministro Crato no anterior Governo, que tão criticadas forma na altura e depois foi o que se viu em todos os indicares internacionais, os resultados dos alunos portugueses melhoraram significativamente.
Depois veio o actual governo e iniciou-se novo ciclo de mudanças, que acima de tudo pretendeu desvalorizar os exames, para não colocar em riscos as crianças devido ao stress.
Creio sinceramente que as duas peças chaves do ensino devem ser o Português e a matemática. Sem o domínio perfeito da língua tudo é mais difícil e esse domínio e gosto pela língua é dada pela aprendizagem de bons escritores, como Eça, Redol, Namora, Camilo, Virgílio Ferreira, entre outros. Deveria ser criado um cânone de leituras obrigatórias e as obras não deveria ser dadas apenas mediante resumos.
Os Curricula têm mesmo de mudar por várias razões.
A maioria dos professores dá aulas porque precisa de ganhar dinheiro e não pelo prazer de ensinar.
A maioria despeja matéria dos livros e não ensina o porquê da sua existência e da sua utilidade.
Com o desenvolvimento das novas tecnologias, às quais se acede em todo e qualquer lugar, há assuntos que não faz sentido algum estar a decorar de trás para a frente se depois à distância de um click temos acesso aos mesmos.
A este pretexto, e numa altura que cada vez se lê menos, a retirada do pasquim "Os Maias" de leitura obrigatória, é uma lufada de ar fresco.
O Ananonino das 14.14 refere mudar, lufada de ar fresco, faz analise social dos professores, discursa sobre novas tecnologias, mas com diz curricula... o chique a valer dos seminaristas!...
A questão que FSC se refere nada tem que ver com mudarem os curriculos. Tem que ver com mudarem constantemente.
Obviamente todos os curriculos precisam de ir sendo adaptados ao longo do tempo. Não é normal um cozinheiro mudar todas as receitas a meio da sua feitura.
Como marido de uma professora, não posso deixar de comentar o anónimo das 14.14h.
A afirmação "a maioria dos professores dá aulas porque precisa de ganhar dinheiro e não gosta de ensinar" é uma imbecilidade. E quem diz imbecilidades é um imbecil.
Os currículos do ensino estão sempre a mudar para que os manuais escolares fiquem desatualizados e portanto se venda novos manuais, em vez de se poder reutilizar os antigos.
José Lopes
quem diz imbecilidades é um imbecil
Errado. Todos nós dizemos, ocasionalmente, imbecilidades. Todos nós fazemos, por vezes, parvoíces. E não somos todos por isso imbecis ou parvos.
Caro Embaixador, só posso dizer, mais uma vez na "mouche". Mas também a tocar num assunto que mereceria outras referências. Ainda que eu compreenda que um texto balizado por uns tantos caracteres não dá espaço para grandes desenvolvimentos. Mas permito-me sugerir-lhe uma passagem por uma área que certamente conhece bem: a universidade. Que hoje, em dia, parece caminhar para a sua autodestruição enquanto centro de saber e, sobretudo, de pensamento crítico. Ou o que significa hoje um curso intitulado de Economia, com uma duração de três anos, assim como que uma espécie de hamburguer com livros dentro? Fast university! E a situação em que estão a ser colocados professores universitários que, feitas as contas, ficam a ganhar à hora ao nível de, por exemplo, uma empregada de limpeza (sem menosprezo para estas, obviamente).
Caro José Lopes,
Está enganado quando comenta o Anónimo das 14h14 e olhe que ele até tem alguma razão.
Sou professor, filho de 2 professores e pai de outro professor.
Efectivamente há muitos, inúmeros professores que não têm qualquer aptidão para dar aulas. Tiraram um curso e não conseguiram por razões várias fazer outra coisa. Dão aulas como necessidade de pagar contas. Quantas vezes em família comentamos como se dá esta ou aquela matéria, ou mesmo com outros colegas, e as abordagens são tão dispares e, efectivamente, muitas vezes não se sabe a aplicação prática das mesmas, para o dia a dia do comum dos mortais. Para que serve a trigonometria ou a teoria quântica de campos, a título de exemplo, no nosso dia a dia e porque se explica isso a jovens de 14 ou 15 anos que não estão minimamente para aí virados. Ou porque se ensina Eça a alunos que não lêem qualquer livro e mal sabem escrever? Os alunos de hoje querem coisas de consumo rápido e imediato. Não querem decorar nada e muito menos ter trabalho para isso. Grande parte dos jovens chega ao 12º ano e não sabe o que quer fazer "quando for grande" e nem imagina que 3 anos depois está no mercado de trabalho. Vai para a faculdade tirar um curso para fazer a vontade aos pais e porque lhes dizem que sem o curso a possibilidade de ter um futuro melhor torna-se mais difícil.
Pois....
O ensino foi por onde este regime começou a fazer a formação marxista da população.
O que conheci na altura foi o ensino superior, na variante letras, depois de 1978. Até 1982 havia sempre várias cadeiras até ao fim do curso que eram feitas por passagens adminitrativas.
As cadeiras eram passadas nos primeiros anos por votação da nota a dar aos alunos pelos próprios colegas de turma. As avaliações não existião porque o que era valorizado era a participação na aula.
Depois de 1983 não sei como foi mas....deve ter havido poucas mexidas, por isso...
Só mais uma nota:
Quando conversava com colegas a saber que profs devia escolher os colegaas diziam muitas vezes: Escolhe fulano pois é conhecido por ser muito humano a dar as notas. De inicio não percebi. Ao longo do tempo lá compreendi. Era muito generoso nas notas.
"O ensino foi por onde este regime começou a fazer a formação marxista da população."
LOL
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