“Vou estar num jantar com o Rui Moreira e o Souto Moura!”. A “piquena” afadigava-se, há duas horas, à saída de Lisboa, no Alfa Pendular, para que toda a gente tivesse conhecimento do serão de personalidades que, chegada ao Porto, a aguarda. Depois, mudou para espanhol e lá a ouvimos em tratações, na língua de Messi e Cervantes, com uma amigalhaça qualquer, durante um bom quarto de hora.
Agora, ao meu lado, um executivo de uma PME ou de uma “start-up” (ou“down”) explica longamente a um interlocutor, em voz altíssima, como deve “pôr a coisa no site” e onde está a chave da garagem. O outro, do lado de lá, parece pouco esclarecido, tantas são as vezes que este meu vizinho repete as instruções. (Eu fiquei a saber tudo).
Não se pode calar esta gente? A CP não pode colocar uns letreiros informando que os passageiros não devem fazer chamadas telefónicas dentro das carruagens (ou, se as têm imperativamente de fazer, fazê-las em voz baixa, sem obrigarem os outros a ouvirem as suas conversas), incomodando quem viaja, lê ou, simplesmente, quer aproveitar a viagem para descansar?
Nos “Bilhetes de Colares”, a mãe de A.B. Kotter, com a sua snobeira anglo-saxónica, referindo-se aos portugueses sem maneiras, dizia que “nem cem anos farão disto gente”. Não vou tão longe, mas lá que demora tempo, lá isso demora!
11 comentários:
Confesse: a parte em espanhol foi a melhor, não?
Já agora, mandou-os calar? Fez um "chiu", ao menos? Não. Como é típico dos portugueses, ficou calado a remoer para, depois, vir desabafar online.
Um senhor não reclama em pessoa, carago!
Uma das coisas que mais me agrada na Suíça é que nos comboios podemos escolher carruagens silenciosas nas quais não se pode falar ao telemóvel. É uma maravilha.
A CP precisa de introduzir algumas ‘quiet coaches’, pelo menos nas viagens mais longas, à semelhança do que se faz noutros países. No entanto, a etiqueta a observar nestas carruagens é também alvo de debate: não se pode usar telemóvel, mas pode-se conversar? Em que tom de voz? As regras não substituem o bom senso e as boas maneiras.
Comboios , autocarros , são lugares públicos frequentados por toda a gente ... Um escritor de romances de ficção encontra aí um manancial de inspiração . As conversas de telemóvel são as melhores : aos berros , contam a sua vida e a dos outros , é super divertido .
Como evitar ? Tendo motorista ou emigrar para a Suiça ... mas nunca , nunca , frequentar transportes públicos !
Na Alemanha há carruagens com faixas laterais completamente escritas com a palavra silêncio.
Em França já viagem num comboio que tinha uma "área de silêncio", isolada e onde não se podia fazer qualquer ruído.
Cá é difícil.
Ontem, no Porto, um carro da polícia municipal não parou quando eu estava a atravessar a passadeira. Para bom entendedor...
Já tive a mesma experiência, também no Alfa Pendular numa viagem entre o Porto e Lisboa, e esse incómodo reaparece-me sempre que utilizo um transporte público, o que faço com frequência. Pergunto se não será possível proibir as conversas ao telemóvel nos transportes públicos? Países, como no Japão, há anos que adoptaram essa atitude. Infelizmente, por deseducacão e/ou ignorância continua a imperar o egoísmo de grande parte dos utentes dos TP que se acham no direito de não respeitar os seus companheiros de viagem. Isto sem referir os que também utilizam os bancos da frente vagos para colocar os "pézinhos", numa atitude de pretensa sobranceria mas que inevitavelmente traduz apenas uma inconsciente estultícia. Gente que não sabe estar, parafraseando Ricardo Araújo Pereira
Não há muito no comboio (ainda devemos dar-lhe esse nome... quando nos comparamos com esses "omegas pendulares") entre Évora e Lisboa, um bacoco que se dá ares de ricalhaço, passou a viagem a "esmagar" todos os infelizes da carruagem com as conversas pirosas de viagens e de contactos de "gente bem" ...incomodando todos. Coisas...
Eu adoro comboios , mas felizmente tenho o “ condão “ de abstrair-me do que se passa à minha volta . É-me completamente indiferente , sorte a minha ... Há uns tempos , na 1a classe do comboio que ía quase vazia , não havia barulho , as pessoas liam ou dormitavam ( detesto ) e não eram incomodadas ... No tempo em que não havia “ gente que não sabe estar “ !
Na Suíça por ter um bebé a chorar ao colo fui posto na rua de um comboio na primeira paragem onde parou. Sim, Portugal está a cem anos disso.
Ó Senhor Embaixador, mas este pessoal passa lá sem exibir a sua vida social, os seus pergaminhos académicos ou profissionais aos comuns mortais. Isto é gente "upa upa, puxadote" que só faz coisas que mais ninguém no mundo faz, imagine-se.
Eu resolvo o assunto com uns auscultadores e música a gosto.
É preciso azar, "18 de setembro de 2019 às 20:23". Na Suíça onde os inter-cidades até têm uma carruagem parque infantil (a sério!).
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