Relembrando José Mário Branco e o "Tira a mão da popeline" no "Qual é a tua, ó meu?!".
Aqui.
A relevância real de um país mede-se bastante pelo impacto que as suas decisões nacionais podem acarretar para outros. Uma eventual reeleição de Trump iria marcar o destino de grande parte do mundo. A chegada ao poder da extrema-direita em França poderia mudar a Europa.
"For the record": há 15 anos que o PSD não vence umas eleições europeias. Nesse ano de 2009, o seu cabeça de lista foi Paulo Rangel. O PSD teve então 31,7%.
Uma palavra é devida, nestas horas, ao Ministério Público. Fizeram o que puderam, pronto!
Os próximos dias irão deixar claro aquilo em que Macron foi obrigado a ceder a Biden, no tocante ao seu jingoísmo na questão ucraniana. E talvez fique evidente quanto a França teve de adaptar-se para não se afastar dos EUA no tema da Palestina. Não é grande potência quem quer.
Há uma nada inocente vigarice, a que alguma comunicação social dá alento, por desconhecimento ou má fé, que é tentar colar a oposição (forma ínvia de referir o PS) a despesas que podem contribuir para agravar o défice. É falso: nenhuma despesa proposta pelo PS excede o montante global das propostas do governo.
Já passa da meia-noite, aí em Portugal? Não vou apelar ao voto em nenhum partido. No domingo, votem no partido que lhes apetecer. Eu não vou votar. Já votei. Em quem votei? O voto é secreto, para quem o não quer dizer. Mas eu digo: votei PS! Claro. Vocês votem em quem quiserem, mas votem?
Votei no passado domingo, por antecipação. Amanhã, vou passar o dia a refletir sobre quê? Sobre o atestado de menoridade cívica aos eleitores que representa o "dia de reflexão"? E não venham com o estafado "já estamos fartos de campanha!". Se a tornassem mais curta, já não se cansavam!
Quando é a votação, em Conselho Europeu, para a escolha do próximo presidente? É só para saber a semana (antes) em que surgirá por aí mais qualquer coisa que possa relacionar António Costa com a Operação Influencer.
Oportunidade é isto mesmo: o caso das gémeas - que andava por aí há meses - regressa a três dias de umas eleições. Tão óbvio, não é?
França. Eleições europeias.
Eleitores de 18/24 anos.
Comparação de voto em 2019 com as sondagens 2024.
1. Partido de Macron: 20% - 5%.
2. Partido de Le Pen: 12% - 24%.
3. Direita clássica: 20% - 5%.
4. Extrema-esquerda: 13% - 21%.
5. Socialistas: 5% para 12%.
Dá que pensar, não é?
Nigel Farage volta a baralhar as contas dos conservadores britânicos. Encavalitado, desde há uns tempos, numa tribuna mediática, mudou de ideias e regressa a votos. Rishi Sunak estava quase à beira do abismo. Farage dá-lhe agora um empurrão.
Depois das decisões anunciadas em matéria de política migratória, para "passar a mão" pelos votantes do Chega, o governo escolhe para dirigir a AICEP um antigo candidato europeu da Iniciativa Liberal. O recado agora é para os votantes da IL, como quem diz: "Como veem, nós aceitamos (de volta) a vossa gente". O redil está aberto.
A menos de uma semana das eleições, o governo envia um recado aos eleitores do Chega: "Como veem, nós também estamos preocupados com a imigração".
Na véspera, eu tinha já falado para umas dezenas de pessoas, num determinado contexto, que, naturalmente, não iriam deslocar-se ao salão nobre da Câmara Municipal de Angra para me ouvir de novo. Além disso, tinha dado uma longa entrevista ao "Diário Insular", onde basicamente havia dito o que pensava sobre o tema da palestra. A RTP Açores também me tinha convidado, nessa tarde, para meia hora de entrevista.
"Vai aparecer pouca gente", comentei, neste modo "sportinguista" de ser, que tantas desilusões me tem poupado, ao longo da vida. Maneira de viver que, por outro lado, me conduz a inesperadas alegrias. Como foi o caso. Afinal, a sala tinha imensa gente.
Apresentado pelo dr. João Maria Mendes, meu amável anfitrião, e tal como combinado, falei por um pouco mais de meia hora, antes de muitas e pertinentes questões, que me permitiram clarificar alguns aspetos menos desenvolvidos na palestra. Foi uma bela e agradável sessão. De que agora me chegou a fotografia que aqui deixo.
É importante afirmar, sem medo, que ser crítico das políticas de Israel, e mesmo não aceitar a filosofia sionista, nada tem a ver com anti-semitismo, que, como qualquer outra forma de racismo, deve ser denunciado e combatido. Confundir as coisas é pura má fé e sectarismo.
