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sexta-feira, março 23, 2012

Clubites

O Futebol Clube do Porto apresentou uma queixa contra uma professora que, nas suas aulas, divulgou uma corruptela do "Atirei c'o pau ao gato", a qual acaba dizendo: "“vai-te embora pulga maldita/batata frita/viva o Benfica". Azul de indignação, o pai de uma criança "violentada" por esta terrível distorsão educativa, terá mobilizado a atenção da agremiação nortenha para o que se considerou serem os novos "fascistas do gosto". Para o clube, em severa declaração pública, "mais grave é que a adulteração da letra é prática diária e repetida três vezes ao dia, não só no jardim-infância da Ericeira, mas também em todas as escolas do pré-escolar do agrupamento e noutras de Lisboa e Cascais".

Sendo este blogue - por insuperável e endémico "lagartismo" - totalmente insuspeito da mais leve simpatia por ambas as partes envolvidas neste decisivo conflito - desde os "lampiões" do Colombo aos "andrades" do Pérola Negra -, apetece deixar aqui uma imensa gargalhada informática face a estes sintomas de ridícula clubite, só possíveis num país que ainda se permite levar a sério uns maduros que, com ar grave e espaço mediático, transformam um divertido espetáculo, em que uma maioria de estrangeiros dá uns pontapés e umas cabeçadas numa bola, vestidos com camisolas atulhadas de publicidade e com "patrióticos" emblemas que a maioria dos "artistas" só traz no coração porque andam junto ao peito, num severo "casus belli" educativo. Só espero que ninguém, dos lados de Alvalade, venha a lembrar-se de subscrever este protesto contra o "outro lado da segunda circular".

Serei eu que estou a ver mal as coisas ou anda tudo doido? 

quarta-feira, março 21, 2012

Sondagens

Amigos e conhecidos (alguns bem conhecidos...) interrogam-me, algo perplexos, sobre o caráter algo errático das sondagens em torno das eleições presidenciais francesas. Umas contrariam as outras e as suas linhas tendenciais não são claras. Além disso, se tivermos em conta as margens técnicas de erro, então as coisas ficam ainda mais confusas.

Para quem quiser acompanhar, com algum rigor, essa estranha dança das sondagens, aqui deixo um precioso "link".

terça-feira, março 20, 2012

Arbitragens

Não faço parte de quantos acham que há por aí uma permanente conspiração no mundo da arbitragem. Nem de quantos, por regra, consideram que as derrotas (ou as vitórias) se devem essencialmente aos árbitros.

Mas há uma coisa que nunca entendi: por que razão um jogador, um treinador ou um dirigente não têm o direito, no final de um jogo, de considerar que a arbitragem foi péssima ou que o árbitro e os seus auxiliares foram, pura e simplesmente, incompetentes ou profissionalmente incapazes? Percebo que, sem provas, não devam acusá-los de desonestos ou corruptos, mas nunca entendi por que diabo um ator do jogo não pode manifestar, abertamente, a sua livre opinião sobre o trabalho desenvolvido por uma equipa de arbitagem, sem ser, de imediato, alvo dessa coisa patusca a que chamam "justiça desportiva".

De tudo isto resulta a sensação de que o futebol é uma espécie de um Estado dentro do Estado... a que isto chegou.

domingo, março 18, 2012

Britannica

Durante muitos anos, tive como sonho ser possuidor da famosa Encyclopaedia Britannica. Realizei o sonho na Noruega, onde adquiri, numa intocada "segunda mão", aqueles belos volumes em papel bíblia. 

Ano após ano, complementava-os com a aquisição das atualizacoes anuais, uns fantásticos repositórios dos novos textos e do ano anterior, escritos com rigor e sobriedade, como os anglo-saxónicos fazem as coisas, quando as querem fazer bem. 

Nos últimos tempos, para além dos problemas de espaço e de alguma desatenção, já havia deixado de comprar esses deliciosos "yearbooks". Mas a Britannica por lá anda, pelas minhas estantes lisboetas.

