Conversa social, há dias. O outro, ribatejano: “Você gosta de touros?” Eu, transmontano: “Gosto”. Um sorriso despontou. Até que eu disse: “Por gostar deles é que detesto que lhes façam mal”. O sorriso fechou-se e mudámos de conversa.
21 comentários:
Anónimo
disse...
Que saudades de uma tourada à boa maneira portuguesa, o colorido, a alegria, a tradição, a manifestação de cultura! Gosto de touros e touradas. Bem haja
Eu acho que, para ganhar, mesmo!, a conversa devia ter acrescentado que o facto de os touros de lide serem pretos é um sintoma do racismo estrutural - perdão -, sistémico, da sociedade portuguesa. Se já há quem seja contra a tourada por causa de ela representar a hierarquia social do Séc. XVIII, parece-me que também será de abordar o assunto da moda.
Gostar de touros e simultaneamente de touradas é que me parece impossível, Sr. Embaixador. Ele há quem enfie o garruço, como o seu amável interlocutor, outros há que parece que continuam de testa à mostra e cara à banda porque chifres, como se sabe, só mesmo os touros é que os possuem...
O amável anónimo quererá explicar-me porque é que é mais ético torturar um touro à facada durante horas por puro divertimento do que matá-lo com uma pancada na cabeça, para depois o esquartejar e para ele servir de alimento...
E depois, gostava de saber quantos aficionados veganos é que existem... Gostava mesmo... É o que os britânicos chamam 'add insult to injury'...
Os veganos são normalmente os pobres manifestantes que apanham dos ditos aficionados, que parece que também não gostam muito de pessoas...
O 'what-aboutism' volta-se frequentemente contra nós, sabe? É que para acusar os outros de hipocrisia convém não se ser hipócrita...
Mais vale às vezes mesmo enfiar a carapuça e ficar calado, como fez o ribatejano que se cruzou com o Embaixador... Mas quando se é anónimo não faz mal, porque ninguém nos vê a vermelhidão no rosto, não é?
E o mesmo se aplica a toda a actividade económica, com empregos e impostos, subjacentes à tradição em questão. Da minha parte gostava de poder continuar a respeitar a tradição de algumas zonas do país que depois levam o espectáculo tauromáquico às outras zonas e onde só vai quem quer.
Eu tenho alguns amigos que são tão ou mais anti-futebol profissional. E começam logo por dizer e com razão – ainda antes de aludirem à mafia muito particular do futebol em Portugal com todas as implicações e que muito paulatinamente se tornou quase um ópio do povo, também com todas as implicações - que todo o desporto profissional é um enorme paradoxo.
Pelo menos na visão e no espírito de Coubertin, devido aos muitos interesses que se cruzam e que passam inclusive muitas vezes a ditar o resultado final. Não era por acaso que até há relativamente pouco tempo o futebol e o desporto profissional na sua generalidade não tinham cabimento nos Jogos Olímpicos. Ainda hoje o pináculo de muitas modalidades. Não obstante mais uma vez o futebol em Portugal, com todos os defeitos e virtudes, também já ter contribuído em muito e até muito recentemente para o prestígio de Portugal. Novamente a par com uma actividade económica poderosíssima.
(Acontece que o mundo está sempre a mudar e nem sempre para melhor. Como vimos a assistir na sua esmagadora generalidade no que concerne ao chamado progresso civilizacional desde as últimas duas décadas do século XX. E é aí, no emergir do neo-liberalismo, fruto de uma série de desregulações que originaram um crescendo de desigualdades que devemos procurar as raízes de muitos dos descontentamentos que fizeram renascer muitos dos nacionalismo e populismos que já conhecemos hoje outra vez. Num constante mandar às malvas uma série de valores e direitos humanos tão arduamente conquistados no pós-Guerra.)