Os próximos tempos irão esclarecer-nos se, como alguns analistas militares aventam, a Rússia já atingiu a sua diversificação possível na utilização de armamento convencional da Ucrânia. A partir daqui, restaria a Moscovo passar ao patamar do nuclear tático. Será assim?
A propósito de observações nas redes sociais sobre os comentadores nos temas internacionais nas televisões, fica-se com a sensação de que há pessoas que gostariam de apenas ouvir opiniões que coincidissem com as suas. Irrita-as o contraditório? Habituem-se! A censura já lá vai!
E estamos assim: ou é "desde o início da invasão que o Seixas da Costa parece pender para a Rússia" até a "comentário de um ex-embaixador todo pró-Ucrânia".
Trump diz que está "muito inocente". Interessante fórmula, se pensarmos que, num modelo gradativo similar, não é possível uma mulher estar apenas "um pouco grávida"...
O senhor ministro da Defesa Nacional - seja sobre SMO, seja sobre uso de material ocidental no ataque à Rússia - tem o direito a ter a sua opinião pessoal, mas deve guardá-la lá para casa ou para os amigos, ao chá. Ao senhor ministro alguém deve lembrar que tomou posse.
Numa intervenção que fiz na CNN Portugal, chamei a atenção para alguns aspectos da guerra na Ucrânia que, em minha opinião, têm sido pouco sublinhados. Vou desenvolvê-los aqui.
O primeiro é dizer, com todas as letras, que a NATO não está em guerra com a Rússia. Isto não é uma "technicality", é uma realidade. E, que eu saiba, também nenhum Estado membro da NATO, muito menos Portugal, está em guerra com a Rússia. Se outro país NATO se considerar como tal, tem de avisar, porque, nesse caso, todos os restantes Estados devem avaliar se são obrigados a mostrarem-se solidários com esse eventual estado de guerra.
A segunda é que não é por acaso que uma entidade chamada NATO não está, enquanto instituição de defesa coletiva, a dar qualquer apoio material à Ucrânia, embora o recorrente jingoísmo verbal do seu secretário-geral possa induzir o contrário. Quem o faz, à medida decidida por cada um, sob um compromisso político, são os diferentes países NATO. Esses países, tal como s NATO, também não estão em guerra com a Rússia, mas, ao contrário da NATO, podem prestar ajuda material a um país estrangeiro. E há algo muito importante que também tem sido pouco dito: nenhum país NATO é um aliado militar da Ucrânia, com um compromisso de solidariedade de defesa com a Ucrânia. Quem não conseguir perceber isto deve perguntar-se por que razão os EUA são, a grande distância, o país mais cuidadoso com a ideia da entrada da Ucrânia para a NATO.
A terceira é uma coisa que alguns hesitam em dizer alto: a Rússia, até hoje, nunca ameaçou nenhuma fronteira da NATO. E não o faz porquê? Não é por "bondade". É porque sabe que, se acaso o fizer, terá de enfrentar a cláusula de defesa coletiva inscrita no artigo 5° do Tratado de Washington. Ou, para sermos mais claros: teria de haver-se com os EUA. Se há país que sabe isso bem é a Rússia.
A quarta é um mito urbano recorrente: se a Ucrânia caísse nas mãos da Rússia, toda a Europa ficaria ameaçada, nenhum país europeu ficaria isento da possibilidade de uma invasão russa. Trata-se de um mito, por várias razões. Desde logo porque nenhum dos pressupostos subjacentes às ambições russas sobre o território ucraniano se verifica face a qualquer outro país europeu. Mas, dando de barato que a Rússia poderia ter essa ambição escondida, gostava que alguém respondesse a esta questão: se a Rússia não é capaz de tomar Kharkiv e, muito menos, Kiev, se, ao fim de dois anos e tal, se arrasta penosamente com avanços e recuos de algumas centenas de quilómetros no território ucraniano, há alguma plausibilidade de que venha a conseguir obter, por milagre, um poder militar que lhe permita chegar a países protegidos pela cláusula de defesa coletiva da NATO? Percebo que esta "ameaça" possa ser um argumento para a manutenção de um "estado de alerta" em todo o espaço da aliança, para um maior empenhamento de todos e de cada um em matéria de defesa e segurança, mas não nos tomem por parvos: não há um mínimo de verdade de que a Rússia seja uma real ameaça militar para o espaço NATO. O que não significa, bem entendido, que seja indiferente à NATO o destino da Ucrânia, cuja queda na tutela russa seria muito negativa para os seus interesses.