Leio agora que a Encyclopaedia Britannica vai deixar de se publicar em papel, passando apenas a existir nestas virtuais ondas da net. Não sei se gosto...

sexta-feira, março 16, 2012

Marcas

A singular iniciativa do município de Santa Comba de lançar a "marca Salazar" constitui a prova provada de que estes nossos dias de sobrevida em tempos de "troika", para além de refletirem um estado objetivo de pobreza material do país, revelam a existência de um imenso défice de pobreza de espírito, para a qual nenhum empréstimo de ética ou vergonha está por aí disponível.

terça-feira, março 13, 2012

O défice dos futebóis

Este ano, ninguém desce da divisão principal do nosso futebol, a qual, no próximo ano, passa a ter 18 clubes. em lugar dos atuais 16.

Esta foi uma decisão há pouco anunciada pela Liga de Clubes, que tem uma nova direção, recém-eleita, quase que aposto que com os votos dos clubes que agora não descem.

É apenas Portugal no seu melhor!

sexta-feira, março 09, 2012

Mistérios

Começo a converter-me às imensas vantagens de, daqui por uns tempos, regressar definitivamente a Portugal. Com efeito, dou por mim a pensar que só se pode compreender o país quando nele se vive no dia-a-dia. Para quem habita fora, há coisas muito difíceis de entender.

Exemplos? Ver Marcelo Rebelo de Sousa apresentar um livro de Francisco Louçã ou Jorge Braga de Macedo a fazer o elogio público de Paul Krugman.

Vai ser muito divertido ver estas coisas mais de perto.

terça-feira, março 06, 2012

Conversa (2)

Uma cidadã brasileira comprava uma "raspadinha", à hora de almoço, numa tabacaria de Lisboa. Não percebi bem a propósito de quê, disse para a vendedora:

- Eu sou corintiana, estou habituada a sofrer.

Para logo acrescentar:

- Por isso, cá em Portugal, sou pelo Sporting.

Ah! valente!

segunda-feira, março 05, 2012

Conversa

Conversa ouvida, na manhã de hoje, num multibanco de Vila Real:

- Então, estás a levantar paínço?

- Não, pá! Estou a pagar o IMI.

- E que tal? Foi uma conta calada?

- Foi. Gasparam-me mais de 300 euros.

Chegado a casa, esmagado pela minha ignorância lexical, fui logo ao dicionário. Nada! Razão tem o Dr. Graça Moura: não há um vocabulário atualizado da língua portuguesa, que conte já com a imparável criatividade lusitana, nestes tempos de troika.

domingo, março 04, 2012

Bordéis

Admito que para alguns possa soar a sintoma de modernidade, pode até ser que a segurança física das prostitutas (e dos prostitutos, presumo) saia mais protegida com a sua instalação em residências próprias legalmente protegidas, que a comodidade dos utentes possa vir a corresponder aos eventuais níveis de exigência a Deco venha a estabelecer, pode ser o que quiserem que seja, mas a mim, até prova em contrário, parece-me relevar de um imenso reacionarismo social a hipótese de legalização dos bordéis.

E não venham, de forma saloia, com exemplos "do estrangeiro" como argumento, está bem?

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Códigos

Há quase três décadas, no lóbi de um hotel estrangeiro, assisti a uma conversa, em que participou um então responsável político português, cujo tom me marcou para sempre. A discussão centrava-se nas políticas do futuro Banco Central Europeu e, muito em particular, nos termos de referência que essa nova instituição deveria seguir, com vista a assegurar o objetivo central da sua ação - a estabilidade dos preços.

Essa figura, homem que, aliás, prestou assinaláveis serviços ao país, afirmava, com toda a serenidade e certeza, que a nova instituição deveria limitar-se a seguir uma espécie de "breviário" técnico, independente de quaisquer juízos pessoais de valor, à luz da "sabedoria" acumulada pela doutrina económica, ao longo de décadas: "Perante uma evolução no sentido X, deve proceder-se a uma correção na direção Y. Mais nada!". E deu, como exemplo similar, os códigos jurídicos que, para uma determinado comportamento, estipulam uma certa pena.

