quinta-feira, setembro 19, 2019

Estrelato


Ontem, dormi num hotel de “quatro estrelas”, que se paga como tal, mas que, na realidade, não passa de um bastante razoável “três estrelas”. (Há meses, já estive também num falso “cinco estrelas”. Quem permite estas coisas, ao não avaliá-las continua e devidamente, contribui para enganar os utentes).

À chegada ao hotel, olhei para a placa exibida, com a classificação média dada pelos clientes do sistema de reservas Booking, e notei que tinham 8,8, um “score” relativamente fraco (na minha opinião, que sei discutível, de “frequent sleeper”). A empregada da receção, a quem perguntei a razão daquela “nota”, respondeu-me que eram poucos os clientes com reservas individuais (“trabalhamos mais com companhias aéreas”) e que, por isso, essa classificação era dada pelos escassos utentes que se davam a esse cuidado. É claro que isso não explicava minimamente por que a nota era tão baixa. Depois, contudo, à passagem do tempo, fui percebendo.

Eu, que faço parte dos que “pontuam” com regularidade, lamento ter de contribuir para baixar ainda mais aquela média do hotel onde dormi. É que um lugar onde sou tratado (à laia da saloíce de alguns serviços) por “senhor Francisco” e por “você”, perde-me eternamente como cliente e ganha-me como detrator.

11 comentários:

Anónimo disse...

Grandes barretes tenho enfiado à conta de algumas pontuações no Booking, nitidamente inflaccionadas. Ou eu sou muito exigente ou o nível de satisfação dos outros é muito baixo. Mas não deixo de tentar corrigir, fazendo a minha avaliação! O tratamento pelo primeiro nome também me deixa algo mal disposto. E a falta de uma garrafa de água ( em hotéis de 4 estrelas) então é de uma mesquinhice!

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo consigo nessa do "você" e "Sr. Francisco"! Passámos a nivelar por baixo! Miserável! Enfim, o povinho que temos!

Anónimo disse...

Os sistemas de pontuação são bastante falsos. Há que "consumi-los" com cuidado. As perguntas estão feitas de uma forma em que é difícil responder e, por vezes, perante a não-utilização de certos serviços, as pessoas optam por dizer que está tudo ótimo.

Exemplo: um albergue ("hostel", para os adeptos do crioulo anglo-português). Que posso eu responder ao parâmetro "diversão", se saio às 08:00 e volto às 20:00 para ir dormir? Há critérios que são fáceis e diretos, como "localização", mas outros são extremamente subjetivos.

Há uns tempos fiquei num albergue cuja pontuação era magnífica. Recebi dois ou três pedidos de avaliação mas recusei-me: pois se eu só lá tinha ficado umas poucas horas durante a noite (a dormir)!...

Anónimo disse...

Como nos hospitais.. mesmo que o doente internado seja médico..

Cafés, pastelarias, etc.., em Lisboa, um pavor..

Tudo se está a nivelar por baixo..

João Cabral disse...

"Sr. Francisco" e "você" é tratar mal? E uma pontuação de 8,8 em 10 é fraca? Oh senhor embaixador...

Anónimo disse...

Paradoxalmente, "você" vem de "vossemecê" que vem de "Vossa Mercê", algo que, na origem, dificilmente seria tido como um tratamento rude.

Francisco Seixas da Costa disse...

Por lapso, eliminei um comentário de Luis Lavoura, em que defendia a legitimidade do tratamento pelo primeiro nome. Respondo-lhe: nem quero ser tratado por “Francisco”, nem por “Dr. Costa”, como insinua. Quero ser tratado por “Sr. Francisco Costa” e não prescindo disso. Ponto

Luís Lavoura disse...

Quero ser tratado por “Sr. Francisco Costa” e não prescindo disso. Ponto

Acho muito bem. Ponto. Mas esse tipo de tratamento é muito incomum, há de o Francisco reconhecer. Portanto, se quer ser tratado dessa curiosa e muito comprida forma, deve comunicá-lo desde o princípio ao seu interlocutor. Não pode esperar que o interlocutor, por sua iniciativa, vá descobrir que esse é o tratamento que o Francisco prefere.

Eu, se fosse um funcionário qualquer e uma pessoa com o seu nome me aparecesse à frente, tratá-la-ia em princípio por "senhor Costa", eventualmente por "senhor Francisco", mas nunca por "senhor Francisco Costa". A não ser que fosse previamente instruído para o efeito.

Francisco Seixas da Costa disse...

As coisas são muito simples: nos hotéis decentes, sou tratado por “Senhor Costa” ou “Senhor Francisco Costa”, tudo aceitável. Nas espeluncas ou coisa análoga, por “Senhor Francisco”, o que não aceito. Mas que diabo de conversa, só por uma nota marginal que fiz num texto...

Anónimo disse...

Já foi alguma vez àquela coisa do Starbucks? Perguntam-nos o nome para, depois, gritarem, "Joãoooo, o seu café está pronto". Experimente. Mas peça açúcar extra.

Anónimo disse...

Luís Lavoura,

Se eu fosse um funcionário qualquer diria, o senhor, a senhora, é quanto basta.
As pessoas, que, não se conhecem nâo devem ser tratadas com intimidades!

E o "você" é dispensável, mas, esta gente agora não sabe falar.

Ao telefone é demais, sabem bem o nome e o apelido, mas, é tudo tratado por sra. Maria, sr. António, sr. Francisco...

Eu não gosto e não admito, temos de fazer o nosso trabalho, ensinar, estes "jovens" licenciados descontentes...e sem educação.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...