sábado, agosto 31, 2019

Luiz Rosa Dias


Cheguei ao Luiz através da Alice Pinto Coelho, sua prima. Um dia, há muitos anos, sentou-o na Mesa Dois do seu “Procópio” e passei então a conhecer um médico divertido, bom conversador e que tinha a curiosidade de ser sobrinho de Fernando Pessoa (o Luiz nasceu, em 1931, no edifício onde é hoje a Casa Fernando Pessoa). Da Mesa Dois aos jantares anuais da Mesa Dois (que, por uma década, organizei) foi um salto que o Luiz passou a dar com todos nós.

Um dia, em Paris, fui convidado para um jantar comemorativo do 25 de abril, organizado por esse imparável promotor cultural que é o João Heitor. O repasto, que aconteceria no mais improvável dos lugares, a cave do La Coupole, em Montparnasse, era “abrilhantado” por uma palestra do Luiz Rosa Dias, sobre o seu tio Fernando. Confesso que temi o pior! Sabia que o Luiz tinha, como seu “fond de commerce” para palestras, a memória familiar de Pessoa. Isso, porém, nada garantia à partida. Admito que temi uma estopada. Enganei-me redondamente! O Luiz era um surpreendente bom orador, de fala solta e criativa, prendeu a assistência com belas evocações do tio, do exoterismo às mulheres, e contribuiu para passarmos uma bela noite. Foi um 25 de abril diferente.

Li, há minutos, que o Luiz se foi desta vida. Já não teremos o seu bigode branco e o sorriso daquela figura curvada que sempre nos trazia boa disposição e boa conversa. É a vida! Ou, pior, é a morte.

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Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...