Sou sempre muito cético perante este tipo de "sapiência" e automatismo. A assim ser, um destes dias colocamos um computador a tomar decisões e vamos todos para a praia... A história tem, quase sempre, muito maior imaginação do que os homens - como se vê bem pelo destino caricato das previsões económicas, a médio e longo prazo. Por isso, nessa noite, guardei modestamente as minhas reticências, mas "fiquei cá na minha". 

Porque é que falo disto hoje? Porque acabo de ler, com algum cuidado, as observações da troika ao comportamento da economia portuguesa, que hoje vive sujeita aos seus particulares métodos de cura e que bebe, com ânsia e impaciência, a "nota" das "frequências" a que está sujeita, antes de estipendiar, para nosso cíclico alívio, a paternal "mesada" trimestral. E dei comigo a pensar que parece subsistir naquelas instituições, bem como nos técnicos que coreograficamente as representam, uma matriz de receituário que, na metodologia, não se afasta muito da observância de "códigos" similares àqueles de que nos falava aquele nosso político.

Embora nada disto seja especialmente novo, e sei lá bem porquê!, acho que hoje não vou dormir muito descansado.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Jornalismo

"Árvore caiu sobre automóvel que circulava perto de Mafra há um ano" - este elucidativo exemplo, de fino recorte estilístico, fazia parte, há minutos, do texto de uma notícia da SIC.

Anda por aí muita gente preocupada com as consequência da entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico. Não os vejo, contudo, tão pressurosos em denunciar a iliteracia de quantos, com calinadas deste jaez, põem em perigo a salubridade da escrita pública.

Aproximamo-nos a passos largos dos tempos, recordados pelo João Paulo Guerra, num almoço que há meses tivémos com Baptista-Bastos, em que um inspirado plumitivo escrevia: "Era meia noite e, no entanto, chovia..."

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Contágio

Ontem de manhã, tinha marcado um encontro de trabalho com o meu colega grego na UNESCO. Mas uma forte febre, consequência de uma gripe, obrigou-me a cancelar a reunião.

Lembrei-me que não seria prudente estar a transmitir-lhe a minha doença. Se, nos últimos tempos, anda por aí tanta gente preocupada em não sofrer qualquer "contágio" dos gregos, seria pouco correto sermos nós a contagiá-los...

"Confio na justiça!"

Com a qualquer vulgar cidadão, causa-me sempre uma grande estranheza a contradição de decisões entre as diversas instâncias judiciais. Leem-se as razões que sustentam as mesmas e fica-se com a ideia de que, sendo a justiça uma atividade humana como outra qualquer, a sua aplicação depende demasiado das pessoas que a exercem. Para quem, como o tal vulgar cidadão que sou, quer ver a justiça como um referencial seguro na sociedade, no qual todos possam confiar, devo dizer que o que muitas vezes se passa não ajuda nada à criação de um ambiente de estabilidade. 

A tudo isto acresce a frequência dos "leaks", as quebras impunes do segredo de justiça, a cacofonia mediática de responsáveis e, principalmente, o protelamento cíclico das audiências, o prosseguimento desmesurado dos processos, a consciência de que, tal como na medicina, quem conseguir pagar melhor tem uma "melhor justiça". E, às vezes, até mesmo umas confortáveis prescrições.

Durante alguns anos, falou-se muito na necessidade de um acordo de regime para reforma do nosso sistema de justiça. Como se sabe, nada disto avançou, o que, para o comum dos mortais, transmite a sensação de que as grandes corporações do sistema estão pouco interessadas em compromissos que possam abalar o seu poder relativo. Isso, aliás, é patente na considerável resistência que sempre se deteta quando qualquer novo titular governamental da pasta decide tentar "cortar a direito". A experiência passada mostra que, quase sempre, se acabou numa "reformette", como por aqui se diz.

