sexta-feira, junho 26, 2020

Fronteiras

Em questões de segurança há dois conceitos que nem sempre coincidem: a insegurança e a perceção de insegurança. A segunda pode ser injusta, à luz da estatística, mas tem de ser respeitada. Estou a falar, claro, dos países reticentes à entrada de portugueses, por virtude do vírus.

8 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

E porque Portugal não faz o mesmo aos naturais desses Países? Somos uns medrosos.
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Cumprimentos

Anónimo disse...

Bom dia caríssimo embaixador! Pois, é verdade mas sabe, a decisão de limitar, nesta altura e pelas razões invocadas a entrada de portugueses, tem nas medidas adoptadas pelos decisores e na atitude das pessoas, um maior respeito pelo cumprimento das regras estabelecidas. Ouvi isto ontem de um grupo de jovens e achei muito positivo! Cá fica o registo.

Anónimo disse...

Ainda estou a espera das reacções virulenta do primeiro-ministro e do "maquiavelíssimo" ministro dos negócios estrangeiros. Gostava de ver este último a invocar o princípio da reciprocidade. Era de homem!

carlos cardoso disse...

Neste caso a reciprocidade não faz sentido: num tempo normal há muito mais escandinavos a fazer férias em Portugal que portugueses a fazer férias nos países escandinavos. E nós queremos que eles continuem a vir, independentemente de nos quererem lá ou não.

Paulo Guerra disse...

E também devemos respeitar a guerra suja pelos turistas Sr. Embaixador? Ou o que fazer ainda hoje com nuestros hermanos?

Paulo Guerra disse...

Eu estou plenamente convencido que não está a acontecer mais nada que o próprio desconfinamento. Claro que o número de casos ia aumentar. Porquê mais na Grande Lisboa? Porque é a única região do país que nunca parou de crescer e onde já está concentrada quase 1/3 da população do país e em muita periferia, em muitas más condições. Infelizmente nem os transportes públicos vão melhorar muito mais. Não vão nascer comboios ou carruagens novas de um dia para o outro. O limite volta a ser a capacidade do SNS e felizmente a esmagadora maioria dos novos infectados não requerem internamento. Número que aliás que se tem mantido quase inalterável nas últimas semanas. Senão podemos voltar a confinar ou voltar a fechar as fronteiras resta-nos proteger mais os mais frágeis. Ou seja, cada um de nós, para não corrermos riscos nós próprios nem sermos agentes da infecção.

Paulo Guerra disse...

Há muito tempo que a UE devia ter estabelecido um indicador oficial para todos os estados membros que permitisse realmente avaliar, até mais do que a evolução da pandemia através do número de novos infectados em cada país, a segurança que cada país tem para oferecer a cada europeu. E não vejo outro indicador que o número real de internamentos por covid ou no limite, o estado de saturação do sistema de saúde. Até porque nesta fase mais infectados assintomáticos não tem que ser forçosamente o fim do mundo. Em qualquer pandemia, antes da vacina, um dos objectivos será sempre a imunidade de grupo desde que não leve os sistemas de saúde ao colapso e como consequência mais mortos. Não é por acaso que actualmente há países que declaram menos novos casos diariamente, com muitas dúvidas como em Espanha e Itália e contudo apresentam sistemas de saúde à beira da ruptura como por exemplo a Inglaterra que já teve 10 x mais casos e 30 x mais mortos.

E o que será mais importante para um turista? A probabilidade de ser infectado, que existe hoje em todo o espaço europeu ou a grande probabilidade de mesmo infectado voltar para casa são e salvo. Eu continuo a ouvir os turistas que chegam a Portugal a falar do país como seguro. Nem viajariam para cá se pensassem o contrário. Não considero pois que haja uma percepção de insegurança em Portugal na generalidade da UE. Não obstante muitas campanhas sujas que é uma das características mais surpreendentes desta pandemia para mim. E desde a corrida às máscaras logo de início.

Paulo Guerra disse...

É sempre bom lembrar que hoje, no dia em que foram registados mais novos casos de infecção desde o pico da pandemia, Portugal tem 456 pessoas internadas em enfermarias e 75 nos CI nos diferentes hospitais. Num país em que o próprio PM anunciou a marcha atrás no que ao desconfinamento diz respeito a partir de 4 000 internamentos. Portanto com os hospitais com taxas de ocupação com pouco mais de 10% da sua capacidade. Num país em que a reafectação do número de camas até pode ir até às 20 000 camas segundo a DGS.

Eu, pessoalmente, não acredito que países como Itália ou Espanha, depois da catástrofe que infelizmente viveram e que manifestamente nesta fase de caça ao turista andam a pintar os números de novas infecções – já para não falar dos mortos - como querem, tenham sistemas de saúde tão pouco lotados como nós. E também por aqui se percebe a necessidade de indicadores muito mais credíveis no espaço da UE. Que muito dificilmente consegue fazer uma leitura de um país todo, ao contrário dos sistemas de saúde que seria muito mais fácil. Quanto ao principal foco da pandemia hoje também não há nada de novo em Portugal. A pobreza sempre foi a principal determinante de doença segundo a própria OMS. E as mesmas bolsas de pobreza existem em todas as grandes capitais europeias do sul da Europa.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...