quinta-feira, outubro 31, 2024

André Freire


Quando uma morte ocorre de uma forma inesperada, acidental, costuma dizer-se que é uma morte estúpida. A morte de André Freire, uma figura marcante da nossa vida académica e cívica, no auge da sua pujança intelectual, é uma morte imensamente estúpida.

13 comentários:

Nuno Figueiredo disse...

é. RIP.

Anónimo disse...

Peço desculpa, mas o meu pai morreu também de uma infecção hospitalar. A revolta e a injustiça são enormes e não passam.

Infelizmente, no nosso país, cada vez que alguém morre devido a uma infecção nosocomial a reacção da imprensa é de abafar, menorizar ou compreender. Por isso nos rankings europeus na matéria, raramente divulgados, somos dos piores classificados. Atiramos o lixo para debaixo do tapete.

Fora isso, esta morte vem ao encontro do que eu já pensava: Hospital da Luz, não muito obrigado.

Luís Lavoura disse...

no auge da sua pujança intelectual

Aos 63 anos de idade ninguém está no auge da sua pujança intelectual.

Tony disse...

Segundo notícias: Operação a um ombro, efetuada no Hospital da Luz. Pós intervenção, contraiu lá, uma forte bactéria. Como foi óbvio, fora recambiado, para um Hospital do SNS, (HSFX). Infelizmente, não foi a tempo da reversão. Nota: Cá para mim, o Hospital da Luz, não irá gostar de como a notícia fora redigida.

Américo Costa disse...

Exmo Senhor Embaixador:
Esta notícia resume o expoente negócio da saúde. E só se soube porque a pessoa em questão era uma figura pública. Acontece todos os dias. Corre mal no privado e são transferido para os hospitais públicos. Ou termina o dinheiro do seguro de saúde e é transferido para o hospital público. Infelizmente a minha classe (neste momento já considero uma corja) contribuiu, em grande escala, para o fim do nosso SNS. Vamos mais depressa comemorar os 100 anos do Golpe do 28 de Maio de 1926, que os 50 anos do SNS.
Américo Costa
Médico Pneumologista em exclusividade desde sempre no SNS.

Luís Lavoura disse...

Anónimo,
segundo notícia no Público,
"André Freire foi operado esta terça-feira ao ombro no Hospital da Luz, em Oeiras, tendo sofrido uma paragem cardio-respitatória após a cirurgia que obrigou à sua transferência para o Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, por ser o hospital mais próximo com cuidados intensivos, onde acabou por morrer. [...] Fonte hospitalar do Hospital da Luz disse ao PÚBLICO que não houve nenhuma infecção pos-cirúrgica, ao contrário do que tinha sido inicialmente divulgado pela RTP."
Não se tratou, pois, de qualquer infeção hospitalar (aliás, uma tal infeção dificilmente mataria uma pessoa tão rapidamente).

Luís Lavoura disse...

é uma morte imensamente estúpida
Não é estúpida.
O meu avô faleceu com 72 anos já no final de uma cirurgia trivial (para lhe tirarem uma pedra de um rim, coisa que atualmente não requer cirurgia). O coração não resistiu à anestesia, foi-se abaixo.
Outra pessoa de quem ouvi falar, com 36 anos de idade, ficou transformada num vegetal por uma paragem cardiorrespiratória logo no início de uma cirurgia - teve uma reação alérgica ao anestésico.
São coisas que acontecem. Uma cirurgia acarreta sempre grandes riscos, mesmo quando é deveras trivial.

C.Falcão disse...

Morte estúpida para quem ? Para os outros. Só ele é que soube se sofreu. Como chamar a morte e o sofrimento, de que foram vítimas (tempestade em Valência ) todos aqueles surpreendidos dentro dos carros respetivos, verem a morte aproximar-se, saberem que iam morrer. Mes ambles condoléances à tous

manuel campos disse...

Não gosto do Hospital da Luz e não quero lá ir parar.
Posto isto há aqui aspectos que é preciso salientar.
Primeiro: ainda não se sabe exactamente o que aconteceu portanto elucubro como qualquer um;
Segundo: a unidade de Oeiras talvez não esteja preparada para situações de emergência decorrentes da "agudização do estado de saúde de utentes internados" para o qual estão previstos regras e princípios regulamentados pela ERS, sendo São Francisco Xavier a solução prevista (como hipótese);
Terceiro: minha mulher ía morrendo (esteve quase, quase) numa intervenção cirúrgica por causa da total intolerância ao anestésico, pelo que e após os devidos estudos, anda sempre com uma lista do que nunca por nunca lhe pode ser administrado (e não só anestésicos).

manuel campos disse...

Só agora vi que o Luís Lavoura escreveu e li a notícia do Público.
Foi para o São Francisco Xavier (SNS) porque era o mais próximo com cuidados intensivos, como é evidente, como disse isso está previsto (o oposto público para privado também está).
Já vi de tudo mas confirmo que, felizmente para eles, ainda há muita gente que não viu de nada.

Diz bem o LL quando diz "São coisas que acontecem. Uma cirurgia acarreta sempre grandes riscos, mesmo quando é deveras trivial.", por isso não deve ser feita num local que não tenha todos os meios, todos mesmo, também foi com uma situação dessas que o meu Pai morreu há pouco mais de 30 anos, foi preciso transferi-lo e já era tarde.

Luís Lavoura disse...

Manuel Campos

minha mulher ia morrendo numa intervenção cirúrgica por causa da total intolerância ao anestésico

Pois. Não é por acaso que todos os médicos perguntam, em qualquer primeira consulta, se a pessoa sabe ter alergia a um qualquer medicamento.

Como disse, sei de uma mulher, jovem, que foi fazer uma cirurgia trivial e logo no princípio dela, por alergia ao anestésico entrou em paragem cardiorrespiratória. Reanimaram-na, evitando a sua morte, mas metade do cérebro já tinha morrido e ela ficou transformada num vegetal. (Antes a tivessem deixado morrer, digo eu, mas pelos vistos há bem quem não pense assim.)

Anónimo disse...

O Hospital da Luz Oeiras, não tem cardiologista presente nas cirurgias. NUNCA! É ir até ao Luz Lisboa...os utentes preenchem e assinam um papelinho onde declaram as cirurgias a que foram submetidos, as alergias...sempre seja no privado ou no público. E ainda; responsabilizam se por todos os procedimentos, cirúrgicos ou uma simples RM.

Anónimo disse...

Senhor Luís Lavouras
Leio com atenção os seus comentários, habituais neste blog. A partir de agora passo a ler com outra bitola. Dizer o que disse, a propósito de uma morte não me parece nada bonito. Passo a ler as suas linha de outra forma. E fico a saber que o senhor deve ter, pelo menos, 64 anos.
MB

25 de novembro