Nas últimas horas, dois mediáticos processos judiciais foram objetos de decisões. Não conheço os fundamentos de cada uma delas, embora me lembre bem das datas em que os portugueses iniciaram a contagem de esperança para se saber toda a verdade sobre as coisas que esses processos pretendiam averiguar. 

Em ambos os casos - basta recuar 72 horas! -, todos os protagonistas e acólitos aguardavam as decisões escudados na ritual frase "confiamos na justiça!". Mas, como a justiça é o que é, e não pode agradar a ambas as partes, acabou por ir por um lado, não tendo seguido pelo outro. E, então, a que é que assistimos? Aqui del-rei!, "não se fez justiça!". Mas então a justiça é só aquela que dá razão àquilo que pensamos? Provavelmente, por estas e por outras, é que a justiça que temos é a justiça que merecemos.   

terça-feira, fevereiro 21, 2012

"Mademoiselle"

Saiu ontem a determinação oficial que, aqui por França, acaba com o qualificativo de "mademoiselle", em todos os documentos públicos. Aparentemente, trata-se do culminar de uma luta para pôr termo ao sexismo que obrigava a revelar o caráter celibatário das jovens (e outras não tanto quanto isso) senhoras. Agora, só resta o qualificativo de "madame", embora eu me interrogue como o receberão as adolescentes. Logo se verá.

Em português, julgo que nunca tivémos o "menina" na nossa documentação, mas noto sempre as senhoras deliciadas com o subliminar "rejuvenescimento", quando assim as apelidam. E, devo dizer, sempre achei que chamar "mademoiselle" a alguém tem um sentido bem simpático e nada discriminatório. 

Só espero que, daqui a uns tempos, o mesmo "politicamente correto" não obrige a mudar as "Demoiselles de Rochefort" para as "Dames de Rochefort" e outras coisas similarmente "corretas".

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Semana inglesa

No passado domingo, passeando pela londrina King's Road, com todas as lojas abertas, lembrei-me do conceito da "semana inglesa" - a conquista do direito ao descanso obtida no início do século XX. Inicialmente, era um dia e meio sem trabalho nos serviços, passando, mais tarde, a dois dias completos. O comércio foi sempre mais flexível, embora o domingo se tivesse mantido, durante muito tempo, um período "sagrado" de encerramento de quase tudo.

O mundo, entretanto, mudou. A flexibilização dos horários, que sempre existiu em sociedades com direitos sociais limitados, foi-se impondo no mundo liberal, impulsionada, em especial, pela pressão do comércio, ou melhor, do dinheiro. A concorrência entre os diversos modelos de comercialização acabou por criar uma "epidemia" quase inescapável.

Hoje mesmo, foi anunciado que o presidente Nicolas Sarkozy tem intenção de alargar as já existentes facilidades de abertura do comércio ao domingo, um pouco na linha do seu conhecido slogan político: trabalhar mais para ganhar mais. Aliás, muitas zonas turísticas, e não só, de Paris já abrem regularmente todo o fim-de-semana.

Neste tempo em que também alguns feriados desaparecem, em que se flexibilizam certas coisas que tínhamos por adquiridas, talvez algum contraditório não faça mal aos espíritos. Por isso, este fim de semana, já coloquei de parte, para reler, o "Droit à la paresse", o clássico de 1880 de Paul Lafargue, uma obra que imagino não deva ter desagradado ao sogro do autor.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Paredes

Recebi alguns comentários pelo facto da música que passou a ser ouvida nos telefones da Embaixada, enquanto se aguarda uma ligação, ser de Carlos Paredes. 

Foi uma opção deliberada por um grande compositor e intérprete português, para substituir um "musak" incaraterístico que vinha com o equipamento de origem. 

A escolha, pelos vistos não foi consensual, como verifico por alguns (embora poucos) mails recebidos. Para contentar esses críticos, prometo, no dia 24 de abril, colocar como música de fundo o "Ó tempo volta p'ra trás".

