... quem anda pelos Alentejos: ler aqui.
segunda-feira, fevereiro 20, 2023
Assim, não vamos lá!
Kiev, hoje
domingo, fevereiro 19, 2023
Outras bandas
sábado, fevereiro 18, 2023
Tico Tico
Avante, camarada Costa!
Pensem!
A herança de Marcelo
Passos perdidos
E os princípios, senhores?
Pergunta
A luz de João Salgueiro
João Salgueiro, que ontem morreu aos 88 anos, morava quase em frente a mim. Desde sempre, em todas as noites do ano, duas da janelas da sua casa permaneciam com a luz acesa. Tive sempre curiosidade de saber porquê, mas nunca lhe perguntei.
Salgueiro foi um brilhante jovem membro do governo de Marcelo Caetano. Fundador da Sedes, viria a ser, depois do 25 de Abril, uma importante figura dentro do PPD/PSD, a cuja liderança chegou a ser candidato. Mas ganhou Cavaco Silva. Ocupou o cargo de ministro das Finanças, de presidente do Banco de Fomento Nacional e da Caixa Geral de Depósitos, tendo sido igualmente professor universitário.
Conheci Salgueiro em 1979, na Noruega. Uma década depois, ao tempo em que era presidente do Banco de Fomento Nacional, desafiou-me para uma "aventura" na área bancária que decidi não aceitar, trocando-a pela ida para a embaixada em Londres. Em 2012, ambos integrámos a comissão que preparou o anterior Conceito Estratégico de Defesa Nacional. A partir do ano seguinte, voltámos a cruzar-nos, com regularidade, numa tertúlia "discussante", bastante matutina, que Miguel Lobo Antunes reunia na Culturgest, da qual resultaram debates públicos e que produziu documentos coletivos que foram publicados na imprensa. Quando Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa mostraram interesse em conhecer os trabalhos desse grupo, foi João Salgueiro o nosso eloquente porta-voz, nas reuniões que tivemos em Belém e S. Bento.
João Salgueiro era um homem frontal, sem receio de dizer o que pensava - e pensava muito bem. Tinha uma leitura clara, às vezes bastante cética, sobre as coisas da pátria, cujos destinos levava muito a sério. Extraordinariamente inteligente e sempre atualizado sobre a vida económica, portuguesa e internacional, era um profundo conhecedor da área bancária, tendo sido presidente da Associação Portuguesa de Bancos. Sobre o projeto europeu, assunto que muito o interessava, alimentava algumas justificáveis, e creio que crescentes, reticências. E não o escondia. Por algumas vezes, em torno do tema, convidou-me a colaborar nas aulas de Economia que dava a alunos estrangeiros, na Universidade Nova de Lisboa.
A nossa tertúlia, como acontece com tudo, acabou um dia. Aos poucos, fui também deixando de encontrar João Salgueiro pela nossa rua comum, como sucedeu por vários anos. Há momentos, olhei para a casa. A luz já está apagada.
sexta-feira, fevereiro 17, 2023
Como?
Lateralização
Munique
quinta-feira, fevereiro 16, 2023
“A Arte da Guerra”
quarta-feira, fevereiro 15, 2023
O fim da Cultura e o meu Aurelião
Fico sempre triste quando sei do fim de uma livraria. Leio agora que a rede de livrarias Cultura, no Brasil, entrou em falência.
Catarina Martins
Em todo esse percurso do Bloco esteve Catarina Martins. Uma mulher determinada, que sempre me pareceu sincera e empenhada nas soluções que propunha, estivessem elas certas ou erradas.
Catarina Martins entendeu agora encerrar o seu ciclo de liderança, primeiro num dueto que deu ares de harmónico com João Semedo, depois a solo. Desejo-lhe as maiores felicidades pessoais.
terça-feira, fevereiro 14, 2023
O romantismo já não é o que era!