Mas independentemente do que cada um pensa sobre as touradas e o futebol em Portugal, choca-me muito mais o tratamento a que muitos seres humanos continuam a ser sujeitos. Nomeadamente no mercado de trabalho. Da precarização até autênticas redes mafiosas de imigração em pleno século XXI. E é quando a elas conseguem aceder. E mesmo à nossa porta. Tratamento que até esta pandemia infelizmente voltou a reflectir negativamente como não podia deixar de ser. E como eu acho que a humanidade em nome do progresso civilizacional deve estabelecer prioridades…
Eu julgo que não é preciso viver no campo para se gostar dos animais que se comem. Mas muitas vezes vivendo nas cidades até nos esquecemos que sem touradas nem gosto nem touros bravos nem o Ribatejo que todos conhecemos. Já para não falar de muito do montado alentejano. Porventura reconvertido em mais Olival ou outra cultura qualquer superintensiva que é um crime ambiental hediondo que ainda ninguém sabe muito bem quanto vai custar ao país.
Até que se encontre uma solução sem evitar interromper totalmente a atividade da criação de touros e de cavalos, porque não fazem como os portugueses no Canada ou dos Estados Unidos, com as touradas sem sangue até poderiam fazer melhor, sem qualquer dor para os animais, ninguém quer isso, então porque não copiam coisas simples com soluções simples ?! "...É colocada uma capa de velcro sobre o dorso do touro...as bandarilhas são espetadas numa espécie de colete protetor de velcro e não no animal...". existem vários videos no Youtube onde se vê a técnica do velcro https://www.youtube.com/watch?v=z4VuhZhoZ7I
O touro é um animal que institivamente "vai à luta". E só nas praças expressa o seu pleno potencial, sendo certo que caso não existisse tauromaquia este animal estaria extinto há muito tempo.
E não se duvide do afeição que todos os aficionados e ganaderos têm pelo que é devidamente chamado "Rei da Festa". Este vive 5 anos em plena liberdade e com todos os cuidados, contrariamente aos animais de companhia que os "urbano depressivos" aprisionam nas suas casas.
Que a tourada (incluindo a pé) é uma expressão artística só não vê quem não quer. Eu posso não gostar de ópera mas não me passa pela cabeça dizer que não é "arte".
Por último, é mais que óbvio que qualquer governo está constitucionalmente impedido de condicionar o direito à cultura dos cidadãos, escolhendo, em seu lugar, o que é artísticamente "admissível" ou "não admissível".
A este propósito a actuação desta Ministra da Cultura, preconceituosa e altiva ao máximo, parecendo até ter algum nojo de tudo o que não acontece no eixo "Principe Real - Rato", é absolutamente vergonhosa.
Deixem os aficionados em paz e preocupem-se com as "artes" que mais vos interessam, estando eu disponível para defender a vossa liberdade para gostarem do que bem entendam.
E sff não façam das varandas a casota dos vossos animais de companhia!
O touro é um animal que institivamente "vai à luta". E só nas praças expressa o seu pleno potencial, sendo certo que caso não existisse tauromaquia este animal estaria extinto há muito tempo.
E não se duvide do afeição que todos os aficionados e ganaderos têm pelo que é devidamente chamado "Rei da Festa". Este vive 5 anos em plena liberdade e com todos os cuidados, contrariamente aos animais de companhia que os "urbano depressivos" aprisionam nas suas casas.
Que a tourada (incluindo a pé) é uma expressão artística só não vê quem não quer. Eu posso não gostar de ópera mas não me passa pela cabeça dizer que não é "arte".
Por último, é mais que óbvio que qualquer governo está constitucionalmente impedido de condicionar o direito à cultura dos cidadãos, escolhendo, em seu lugar, o que é artísticamente "admissível" ou "não admissível".
A este propósito a actuação desta Ministra da Cultura, preconceituosa e altiva ao máximo, parecendo até ter algum nojo de tudo o que não acontece no eixo "Principe Real - Rato", é absolutamente vergonhosa.
Deixem os aficionados em paz e preocupem-se com as "artes" que mais vos interessam, estando eu disponível para defender a vossa liberdade para gostarem do que bem entendam.
E sff não façam das varandas a casota dos vossos animais de companhia!
Só mesmo na terra do Tio Sam a brincar a fazer de conta. A festa brava é paixão! Não é o entretenimento que leva a verdadeira afición a uma praça de touros.
21 comentários:
Que saudades de uma tourada à boa maneira portuguesa, o colorido, a alegria, a tradição, a manifestação de cultura! Gosto de touros e touradas. Bem haja
Eu acho que, para ganhar, mesmo!, a conversa devia ter acrescentado que o facto de os touros de lide serem pretos é um sintoma do racismo estrutural - perdão -, sistémico, da sociedade portuguesa. Se já há quem seja contra a tourada por causa de ela representar a hierarquia social do Séc. XVIII, parece-me que também será de abordar o assunto da moda.