A quinta é o facto deste sucessivo "deslizar" da guerra da Ucrânia para patamares de mais profundo envolvimento do ocidente no conflito, em casos mais recentes configurando o uso de meios que pressupõem uma mais direta intervenção na guerra (hipótese de criação de uma zona de exclusão aérea, pessoal de forças armadas NATO no terreno de luta ucraniano, etc.) dever ter um escrutínio democrático a níveis nacionais. Se alguns países NATO, com a complacência ou sob o silêncio de outros, tomarem iniciativas que, a prazo, possam vir a envolver a organização e os seus Estados num eventual conflito, eu, como cidadão português, quero que a Constituição da República seja respeitada: se Portugal pode vir a entrar numa guerra, se essa possibilidade existe, então a Assembleia da República tem de dar o seu aval. Portugal não pode "ir entrando" numa guerra "devagarinho", mesmo que por uma iniciativa de outros, até ao dia em que isso seja um facto, sem que as intituições da República se tenham previamente - repito, previamente - pronunciado nesse sentido. Até lá, nenhum governo português tem mandato para concordar com decisões que possam levar o país a um estado de guerra. Mais: o governo não pode dar o seu aval a decisões que contribuam para um agravamento de tensões, que possam vir a redundar numa guerra que envolva o país. O presidente da República, mais do que ninguém, tem de estar muito atento a isto. E a oposição também.
Gostava que se pensasse a sério nisto, fora de ambientes emocionais.
Hoje, aqui em Angra do Heroísmo, tive uma sensação similar à que, por vezes, me ocorre em Vila Real. Levantei-me sem pressas, fiz três coisas que tinha para fazer durante a manhã e, de repente, dei-me conta de que ainda me faltava imenso tempo, antes da hora do almoço. Agora, com essa refeição acabada, sei que tenho uma boa pausa até ao primeiro dos dois compromissos que hoje ainda tenho, se bem que um deles seja algo distante, na Praia da Vitória.
Imagino que, para quem aqui vive em Angra ou para quem habita em Vila Real, isto seja uma conversa completamente sem sentido. Mas posso dizer que quem vive em Lisboa, com o estado atual do trânsito, percebe muito bem o meu sentimento. Aqui, nesta terra, parece haver tempo para tudo. Até o ritmo das pessoas parece adaptado a este doce deixa-andar. E, contudo, esteja eu onde estiver, Lisboa faz-me falta. Que coisa!
Zelensky esteve seis horas em Portugal. Foi recebido com inédita atenção institucional e, de tudo quanto ouviu dos seus interlocutores, pôde levar uma certeza: Portugal é, no seio dos Estados europeus, um dos que se afirmam politicamente mais empenhados no apoio ao seu país. Nesse aspeto, Montenegro e Marcelo estiveram impecáveis, na forma e na substância. Para esta última, teria feito falta um pacote financeiro mais forte. Mas a vida é o que é e cada um dá o que pode - e Portugal avançou com um envelope simpático, à sua medida. Em síntese: face ao compromisso político assumido desde o início desta guerra, Portugal foi coerente, com a mudança de governo a não afetar minimamente a posição do país. Pode dizer-se que, por parte deste governo, Zelensky tem vindo a poder contar com uma atitude talvez mesmo um pouco mais aberta no tocante ao apoio à adesão à União Europeia e à NATO. António Costa tinha sempre usado uma linguagem mais cautelosa. Luís Montenegro deixou cair as cautelas. Verdade seja que pouco passará por nós, se e quando essas decisões vierem a ser tomadas. Mas Zelensky ficou a saber que, em qualquer circunstância, Lisboa não fará parte do problema, no que depender de quem atualmente fala pelo nosso país. Valeu a pena a Zelensky ter vindo a Lisboa? Valeu, num tempo em que todos os apoios não são demais para a cada vez mais difícil aposta nacional que titula. Valeu a pena toda a coreografia de apoio político que governo e presidente desenvolveram, embora com um eco mediático que chegou a roçar algum ridículo pelo exagero? Politicamente, Portugal aproveitou para sublinhar bem a sua inequívoca postura - repito, coerente com a opção política tomada, e sem falhas, desde o primeiro momento. Além disso, na perspetiva dos interesses dos nossos atores institucionais, sim, com certeza, porque é sempre interessante para líderes políticos colarem-se a causas que sabem ser populares - e o apoio à Ucrânia, manifestamente, é, nos dias de hoje, uma causa popular e uma indiscutível tendência maioritária em Portugal. Ficaram todos muito bem na fotografia.
Sente-se uma despropositada excitação em torno da deslocação de Zelensky a Portugal. A visita tem uma importância apenas relativa. Insere-se no périplo ritual do líder ucraniano aos países que têm apoiado a sua luta. E o que vai ser assinado será mais simbólico do que relevante para essa mesma luta.