Eu e um amigo decidimos levar as nossas mulheres a jantar fora, hoje, no dia dos namorados. Como tenho, em geral, esse pelouro, foi-me solicitado que escolhesse e reservasse o restaurante. E assim fiz! Porém, quando anunciei que iríamos jantar ao Orelhas, em Queijas, fiquei com a sensação de que a minha seleção pode ter pecado por algum défice de romantismo. Também acham? Paciência! De uma coisa tenho a certeza: vamos comer muito bem!
segunda-feira, fevereiro 13, 2023
Clickbaitismo
Iliteracia
Falar claro
Manuel Rocha
Áfricas
Já passaram muitos anos desde esse dia. Estávamos num almoço com uma delegação estrangeira, chefiada pelo primeiro-ministro desse país, oferecida pelo seu homólogo português. Notei que a cara de um colega e amigo, sentado quase à minha frente na longa mesa, não era das mais felizes.
Ele estava colocado num determinado país africano e nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, também ali presente, tinha-o informado, horas antes, que o seu próximo destino seria... um outro país africano. Curiosamente, um país onde, anos atrás, ele já estivera colocado.
Ter já passado, em duas vezes, um total de oito anos em África, com a perspetiva de um período de mais quatro anos numa capital africana onde já servira, era uma ideia que não agradava, compreensivelmente, àquele meu colega.
Não obstante o interesse profissional dos postos, a vida em África acarreta quase sempre problemas específicos, pessoais e familiares, pelo que, muito legitimamente, ele ansiaria ter um outro destino geográfico. O ministro, contudo, por qualquer razão conjuntural que já não recordo, fora muito insistente e não lhe dera qualquer alternativa.
A conversa ao almoço derivou, a certa altura, para a Revolução do 25 de Abril. Pedagógico, o chefe do governo português explicou ao seu convidado as motivações subjacentes à revolta contra Marcello Caetano. Dentre essas razões, elencou os problemas de carreira e as pulsões democráticas que atravessavam a tropa, para concluir: "Além do mais, os oficiais portugueses estavam cansados de fazer várias comissões de serviço em África".
Foi então que se ouviu, num sonoro aparte em português, a voz do meu colega: "Como eu os compreendo!".
Dei uma gargalhada de solidariedade, cujo significado poucos entenderam. Talvez o nosso ministro. Do outro lado da mesa, o António sorriu.
domingo, fevereiro 12, 2023
Hesitação
A febre
O meu avô paterno nasceu na Seara, uma aldeia da margem esquerda do rio Lima. Era filho único de pais com escassas posses, pelo que só conseguiu ser educado graças à ajuda de um filantropo de Ponte de Lima, que lhe pagou os estudos e o ajudou a encaminhar a vida.
sábado, fevereiro 11, 2023
Na cesta…
Há um mito rural, na minha família materna, segundo o qual uma das minhas bisavós era bastante rica.
sexta-feira, fevereiro 10, 2023
“A Arte da Guerra”
Pode ver aqui.
Foro La Toja
O sol e a saudade
quinta-feira, fevereiro 09, 2023
“Primeiro de Maio”
Esse era o tempo de um outro Bairro Alto, ainda sem “Frágil” nem “Pap’Açôrda”, onde não tinham despontado o “Casanostra” ou o “Bota Alta”, em que, para a noite, o “Alfaia” já estava na moda e à medida dos nossos bolsos, tal como, um pouco mais tarde, aconteceria com o “Baralto”, o “Fidalgo” e a “Tasca do Manel”. A “Baiuca” e o “El Ultimo Tango” ainda estavam para nascer. Do que por lá vai agora, nem sombras.
Mudei entretanto de ofício e de geografias de trabalho. A partir dos anos 80, quando vivia ou visitava Lisboa, era regular visitante do “Primeiro de Maio”. Aos sábados, era a minha cantina de almoço, sempre com a cinematográfica figura de António Lopes Ribeiro, já bem entrado na idade, a dominar uma das mesas. O “Primeiro de Maio” foi muito “trendy” por bastantes anos, com figuras e figurões bem conhecidos, da política à cultura, por ali amesados.
A cara tutelar do “Primeiro de Maio” era então o senhor Santos, com a sua mulher na cozinha. O seu sorriso acolhedor recebia-nos mal surgíamos no alto dos degraus de entrada. Nesse tempo em que reservar era a exceção, a regra, para nós, era aparecer uma mesa quase por milagre, com intimidade garantida com inesperadas vizinhanças, entre as quais cheguei mesmo a criar amizades. Belos tempos esses!
