Ao longo dos anos, tenho vindo a alimentar um forte ceticismo sobre a eficácia do funcionamento da CPLP. Não obstante reconhecer que, em alguns setores específicos, a organização deu já alguns passos importantes traduzidos na criação de modelos de cooperação entre os seus Estados membros, devo dizer que não tenho encontrado motivos para ser muito otimista quanto à capacidade da CPLP conseguir dar um salto em frente, em especial para se projetar internacionalmente como um valor acrescentado significativo às diplomacias nacionais que a integram. Há meses, na Sociedade de Geografia de Lisboa, numa palestra que fui convidado a fazer sobre o tema, deixei um conjunto de razões que, a meu ver, continuam a entravar o desenvolvimento da CPLP, mais de duas décadas decorridas sobre a sua criação.
Por essa razão, foi-me muito grato constatar que a recente cimeira da CPLP em Cabo Verde pareceu ter dado um impulso muito interessante à organização. A forte e rara presença política nos trabalhos, a assunção da presidência rotativa por parte de uma Angola num novo tempo (com a saudável retirada da candidatura da Guiné-Equatorial, um país cujo regime continua a envergonhar a organização) e a assunção de funções do novo secretário-executivo trazem uma justificada esperança.
Francisco Ribeiro Teles (na foto), o novo secretário-executivo, nesta que é a primeira vez que Portugal ocupa esse posto, é um dos melhores diplomatas das Necessidades, tendo a riquíssima e única experiência de ter sido, sucessivamente, embaixador em Cabo Verde, em Angola e no Brasil - três postos que desempenhou com grande eficácia e brilho. É o homem certo no lugar certo e o nosso país não podia ter encontrado alguém com maior qualificação diplomática para tentar dar um novo impulso à CPLP. Assim possa contar com os meios necessários e com a disponibilidade dos Estados em cujo pleno empenhamento reside a chave para o êxito do seu trabalho.
1 comentário:
Continuamos a aprender coisas interessantes com os textos do Sr. Embaixador :)
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