Em países onde há eleições basicamente livres, é enganador personalizar a culpa nos líderes: não é Trump quem leva a América a agir de uma certa forma. É a América que escolhe Trump para assim proceder. É a Israel e não a Netanyahu que o mundo deve pedir contas.
O que se passa em Gaza, com campos de refugiados bombardeados e mais algumas dezenas de civis mortos, começa a estabelecer uma fronteira moral pelo mundo: entre quem não aceita isto e quem, contra toda a evidência, não se escandaliza e acaba sempre por ficar do lado de Israel.
Um dia, o Partido Socialista vai ter de refletir seriamente sobre as razões pela quais, há quase 50 anos, tem sempre um resultado no máximo sofrível na vida política da Madeira. O PS também já devia ter aprendido que insistir num erro não é o caminho para o sucesso.
Repito o que digo desde o início. Israel não combate o Hamas, combate o povo palestino. Para Israel, um cidadão palestino tem, claramente, uma dignidade, como ser humano, inferior à de um cidadão israelita. E alguns que se vão indignar com este post pensam exatamente isso mesmo.
Querem recordar como começava a "Tarde Desportiva" da Emissora Nacional? Cliquem aqui.
Era um país arrumadinho, era, mas muito chato, convenhamos.
Lembrei-me disto ontem, ao ver a emocionante final da Taça, entre o Manchester City e o Manchester United. Contra a corrente dos dias, o United ganhou ao City, que tem tido muitos dos seus últimos anos cobertos de glória, interna e internacional, sob a batuta de Josep Guardiola. As coisas não eram assim naquele meu tempo britânico. Por essa altura, o City era o "parente pobre" da cidade de Manchester, uma espécie de Atletico de Madrid face ao Real, ou do Español face ao Barça. O Manchester United, com uma história gloriosa, e até com uma tragédia pelo meio, era então o clube mais importante, com forte projeção internacional. Nos últimos anos, contudo, o United tem andado "debaixo de água". Ontem, na final da Taça, renasceu por uma vez das cinzas (em 2023/24 ficou em 8° na Premier League) e bateu o rival City por 2-1, assegurando assim um lugar nas competições europeias.
O bom futebol, para quem dele gosta - e eu gosto -, é um imenso prazer.
Os meus sinceros sentimentos à sua família.
A linguagem e a "coreografia" da casa real britânica, em torno da saúde da mulher do príncipe herdeiro, não prenunciam nada de bom.
Há algo que o mundo aprendeu: quando o Reino Unido anuncia a possibilidade de dar um novo passo em termos de ajuda a Kiev, sem que atitude idêntica tenha ainda sido anunciada pelos EUA, isso significa que, cedo ou tarde, Washington fará o mesmo. O RU é apenas uma "lebre" dos EUA.
Os conservadores europeus vão ser proximamente sujeitos a um belo teste: se serão ou não capazes de resistir à sedução de uma aliança com a extrema-direita "apresentável". Quando se começa a pescar fascistas à linha, só porque dão jeito para certas políticas, é o oportunismo a prevalecer sobra a decência. Se assim procederem, adotarão o mais miserável princípio rooseveltiano: "He is a son of a bitch, but he is our son of a bitch".
A Universidade de Aveiro atribuiu um doutoramento "honoris causa" a Sérgio Godinho. Grande, grande é a universidade que decide tomar uma decisão destas ! Sérgio Godinho projeta-se em várias gerações portuguesas, com liberdade, alegria, sensibilidade e cultura. Viva a Universidade de Aveiro!
Meses depois do parágrafo ("qual é a pressa?"), António Costa foi ouvido. Confirmando as expetativas, saiu do DIAP ("ainda", acrescenta, hábil, uma folha digital) sem qualquer medida de coação. "Mas isso agora não interessa nada" (como diz alguém). O importante está feito, não é?
Se houve um efeito colateral positivo na convocação antecipada de eleições legislativas no Reino Unido foi o arquivar definitivo da celerada ideia de "exportar" para o Ruanda os candidatos a asilo. Pelo menos, os britânicos ficarão sem essa mancha moral no currículo do país.
Viktor Yanukovych, o presidente ucraniano forçado a abandonar país depois de Maiden, em 2014, juntou-se hoje a Putin em Minsk. Será que Putin pretender explorar o argumento do termo formal do mandato presidencial de Zelensky? E irá alegar a "legitimidade" residual de Yanukovych? Seria bizarro, mas, naquele mundo, tudo pode acontecer.
Segundo várias fontes do Kremlin, ouvidas pela Reuters, Putin poderia estar aberto a um cessar-fogo na Ucrânia, com "congelamento" da atuais linhas de frente. A ver vamos.
Havia? Já não há.
Perguntei ao ChatGPT que respondesse a esta questão: • Supremacia no Hemisfério Ocidental e “doutrina Monroe” revisitada O documento reafir...