quinta-feira, julho 26, 2018

Sá Carneiro


Mário de Sá Carneiro foi uma das mais originais figuras da nossa literatura poética, na primeira metade do século XX. Da geração da revista Orpheu, viria a morrer em Paris.

Quando fui embaixador em França, procurei fazer-lhe uma homenagem, com a colocação de uma placa na casa que sucedeu àquela onde viveu, perto do Jardin du Luxembourg, mas, por razões práticas que não vêm ao caso, isso acabou por não ser possível.

Vejo agora surgir entre nós uma polémica sobre se os seus restos mortais devem integrar o Panteão nacional, a par dos de Mário Soares. Esta ideia, nascida no seio do PSD de Lisboa, parece-me ter pouco sentido, embora seja de louvar este inusitado empenhamento literário da força política que carrega a social-democracia no seu nome. Sá Carneiro tem obra, reconheço que meritória, mas muito inferior à de outros cuja colocação naquele lugar nobre bem mais se justificaria.

Aliás, no caso de Mário de Sá Carneiro, o assunto está, à partida, de certo modo resolvido. O seu corpo desapareceu do cemitério de Pantin, onde fora depositado por ocasião da sua morte, em 1949.

Nestas questões, algum juízo de justiça relativa deve sempre prevalecer. Por essa razão, e com o devido respeito, permito-me estranhar que o senhor presidente da República tenha vindo a terreiro equiparar a figura de Mário de Sá Carneiro à do indiscutível fundador da nossa Democracia. E, talvez ainda mais, que o seu assessor cultural, Pedro Mexia, o não tenha aconselhado melhor, neste “faux pas” (obviamente) literário. Não se compara o incomparável!

22 comentários:

Anónimo disse...

Este, o Sr. Dr. Mexia é que deverá, por este andar, um dia , ir parar ao Panteão. Penso eu...

José Correia disse...

E vem Francisco Seixas da Costa, fazer a apologia do cadáver no Panteão.....!!!!
-Reserve "a mesa dois", no referido espaço para si...!!!!

Anónimo disse...

pai da democracia portuguesa???... como se a primeira republica tivesse sido uma ditadura!...
e parece-me evidente que querer por o seu bem amado Soares sem o outro bem amado Carneiro so criaria um desequilibrio desnecessario. No fundo a sua intenção é um pouco como a intenção dos jovens bloquistas de discutir a checoslovaquia nocturna... ha qq coisa de um ponto valido... mas é so isso.

Luis Alcobia disse...

Caríssimo Embaixador o senhor é um brincalhão! Com que então o PSD interessado no Sá Carneiro poeta para o panteão! Boa!

OdeonMusico disse...

só vindo de uma ironia fina como à que o sr. Embaixador tem, poderia vir este post!

Heitor Araujo disse...

Conseguiu escrever este texto sem esboçar um sorriso?!

Anónimo disse...

Sá Carneiro suicidou-se me 1916. Marcelo Rebelo de Sousa devia tê-lo equiparado, quando muito, a Pessoa e a Almada.

Anónimo disse...

Sá Carneiro não me parece, pois passou rápido pela vida. Já Cavaco Silva quantos não gostariam de o ver lá?

Luis Filipe Gomes disse...

Deve andar para aí uma confusão entre os Carneiros. O Mário Sá-Carneiro aos Jerónimos já! É verdade que o Pessoa desde que o retiraram dos prazeres nunca mais foi o mesmo e é certo que Campo de Ourique é Campo de Ourique. Mas os Jerónimos têm a vantagem de não exigir corpo presente. Isto porque o Panteão perdeu muita cotação, com más contratações e banquetes que tais.

Anónimo disse...

Alguns figurões que por aí andam a emporcalhar a "coisa pública" bem podiam ir para o panteão...mas JÁ...

Anónimo disse...

Luisa Santos disse...
Ignorância, não me parece. Brincadeira, jogo, ironia?
Bom... já deu para me divertir.
Cumprimentos
Luísa Santos

José Correia disse...

O panteão é uma paranóia faraónica !
PONTO !!!!!!!

José Correia disse...

Caro Luís Filipe Gomes:

...."o panteão perdeu cotação"...??????
-EU não dava uma sonora gargalhada,há ene tempo...!!!!
Grato pelo seu hilariante comentário .
Bem haja !!!

Anónimo disse...

Não só Mário Sá-Carneiro mas todos os poetas portugueses daquela época,fora Fernando Pessoa, quem os conhece lá fora. São poetas folclóricos do país ou são do mundo. Por muitas honras que lhes façam aqui os correligionário partidários das suas ideias..... não é possivel que os ponham nos píncaros de um Panteão.
Mas já nada me espanta, pode sim envergonhar-me.

Anónimo disse...

A seguir, quem o PSD irá propor? Cavaco, Passos, Relvas...
Mas viva Sá Carneiro! (o Mário).

Anónimo disse...

Excelente Post! Que humor delicioso!
Abraço,
Paulo

Anónimo disse...

Por amor de Deus!. Pelo que fez pelo País, já tem uma Praça em Lisboa; um aeroporto, no Porto, mais uma série de ruas pelo País. Penso que já é muito bom.

Anónimo disse...

A importância de se chamar "SÁ CARNEIRO"... eh eh eheh eh

Anónimo disse...

CAVACO SILVA PARA O PANTEÃO. JÁ!

Anónimo disse...

Desde que acabaram com os jantares, aquilo anda muito morto.

Anónimo disse...

Deviam construir mais panteões!
No interior para descentralizar!
Um para cada partido!
Panteões modernos! Com cremação até!
Já estou farto de só haver um panteão com tanta gente a querer ir para lá!

Anónimo disse...

Boa malha.
Confundir deliberadamente os sá carneiros, e pugnar pela ida do pobre e depressivo Mário para o panteão, é uma malha bem lançada.
É que bem vistas as coisas, nem um nem outro cumpriram o seu destino.
O Mário, uma promessa literária afogada pelos complexos de inferioridade com que vivia, desistiu de viver.
Quanto ao Francisco, inchado de complexos de superioridade, não teve tempo de mostrar se tinha unhas para governar Portugal.
E se teve azar em morrer no atentado, por outro teve a sorte de ficar no imaginário dos seus apoiantes como o estadista que iria levantar Portugal. Eu só me lembro do Francisco a entrar e sair do PPD quando não lhe faziam a vontade. Um menino birrento.
Não sabemos, nunca saberemos se teria sucesso, mas tem servido de mote e de exemplo a todos os seus sucessores.
Mesmo o pobre e medíocre Pedro Passos Coelho se arvorava em seu sucessor.
Agora, olhando para os hóspedes do Panteão, não acho grande honra ter tal vizinhança, pelo que podem meter lá o Francisco.

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