Das grandes economias, chegam sinais de abrandamento no crescimento, a que se soma uma conflitualidade político-comercial com impacto global, tudo contribuindo para uma instabilidade psicológica dos mercados. Terão sido suficientes as lições da crise anterior?
A ideia de trazer os emergentes e outros países relevantes para um diálogo no seio do G20 resultou bastante aquém das expetativas. A Rússia saiu também entretanto do G8, a China entrou num inédito ciclo de bipolaridade e o Brasil está no estado em que está. E, acima de tudo isso, os Estados Unidos afirmam uma agenda egoísta de reforço do seu poder, voltando deliberadamente as costas à gestão multilateral da ordem mundial, quebrando mesmo alguns laços que haviam desenhado pelo mundo, depois de 1945.
Muito daquilo que os especialistas recomendavam que fosse feito, na blindagem financeira da Europa do euro, não chegou a concluir-se. Por falta de consenso político, a UE ficou a meio caminho do reforço institucional do seu eixo económico e monetário, havendo infelizmente a certeza de que, se um novo ciclo de crise surgir, o ambiente de potencial solidariedade coletiva para a adoção de medidas “ad hoc” será inferior ao do passado. Costa tinha razão ao tentar colocar nas instituições europeias figuras que pudessem contrariar isso. É que há ainda que contar com a fragilidade das lideranças das duas maiores economias europeias, as incógnitas do Brexit e a deriva italiana. E a saída de Mario Draghi do BCE não é também a melhor das notícias.
Portugal é uma pequena economia aberta, muito dependente de mercados externos que, tudo o indica, vão começar a retrair-se. O destino económico imediato de países como a Espanha, a França, a Alemanha ou o Reino Unido é vital para nós e, por muito que alguns “sábios” tentem iludir isso, não está nas nossas mãos fazer algo que possa contrariar uma sua potencial dinâmica negativa. Outros mercados alternativos têm limites de expansão e, se se entrar num período de recessão global, embora eventualmente com alguma “décalage” temporal, todos sofrerão também uma inevitável retração. Não é nada agradável pertencer a uma economia que não tem meios de controlar o futuro daquilo que essencialmente a condiciona.
Alguns, esfregando as mãos ressabiadas, perguntarão: é o “diabo” que, finalmente, chega? Quem se enganou na chegada do Mafarrico, enganou-se, redondamente, no período em que o aguardava. Agora, poderá ter “razão”? Se eu disser que, daqui a uns tempos, vai chover passo a génio da futurologia?
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