Bom dia:- Foi o melhor que fizeram. Discutir para quê?
.
Bom inicio de semana
Cumprimentos
Uma resposta que mais pessoas deveriam dar e uma posição que deveria estar reflectida na nossa lei.
Também há ribatejanos que gostam de toiros sem gostar de toiradas e transmontanos que gostam de toiradas ... ;)
Gostar de touros e simultaneamente de touradas é que me parece impossível, Sr. Embaixador. Ele há quem enfie o garruço, como o seu amável interlocutor, outros há que parece que continuam de testa à mostra e cara à banda porque chifres, como se sabe, só mesmo os touros é que os possuem...
há quem seja contra a tourada por causa de ela representar a hierarquia social do Séc. XVIII
Interessante observação.
O Jaime Santos devia ter escrito: "gostar de touros e comer bife é que me parece impossível". Mas não...
O amável anónimo quererá explicar-me porque é que é mais ético torturar um touro à facada durante horas por puro divertimento do que matá-lo com uma pancada na cabeça, para depois o esquartejar e para ele servir de alimento...
E depois, gostava de saber quantos aficionados veganos é que existem... Gostava mesmo... É o que os britânicos chamam 'add insult to injury'...
Os veganos são normalmente os pobres manifestantes que apanham dos ditos aficionados, que parece que também não gostam muito de pessoas...
O 'what-aboutism' volta-se frequentemente contra nós, sabe? É que para acusar os outros de hipocrisia convém não se ser hipócrita...
Mais vale às vezes mesmo enfiar a carapuça e ficar calado, como fez o ribatejano que se cruzou com o Embaixador... Mas quando se é anónimo não faz mal, porque ninguém nos vê a vermelhidão no rosto, não é?
Mas os touros em questão nunca existiriam senão houvessem touradas.
E o mesmo se aplica a toda a actividade económica, com empregos e impostos, subjacentes à tradição em questão. Da minha parte gostava de poder continuar a respeitar a tradição de algumas zonas do país que depois levam o espectáculo tauromáquico às outras zonas e onde só vai quem quer.
Eu tenho alguns amigos que são tão ou mais anti-futebol profissional. E começam logo por dizer e com razão – ainda antes de aludirem à mafia muito particular do futebol em Portugal com todas as implicações e que muito paulatinamente se tornou quase um ópio do povo, também com todas as implicações - que todo o desporto profissional é um enorme paradoxo.
Pelo menos na visão e no espírito de Coubertin, devido aos muitos interesses que se cruzam e que passam inclusive muitas vezes a ditar o resultado final. Não era por acaso que até há relativamente pouco tempo o futebol e o desporto profissional na sua generalidade não tinham cabimento nos Jogos Olímpicos. Ainda hoje o pináculo de muitas modalidades. Não obstante mais uma vez o futebol em Portugal, com todos os defeitos e virtudes, também já ter contribuído em muito e até muito recentemente para o prestígio de Portugal. Novamente a par com uma actividade económica poderosíssima.
(Acontece que o mundo está sempre a mudar e nem sempre para melhor. Como vimos a assistir na sua esmagadora generalidade no que concerne ao chamado progresso civilizacional desde as últimas duas décadas do século XX. E é aí, no emergir do neo-liberalismo, fruto de uma série de desregulações que originaram um crescendo de desigualdades que devemos procurar as raízes de muitos dos descontentamentos que fizeram renascer muitos dos nacionalismo e populismos que já conhecemos hoje outra vez. Num constante mandar às malvas uma série de valores e direitos humanos tão arduamente conquistados no pós-Guerra.)
Mas independentemente do que cada um pensa sobre as touradas e o futebol em Portugal, choca-me muito mais o tratamento a que muitos seres humanos continuam a ser sujeitos. Nomeadamente no mercado de trabalho. Da precarização até autênticas redes mafiosas de imigração em pleno século XXI. E é quando a elas conseguem aceder. E mesmo à nossa porta. Tratamento que até esta pandemia infelizmente voltou a reflectir negativamente como não podia deixar de ser. E como eu acho que a humanidade em nome do progresso civilizacional deve estabelecer prioridades…
"gostar de touros e comer bife é que me parece impossível"
Quem sempre viveu no campo, sabe que se pode gostar dos animais que se comem.
