Num dos anos em que participei, estava presente um americano, de que apenas me lembrava vagamente de ter lido alguns artigos na imprensa, cujas intervenções nas sessões foram brilhantes e acutilantes. Chamávamos-lhe simplesmente Joe, era antigo director no Banco Mundial e com ele estabeleci, desde o primeiro momento, uma relação pessoal muito simpática. Isso fez com que, no regresso por Atenas, com as respectivas mulheres, tivéssemos organizado uma divertida jantarada na Plaka. Trocámos cartões e, como, à época, ambos vivíamos em Nova Iorque, ficámos de nos ver.
Poucos meses passaram e, um dia, recebo um e-mail da organização do Symi Symposium alertando-me para a necessidade de darmos parabéns ao Joe. Acabara de ser-lhe atribuído o Prémio Nobel da Economia: era Joseph Stiglitz, que viria a ser um dos mais marcantes críticos da administração Bush.
Dias depois, fui convidado para sua casa, no Upper West Side, em Nova Iorque, para um lançamento privado do celebérrimo "Globalization and its Discontents", e tive-o a jantar na minha, com Jorge Sampaio, numa noite em que nos deslumbrou com o seu brilho.
Por esta historieta se pode ver bem a desvantagem de se ser um embaixador com limitado conhecimento do mundo da grande economia mundial. E que o confessa, sem a menor dificuldade.
A área política republicana criou, no âmbito da campanha presidencial de John McCain, a figura de "Joe, the plumber", uma espécie de caricatura do americano médio. Obama pôde contar, no seu grupo de apoiantes, com este magnífico "Joe, the economist". E ganhou, claro.