domingo, agosto 25, 2019

Jogos florais

É muito interessante assistir ao “bate-bola” entre António Costa e o Bloco de Esquerda, com a invocação, pelo primeiro, do nome de Jerónimo de Sousa e do PCP como o bom exemplo de parceiro que os bloquistas deveriam ter seguido.

Longe vão os tempos idílicos da Geringonça?

O que mais irrita o PS, para além da escassa fiabilidade do partido de Catarina Martins, que os últimos anos evidenciaram, é o persistente discurso contra uma eventual maioria absoluta do PS. Costa pressente que essa conversa pode cair favoravelmente nos ouvidos de algum eleitorado que ”balança” o voto na sua margem esquerda. Sublinhar uma estudada hostilidade contra o Bloco é obrigar esses eleitores a fazerem uma escolha clara.

O que mais irrita o Bloco é a decidida falta de vontade de Costa de o levar para o governo, hipótese que ele sabe que conduziria a uma inevitável crise dentro do PS. Aliás, acho que, ao primeiro-ministro, essa possibilidade nunca lhe passou pela cabeça, atendendo também aos custos reputacionais que isso poderia ter para a imagem de moderação responsável que tanto trabalho teve para construir na Europa.

Os constantes gestos de simpatia face ao PCP são assim o elemento “compensatório”: Costa quer com eles mostrar que não está contra os partidos à sua esquerda, apenas quer pôr “en su sitio” o que não é fiável.

Vou repetir a pergunta: longe vão os tempos idílicos da Geringonça? Não necessariamente.

Se os resultados eleitorais o exigirem, a Geringonça, num qualquer modelo, pode renascer. Isto são apenas “jogos florais”, no caminho para as eleições.

12 comentários:

Cinderela disse...

Tão bem explicadinho!
Agradecemos muito, Sr Embaixador ...
E o PS, então ...

Anónimo disse...

O manhoso vai preparando a saída para 2020,a culpa foi da guerra comercial China EUA !

Rui Bessa disse...

Totalmente de acordo. Já se previa que isto fosse acontecer. Amigos amigos … negócios à parte.
Bom Domingo.

Rui Bessa

Anónimo disse...

Mas que análise tão tola e "PSista". Costa mostrou, com aqueles comentários que afinal receia o resultado eleitoral do BE, por isso o ter elegido como principal adversário (e não a Direita). Esta atitude de Costa revela que afinal o PM é um político menos inteligente do que se supunha. As últimas sondagens, ao darem 15% ao BE e 35% ao PS e apenas 5,5% ao PCP, criaram insegurança em Costa, que reagiu nervosamente. De forma pouco racional. Mas, o comentário de Costa revela também arrogância, a velha arrogância do PS, que Carlos César não há muito tempo nos recordou e agora Costa vem trazer de volta. O que o PS e Costa gostaria era de ter uma "Geringonça" com o PAN, mas André Silva ao que se sabe não parece disposto a servir de muleta do PS e ainda bem.
Não gosto dste PS e desta vez não votarei PS. Espero sinceramente que Costa fique por um resultado muito poucochinho.

Anónimo disse...

Qualquer coisa que impeça o acesso do BE ao poder é boa. Mas isto SSE o PAN não tiver influência na próxima governação.

João Cabral disse...

Tanto palavreado, ó senhor embaixador, para dizer politiqueirices. O que o país tem a ganhar com isto? Eu respondo: nada!

João Cabral disse...

Depois, há quem proponha voto obrigatório e multas...

Anónimo disse...

O PS tem que esclarecer cabalmente -antes do dia das eleições- se re-constituirá a maioria parlamentar agregando os seus parlamentares aos do Partido Comunista Português e/ou do Bloco de Esquerda (sendo tal viável).
Uma geringonça MKII.

Os eleitores PS têm que decidir, ao votar, se querem o seu PS a ter que apoiar "inconcebíveis projectos de Lei" oriundos de aqueles partidos de extrema esquerda, como aconteceu na presente legislatura.

O Presidente da República também deveria decidir não aceitar uma geringonça se o PS não esclarecer cabalmente -antes das eleições- se tornará a re-fazer maiorias parlamentares aberrantes. O poder pelo poder.
Estes arrufos de namorados, à Camilo, não são conduta política respeitável.

O PSD também deverá esclarecer os seus eleitores se fará, ou não, uma "geringonça", à sua maneira, e com quem.

aamgvieira disse...

O programa eleitoral do PS não pode ser muito diferente das "obras/cativações" realizadas nos quatro anos.

O PS só sabe governar com os cofres cheios ou com o crédito à "fartazana" !

Quando acaba uma das coisas eles..... fogem.

Há 45 anos que é sempre assim...!!

José Figueiredo disse...

Bem, estes comentários revelam exactamente que o eleitorado do PS tem sensibilidades e modos de olhar a política diferentes entre a esquerda e o que se pode chamar centro (a linha separadora do PSD). Por mim gostaria de ver o PS na próxima legislatura mais solto: depois das reversões é preciso fazer reformas no Estado e na economia. esta ideia que tem perdurado de que nos serviços públicos os problema só se resolvem com mais recursos é profundamente errada. O meu palpite é que há margens de progresso de produtividade que precisam de ser exploradas - isto é essencial. Quanto à escolha entre Bloco e PC compreende-se bem a posição de António Costa e não é só uma questão de previsibilidade; é, sobretudo, o que representa no mundo do trabalho.
José Figueiredo
Braga

António disse...

Catarina Martins quer mais 40000 funcionários públicos, mais impostos sobre o património. Tudo bem, realmente a reversão para as 35 horas deixou serviços no caos, e se reduzirem para 30 horas até precisarão de mais do que 40000. E é claro que num país endemicamente pobre já ninguém almeja ter património com o fruto do trabalho. Vá lá na política, ou com negociatas, ou com a lotaria.
Entretanto os camionistas fazem o dobro das horas dum funcionário público e ganham o mesmo. E os funcionários do Registo estão novamente em greve. E os professores devem estar a começar - as aulas estão aí.
Da parte de quem lida diariamente com o país real, não acho graça nenhuma a jogos florais. Não tenho dinheiro para flores.

Anónimo disse...

Para os que querem, como o Bloco, que o PS, não consiga a maioria absoluta, eu lembro para se botar o olhinho, aqui para o vizinho PSOE. Espanha terá, certamente, de ir a novas eleições.

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