John Bolton foi a terceira escolha de Donald Trump para Conselheiro de Segurança Nacional, depois de Flynn cair em desgraça pela “Russisn connection” e do rigor de McMaster ter feito perder a paciência ao presidente. Bolton era um conhecido radical em política externa, descrente na diplomacia e fervoroso adepto dos modelos de “regime change”, advogando que o caso líbio servisse de exemplo para a Coreia do Norte e o Irão.
Muitos se recordam dos seus “infamous” tempos como representante permanente na ONU, de onde saiu com fama de doido. Temeu-se o pior, quando ele entrou na Casa Branca. Pensava-se que, com ele junto do ouvido de Trump (que sempre disse que o pior de Bolton era o seu farfalhudo bigode), o Departamento de Estado (o MNE americano) iria perder ainda mais peso, tanto mais que o presidente vivia crescentemente irritado com a gestão de Tillerson à frente da diplomacia americana.
Trump, contudo, já deu mostras de ser menos belicoso, na prática, do que o seu discurso jingoísta pode fazer pressupor. A prova é que Bolton não só o não convenceu a derrubar Kim Jong-Un como, ao que parece, o presidente começaria a estar cansado dos seus constantes conselhos para enveredar por uma resposta bélica no caso do Irão. Veio entretanto a constatar-se que a chegada de Mike Pompeo ao Departamento de Estado, depois da saída de Tillerson, acabou por reforçar o papel desta estrutura governamental na balança interna de poderes, tendo resultado num forte recuo da influência de Bolton (que, na passada semana, já tinha sido privado de acesso a certa documentação diplomática sensível). Em certos meios americanos, há hoje a convicção de que Trump se sente com uma crescente auto-confiança no terreno internacional, pelo que necessita menos de conceptualizadores (como Bolton) e mais de “implementadores” (como Pompeo).
Semanas antes de Bolton ter entrado para a Casa Branca, tive o ensejo de o ouvir numa conferência em Kiev, na Ucrânia, onde tirei esta fotografia. Ele assumia, na altura, um discurso equívoco sobre a Rússia, que me recordo que não agradou aos ucranianos. Ao ouvi-lo falar daquela maneira, ficou para mim claro que já estava a fazer uma aproximação sedutora a Trump, que então seguia na sua “lua de mel” com Putin, ainda antes de Muller vir a assediá-lo judicialmente.
Bolton viria a conseguir, de facto, o lugar de McMaster, mas o seu tropismo de “neocon” terá agora sido demasiado para a paciência de Trump.
3 comentários:
"... Trump, contudo, já deu mostras de ser menos belicoso, na prática, ...".
Cuidado Sr. Embaixador, olhe que ainda acaba por ser mal visto, por cá.
É tempo de reflexão.
Analise muinto certa , Sr Embaixador. Sobre o John Bolton, , " he never seen a war he didn't like".
Ha que lembrar, tambem, que eu e mais 60 milhoes de americanos voltaram pelo Trump par trazer os soldados espalhados por todo o lado.para casa. Bring the boys home, era slogan da campanha.. Do Iraque, Afganistao ,.... Mas as burocracias e interesses das armas fazem tudo para continuar o Status Quo.
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