sábado, outubro 19, 2024

"Ararate"


Finalmente, fui hoje comer ao "Ararate", um restaurante arménio em Lisboa, perto da Gulbenkian, de que me falavam bem. O espaço tem uma decoração banal, resistindo aos arrebiques folclóricos. Que tivesse dado conta, também não havia por ali referências à Arca de Noé, o velho mito local ligado ao Monte Ararat, com que me lembro de ter sido brindado quer em Yerevan, quer numa zona da Turquia vizinha do monte.

O ambiente é um pouco barulhento. O serviço é atento e competente, embora a noite fosse de muito movimento, o que me dizem ser frequente, dado o êxito comercial do restaurante. 

Assustei-me quando vi um menu com fotografias dos pratos (a imagem daqueles infernais "caçadores de turistas" da Baixa lisboeta veio-me logo à ideia), mas não tinha razão para isso: a singularidade daquela gastronomia justifica plenamente que possamos ter, por antecipação, uma imagem daquilo que nos propõem, que ali vem acompanhada por uma descrição muito competente de cada prato.

Éramos quatro pessoas. Com um couvert leve, quatro pratos, três sobremesas, um razoável vinho arménio (a carta de vinhos é bem construída, com propostas portuguesas e arménias, estas utilmente explicadas com as castas e sabores), cafés e água, pouco passou das três dezenas de euros/pessoa. 

O mais importante: comeu-se muito bem, todos ficámos muito satisfeitos. Vou regressar em breve ao Ararate. Ficaram-me os olhos e o apetite para alguns outros pratos que por ali vi.

5 comentários:

carlos cardoso disse...

Senhor Embaixador, a « barca » de Noé, em vez da « arca », foi propositado ou distração? (se foi distração não publique este comentário)

LF disse...

30€/pessoa??!! Francamente!!! Haja comedimento!
Regressei à dias da Arménia e la come-se por bem menos!!!
Bom domingo

manuel campos disse...

Diz bem “daqueles infernais "caçadores de turistas" da Baixa lisboeta”, aquilo é intragável, as fotografias são porque as vejo de vez em quando, a comida também deve ser ainda que nunca a tenha provado).
Em todas as esquinas lá as temos, junto a um “caçador de turistas” de carne e osso que nos pergunta no inglês dele se queremos “Lunch, sir?” e a quem se responde “No, thank you” porque o homem (são sempre homens) está ali a ganhar a vida.
No entanto se descer da zona das Portas do Sol para a Baixa, não na direcção do Martim Moniz mas passando pela Sé, estão aqueles passeios estreitíssimos atravancados de hordas de turistas a subir penosamente e a parar de 10 em 10 metros para fotografar “yellow trams” e cavaletes iguais a esses que passam a vida a caír com os encontrões que lhes dão.
No Japão já há muitos anos (pelo menos há 50, que eu tenha visto), é comum que muitos restaurantes “normais de rua” tenham na montra os pratos que servem em perfeitas reproduções “fake”, normalmente com um número a identificar o prato e o preço do dito, o que facilita muito a vida a toda a gente, mais ainda na altura em que por lá andei em que as pessoas mais instruídas falavam o que eu denominava como “japanenglish” e ao resto da população nem por gestos lá chegávamos.
Quem não conheça e queira ver do que falo procure “japanese fake plastic food” na pesquisa do Google.
A propósito disso e para vermos como esses trabalhos em plástico eram notáveis (também havia aqui e ali uns mais manhosos, mas era raro), o que era atributo reconhecido daquelas gentes, um colega meu costumava dizer que nas sapatarias de luxo se encontravam “caríssimos sapatos de couro imitando na perfeição o plástico”.

Tony disse...

Ainda hoje os meus filhos e netas, foram ao Ararate. Vão lá sempre que acaba o Concerto periódico na Gulbenkian, como foi hoje o caso. Eles gostam muito. Eu, ando há tempo para lá ir. Com mais este estimulo do seu comentário, fico ainda mais entusiasmado. Obrigado.

Luís Lavoura disse...

Na rua Luciano Cordeiro há um restaurante de cozinha georgiana que também tem tido um sucesso comercial assinalável. O Francisco deveria lá ir um destes dias e dar-nos a sua opinião sobre ele.

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