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Petróleo eleitoral

Aqui há tempos, alguém comentava a circunstância de um determinado candidato presidencial, depois de ter criado fortes expetativas ao longo de muito tempo, ter baixado de forma trágica nas sondagens: "A continuar a descer assim, qualquer dia descobre petróleo..."

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

As novas escutas

Os telejornais televisivos, logo seguidos da imprensa, divulgaram, há pouco, um pequeno filme de uma conversa, na abertura da reunião do Eurogrupo de hoje, entre os ministros das Finanças de Portugal e da Alemanha.

O filme foi feito à distância, mas foi captado o som da conversa, traduzida com legendas. A troca de palavras era, naturalmente, para ser mantida sob reserva, dada a extrema delicadeza do que estava a ser comentado. Estamos perante um caso flagrante de escuta, uma invasão inaceitável da privacidade dos dois interlocutores, que não sabiam que estavam a ser ouvidos. No caso do ministro alemão, o que disse pode, facilmente, colocar-lhe problemas parlamentares.

Se há limites para as práticas intrusivas da comunicação social, este era, claramente, um deles. Uma imprensa que já segue práticas deste género autoqualifica-se. O "chicospertismo" mediático tem de ter um limite.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Tutólogos

Tendo andado alguma coisa por esse mundo, nunca encontrei uma espécie idêntica à dos nossos "tutólogos". Refiro-me a esses predestinados portugueses que são capazes de falar e escrever sobre tudo, não no tom leve e limitado de um post de blogue ou de uma despretensiosa nota de comentário, mas em severa coluna jornalística ou cátedra televisiva, com peso e opinião reverenciada. 

Todos nós, na vida comum, nos tornamos especialistas - piores ou melhores - em alguma coisa, fruto da profissão que exercemos ou da dedicação que prestamos a um tema particular. É natural que, nessas matérias específicas, nos consideremos habilitados a "mandar bitaites", mais ou menos judiciosos. No resto dos assuntos, como comuns cidadãos, temos "opiniões", do nível das que emitimos em grupos de amigos, que valem o que valem, por mais "presunção e água benta" que tomemos. Um exemplo claro são os blogues, como este, os quais, nas diversificadas temáticas que tocam, não passam de uma espécie de conversa no "café du commerce".

O que me parece muito estranho é que se tenha consagrado no nosso país - e, como digo, não os vejo noutros países - essa categoria dos "especialistas em tudo", que tanto peroram sobre as virtualidades da descida da "taxa social única" como das estatísticas de suicídios dos adolescentes, dos méritos das opções do Paulo Bento para o centro da nossa defesa como da política do Médio Oriente, da avaliação dos professores às greves dos polícias, passando por milhares de outros assuntos, quase sempre de forma definitiva e não auto-dubitativa. E o país, reverente, para, escuta e olha-os!

Não duvido, em alguns casos, de estarmos perante gente preparada, estudiosa e ponderada, capaz de emitir opiniões sensatas e equilibradas. Noutros, a agressividade jocosa e o radicalismo sectário passam por presumir-se com graça estilística e querer fazer-se passar simultaneamente por profundo. Tenho por algumas (não todas, longe disso) dessas figuras consideração pessoal e admiração, mesmo que delas discorde. Continuo a interrogar-me, contudo, como é possível a esses "tutólogos" pretenderem ser-lhes acessível toda a complexidade da vida contemporânea, sem que alguém lhes faça perceber que correm o risco de simplificar a realidade através de uma mera e muito pessoal caricatura das coisas. E, devo dizê-lo com franqueza, choca-me que isso condicione a opinião do país que os lê ou escuta, nos espaços de saliência mediática que lhes são concedidos.

Já aqui contei uma pequena frase que alguém disse, um dia, a uma dessas figuras, mas vou repeti-la: "Eu estou quase sempre de acordo consigo, exceto quando conheço os assuntos"...

Gaudin

Um dia de 2010, quando era embaixador em França, fui alertado para o facto de uma empresa portuguesa de construção civil, sedeada em Braga e...