quinta-feira, outubro 31, 2024

O Sporting, o Porto e o Benfica


Hoje, fui simpaticamente convidado para ir, com um grupo, ver jogar o Sporting com o Arsenal, em Alvalade, no dia 26 de novembro. 

O Sporting é o meu clube. O Arsenal é o meu clube preferido no Reino Unido. Mas espero ver o Sporting derrotar o Arsenal, claro.

Já irão perceber a razão pela qual, a propósito ou a despropósito disto, me lembrei do vinho do Porto.

Embora a França seja o primeiro destinatário mundial das exportações de vinho do Porto, o Reino Unido foi, desde sempre, o mais tradicional destino de venda do Porto de boa qualidade.

O vinho do Porto há muito que faz parte da tradicional cultura social britânica. Num jantar britânico, é de bom tom, no final da refeição, colocar sobre a mesa uma garrafa de cristal com "Port Wine": cada pessoa serve-se a si própria e, após fazê-lo, pousa a garrafa sobre a mesa, colocando-a à sua esquerda, por forma a que o parceiro desse lado proceda de forma idêntica. É considerada má educação passar a garrafa diretamente para a mão do vizinho do lado: deve ser ele a levantá-la da mesa. Ah! e, sem exceção, a circulação da garrafa fez-se de acordo com esse sentido, o dos ponteiros do relógio.

Em 1992, o Benfica foi jogar a Londres, precisamente com o Arsenal. A direção dos "gunners" (designação popular do Arsenal) convidou a direção do clube português para um jantar, num restaurante de Regent Street. Como encarregado de negócios de Portugal, tive o privilégio de ser incluído pelo Arsenal no pequeno grupo de convidados portugueses. Chegado o final do jantar, assomou à mesa um "decanter" com o vinho do Porto, gesto de gentileza para com visitantes, ainda por cima portugueses. 

E aí, para surpresa imensa de quem nos convidava (e um pouco também minha, confesso), nenhum - repito, nenhum - dos portugueses, com a exceção do diplomata presente, aceitou beber um cálice de Porto (o copo da imagem é uma brincadeira futebolística, claro). Uns diziam abertamente que não gostavam, outros que lhes fazia mal e era "pesado", outros apelaram a uma alternativa, como um "malte" ou um cognac. A cara dos britânicos era indescritível.

Para a pequena história: no campo, o Benfica ganhou.

9 comentários:

manuel campos disse...

Bebo vinho (de preferência tinto) a todas as refeições sem excepção, bebo um whisky bem medido depois do jantar todos os dias, bebo uma coisa qualquer a que as circunstâncias sociais obriguem, mas vinho do Porto não.
E não é não, gosto mas cai-me muito mal.
E esta hein? (Fernando Pessa)

Flor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flor disse...

Que deselegância!

AV disse...

Aprendi a apreciar um bom vinho do Porto, nas suas diferentes variedades, no Reino Unido.

Luís Lavoura disse...

Eu também não aprecio vinho do Porto. Os ingleses que o bebam!

AV disse...

Flor, inteiramente de acordo. Uma grande deselegância da parte dos nossos compatriotas.

Carlos Antunes disse...

Lá estarei também no próximo dia 26 de Novembro para o jogo com o Arsenal, no meu lugar habitual (Gamebox).
Já sem a batuta do RA, claro que espero uma vitória.

Nuno Figueiredo disse...

visto na Revista : conhece o Porto Andressen...?

balio disse...

Parece que no Reino Unido há um teste para a obtenção da nacionalidade britânica em que verificam se as pessoas bebem chá com leite ou sem leite, sendo que para se se tornarem britânicas têm que o beber com leite.
Eu diria que gostos não se discutem e que gostar de chá com leite, ou de vinho do Porto, não deveria definir a nacionalidade de ninguém.

Genial

Devo dizer que, há uns anos, quando vi publicado este título, passou-me um ligeiro frio pela espinha. O jornalista que o construiu deve ter ...