Entre as mesas do “Primeiro de Maio”, a certo momento, passou andar o Mário, sobrinho do senhor Santos, um miúdo que ajudava ao serviço. Desde que o tio se reformou, passou ele a ser a minha âncora numa casa onde, contudo, ultimamente não tenho ido muito. Fui hoje, com uma tertúlia aperiódica de cavalheiros que andam pela vida como os ingleses conduzem pelas estradas, um grupo que não tem pouso fixo, que erra (às vezes acerta) por vários endereços.
O Mário lá continua, à frente da casa, sempre simpático, herança boa do tio, que vive a merecida reforma na Beira. Os turistas que, aqui há uns anos, tornavam o espaço numa babel às vezes excessiva, desapareceram, desde há uns tempos, para as centenas de outras paragens que vão abrindo e fechando por essa Lisboa. O que havia de gente a mais, num certo período, parece haver a menos, nos dias que correm. E é pena.
Um conselho para antropólogos amadores com bom gosto, curiosos de uma certa Lisboa do passado que ainda por aí subsiste: passem pelo “Primeiro de Maio”, almocem ou jantem num local que terá sempre uma linha bem estimável na história da restauração de Lisboa. Vão lá sem a menor nostalgia, apenas porque sim. Ah! Podem dizer que vão da minha parte (não tenho comissão, garanto!) e peçam sugestões ao Mário. E aproveitem para descobrir os belos vinhos que sempre houve por lá.
Onde é? É na rua da Atalaia, 8, com o telefone 213 426 840.
“Links”
Desde a criação deste blogue que peço que evitem colocar “links” para outros textos. Escrevam comentários próprios, mas não transformem isto num “cabide”, por favor.
O que correu mal?
Há cerca de um ano, no início das hostilidades na Ucrânia, a revista Visão pediu-me um artigo sobre a conjuntura. À época, não o reproduzi aqui, porque, naturalmente, ele só estava acessível a quem adquirisse a revista. Publico-o agora, para testar se o texto resistiu ao tempo.
quarta-feira, fevereiro 08, 2023
Nordstream 1 - Verdade 0
A “branca”
Engenharias
terça-feira, fevereiro 07, 2023
Mas deve haver…
Moedas
Lula (2)
Lula (1)
Nove teses de fevereiro (9)
Nove teses de fevereiro (8)
Nove teses de fevereiro (7)
Nove teses de fevereiro (6)
Nove teses de fevereiro (5)
Nove teses de fevereiro (4)
Nove teses de fevereiro (3)
Nove teses de fevereiro (2)
Nove teses de fevereiro (1)
segunda-feira, fevereiro 06, 2023
Exames
Deturpação
Temida?
Marta Temido é a nova líder concelhia dos socialistas. Para muitos, isto confirma o rumor de que ela irá ser a candidata do PS à Câmara de Lisboa, concorrendo contra Carlos Moedas, nas próximas eleições autárquicas. No mundo de trocadilhos que por aí anda, não se admirem se os seus camaradas vierem a crismá-la de “A boa Moeda”.
O senhor Catorze
Por isso, hesitei um pouco antes de dedicar este post à palava “catorze”. Porquê? Porque, ao lembrá-la, me veio à memória uma imagem com bem mais de 60 anos: o Senhor Catorze.
Era em Bornes de Aguiar, perto das Pedras Salgadas, onde, de Vila Real, íamos, às vezes, passar uns dias, ao tempo em que eu era miúdo, à casa onde tinha nascido o meu avô materno.
Havia lá pela aldeia um homem que me recordo sempre de ver agarrado a um cajado, mancando fortemente ao andar. Nunca soube se era doença de infância ou o fruto de um acidente mal tratado. Sei é que, quando parava para a conversa, no largo do Cruzeiro, quase sempre encostado a uma parede, uma das pernas fletia em ângulo quase reto e assentava sobre a outra, desenhando uma espécie de 4. Ao lado, o cajado funcionava como um 1. E o homem era assim conhecido pelo “Catorze”…
Chamava-se Francisco, mas toda a gente se lhe referia como o “Catorze”, ou o Francisco “Catorze”. E, dele, a designação passou à família: sem que a implícita similitude com a corte de Versalhes fosse evidente para a esmagadora maioria da aldeia, o irmão era conhecido como o Luís “Catorze”…
Claro que ninguém o chamava diretamente dessa forma, salvo em discussões mais acaloradas pelo álcool na venda do Chico, onde o cajado era chamado a defendê-lo do apodo pelo qual, nas suas costas, ele sabia que era designado.