Eu julgo que não é preciso viver no campo para se gostar dos animais que se comem. Mas muitas vezes vivendo nas cidades até nos esquecemos que sem touradas nem gosto nem touros bravos nem o Ribatejo que todos conhecemos. Já para não falar de muito do montado alentejano. Porventura reconvertido em mais Olival ou outra cultura qualquer superintensiva que é um crime ambiental hediondo que ainda ninguém sabe muito bem quanto vai custar ao país.
Não gostamos é da forma como a carne é produzida. E processada. Que até chega doce ao prato.
Até que se encontre uma solução sem evitar interromper totalmente a atividade da criação de touros e de cavalos, porque não fazem como os portugueses no Canada ou dos
Estados Unidos, com as touradas sem sangue
até poderiam fazer melhor, sem qualquer dor para os animais,
ninguém quer isso,
então porque não copiam coisas simples com soluções simples ?!
"...É colocada uma capa de velcro sobre o dorso do touro...as bandarilhas são espetadas numa espécie de colete protetor de velcro e não no animal...".
existem vários videos no Youtube onde se vê a técnica do velcro
https://www.youtube.com/watch?v=z4VuhZhoZ7I
O touro é um animal que institivamente "vai à luta". E só nas praças expressa o seu pleno potencial, sendo certo que caso não existisse tauromaquia este animal estaria extinto há muito tempo.
E não se duvide do afeição que todos os aficionados e ganaderos têm pelo que é devidamente chamado "Rei da Festa". Este vive 5 anos em plena liberdade e com todos os cuidados, contrariamente aos animais de companhia que os "urbano depressivos" aprisionam nas suas casas.
Que a tourada (incluindo a pé) é uma expressão artística só não vê quem não quer. Eu posso não gostar de ópera mas não me passa pela cabeça dizer que não é "arte".
Por último, é mais que óbvio que qualquer governo está constitucionalmente impedido de condicionar o direito à cultura dos cidadãos, escolhendo, em seu lugar, o que é artísticamente "admissível" ou "não admissível".
A este propósito a actuação desta Ministra da Cultura, preconceituosa e altiva ao máximo, parecendo até ter algum nojo de tudo o que não acontece no eixo "Principe Real - Rato", é absolutamente vergonhosa.
Deixem os aficionados em paz e preocupem-se com as "artes" que mais vos interessam, estando eu disponível para defender a vossa liberdade para gostarem do que bem entendam.
E sff não façam das varandas a casota dos vossos animais de companhia!
Saudações!
O touro é um animal que institivamente "vai à luta". E só nas praças expressa o seu pleno potencial, sendo certo que caso não existisse tauromaquia este animal estaria extinto há muito tempo.
E não se duvide do afeição que todos os aficionados e ganaderos têm pelo que é devidamente chamado "Rei da Festa". Este vive 5 anos em plena liberdade e com todos os cuidados, contrariamente aos animais de companhia que os "urbano depressivos" aprisionam nas suas casas.
Que a tourada (incluindo a pé) é uma expressão artística só não vê quem não quer. Eu posso não gostar de ópera mas não me passa pela cabeça dizer que não é "arte".
Por último, é mais que óbvio que qualquer governo está constitucionalmente impedido de condicionar o direito à cultura dos cidadãos, escolhendo, em seu lugar, o que é artísticamente "admissível" ou "não admissível".
A este propósito a actuação desta Ministra da Cultura, preconceituosa e altiva ao máximo, parecendo até ter algum nojo de tudo o que não acontece no eixo "Principe Real - Rato", é absolutamente vergonhosa.
Deixem os aficionados em paz e preocupem-se com as "artes" que mais vos interessam, estando eu disponível para defender a vossa liberdade para gostarem do que bem entendam.
E sff não façam das varandas a casota dos vossos animais de companhia!
Saudações!
Só mesmo na terra do Tio Sam a brincar a fazer de conta. A festa brava é paixão! Não é o entretenimento que leva a verdadeira afición a uma praça de touros.
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