Eu, que só o via à distância, por muito tempo não soube qual era o seu nome verdadeiro. Sei é que, por respeito à idade ou temor ao cajado, mas cavalgando o abuso sobre a deficiência motora do homem, me referia sempre a ele como o Senhor Catorze.
Por que diabo me fui lembrar hoje o Senhor Catorze? Porque só agora notei que, no passado dia 2 de fevereiro de 2023, este blogue “Duas ou Três Coisas” perfez 14 anos de publicação (foi iniciado em 2 de fevereiro de 2009), sem que em nenhum desses 5.110 dias alguma vez tivesse faltado à chamada. Foram cerca de 11 mil posts que aqui deixei, escritos a partir de 33 países diferentes, que originaram mais de 72 mil comentários, convocando 8,6 milhões de visitas, vindas de 178 países. E por aqui irei andando, “se a tanto me ajudar o engenho e arte” - e a paciência, minha e dos leitores “que tão generosamente me acolhem no seu seio”, como, lá na Várzea de Colares, A. B. Kotter dizia dos portugueses que lhe aturavam as caturrices.
O Senhor Catorze há décadas que deve ter uma cruz em cima da campa, no cemitério de São Martinho, morada derradeira onde estão muitos dos meus. Morreu sem que a internet existisse, sem saber o que era um blogue, sem que lhe passasse pela cabeça o que hoje é o politicamenre correto. Mas se alguém lhe chamasse Catorze, era o bom e o bonito lá por Bornes…
(ps - Ah! E por favor! Não tragam para aqui a discussão sobre se se escreve catorze ou quatorze…)
domingo, fevereiro 05, 2023
TGAD
É isto que penso
sábado, fevereiro 04, 2023
Já vale tudo, não é?
sexta-feira, fevereiro 03, 2023
Luís Moita
"A Arte da Guerra"
No "A Arte da Guerra" desta semana, o podcast sobre questões internacionais do Jornal Económico, converso com António Freitas de Sousa sobre o processo de armamento da Ucrânia, a ação externa de Israel e a visita do MNE russo a Angola. Ver aqui.
quinta-feira, fevereiro 02, 2023
Dia mundial dos dias mundiais?
quarta-feira, fevereiro 01, 2023
Saudades do Carteiro
Ontem, na reunião periódica na empresa, onde, nos últimos sete anos, o fui encontrando, com regularidade, não o vi. Estava doente, disseram. Por detrás do olhar de quem o disse, pareceu-me descortinar alguma coisa mais.
Era um homem aproximadamente da minha idade. Especialista na área técnica em que, desde há décadas, colaborava com a empresa, foi essencial para me ajudar a entrar nas minhas novas funções. Caloroso, bem disposto e com um permanente sorriso, retribuí-lhe um dia toda a sua simpatia convidando-o para um almoço, que acabou por ser muito divertido, num restaurante que ele próprio me revelou, "O Carteiro".
Fomos íntimos? Longe disso! Tratávamo-nos pelo nome próprio, trocávamos mensagens, em especial durante a pandemia, que acabou por atingi-lo. Falávamos, às vezes, pelo telefone. Uma vez ligou-me de Moçambique, outras do Alentejo, onde gostava de sossegar a vida. Sempre bem disposto, sempre positivo.
Ontem, ao final da manhã, saí daquela reunião com um mau pressentimento. Mas, disse para mim, eu é que sou um incurável sismático - como o meu pai designava aqueles que ficam a remoer tudo na negativa.
À noite, chegou-me a notícia. O Carlos Bernardes tinha morrido. O velório foi hoje, o funeral será amanhã.
É assim a vida, é assim a morte.
Um passado demasiado presente
O nosso amor brasileiro
Naquele final de tarde de 2009, em Paris, na residência em que Calouste Gulbenkian guardou por muitos anos a sua fabulosa coleção de arte, percebi um pouco melhor o que a nossa cultura podia representar para o mundo exterior à língua portuguesa.