Conversa ouvida, na manhã de hoje, num multibanco de Vila Real:
- Então, estás a levantar paínço?
- Não, pá! Estou a pagar o IMI.
- E que tal? Foi uma conta calada?
- Foi. Gasparam-me mais de 300 euros.
Chegado a casa, esmagado pela minha ignorância lexical, fui logo ao dicionário. Nada! Razão tem o Dr. Graça Moura: não há um vocabulário atualizado da língua portuguesa, que conte já com a imparável criatividade lusitana, nestes tempos de troika.
16 comentários:
Sr. Embaixador Francisco Seixas da Costa, Este comentário que se ouviu e que seria a levantar painço, esta frase muito usada no norte, que se não mudou é milho mal moído e com isso se fazia o painsço, mas Gasparem os 3oo euros essa é com certa graça.
Um abraço
Joaquim Pinto
Mas já temos o Alvarinho...
Da qualidade da safra é que não sei!
Esqueci-me! Painço dava eu de comer aos meus canários, em pequena.
Agora, que já sou grande, dou aos pardais...
melhor que um ao seria o reconhecimento de novas palavras, bem como de regionalismos e jargão que entraram na normal comunicação linguística, vocábulos novos que são usados e deviam ser registados nas novas edições de dicionários e léxicos.
se vamos ao vocabulário atualizado (atualizado?) não encontramos lá muitas palavras de uso comum como aconteceu no episódio relatado.
Parece-me que, como qualquer novidade, o AO será como a COCA-COLA…
Como UMA PESSOA disse, a princípio estranha-se…
Só que há carapaças onde entranhar não é fácil… mas, na maior parte das novidades, o prejuízo é de quem está dentro dessas carapaças…
Todos temos carapaças… mas muito seletivas… há coisas que estão fora de questão…
Agora, nunca ter provado, por opção,: vinho, um arroz de cabidela ou uma lampreia à bordalesa, é qualquer coisa que não me entranha…
É só um pequeno "piscar de olho" a uma comentadora assídua deste blog que do outro lado do atlantico tentará também procurar o sentido da palavra...
O verbo "gaspar" dinheiro aos contribuintes terá sido introduzido recentemente no vocabulário mas não terá entrada no dicionário.
Sem ofensa para o nosso ministro das finanças, começo também a sentir uma maior "gaspeirada" na fiscalização dos parcos bens que tenho em Portugal !
"gaspar" como verbo com o novo sentido de cobrar-nos demasiado e pagar-nos menos não está nada mal, apropriado o comentário.
"O GRADE FOI A ATUPIR NOS REGOS DAS TANARIFAS". Tudo isto existe no sistema da língua portuguesa e até vem no Aurélio. Se o objectivo de qualquer linguagem é o entendimento entre dois seres, na língua portuguesa só é necessário que se estabeleça a comunicação entre os falantes e que se entendam até um esclarecimento cabal entre eles. Assim, como a frase é a estrutura base para a identificação de uma língua passo a dar os sinónimos correspondentes ao enunciado que escolhi para que nos sintamos mais enriquecidos. O grade=cão;atupir=enterrar;regos=poios de terra; tanarifa=abóbora tenra traziza de Tenerife - nos primórdios da colonização da Madeira -, ilha já conhecida nas idas e vindas das cidades conquistadas no Norte de África. Cá por mim estou muito bem com a norma padrão, que já nos impõe modelos; mais as regionais, a gíria e o calão que se encarregam de acrescentar mais modalidades, a um sistema tão bem implantado no mundo, que não precisa de leis ou decretos. Coisas de quem tinha pouco que fazer; porquanto estas trabalheiras aumentam quando os nossos intelectuais ou quadros de eleite não têm mais actividade agrícula e industrial para gastarem o tempo e o físico... Falta trabalho em áreas que preencheram tudo e todos nos 50 anos após a Grande Guerra, sobra o acordo linguístico como se isso fosse tapar as faltas que tivemos com o tratamento a dar aos brasileiros quando tiveram de imigrar para Portugal. Será o medo de que nos tratem mal quando agora temos que emigrar de novo para lá? Há que ser confiante, porque eles gostam tanto de Fernando Pessoa como nós... a pátria" é a mesma.
Com o forrobodó anterior de, gastar, gastar, gastar, não tínhamos outra alternativa senão gaspar, gaspar, gaspar…
Brincadeiras lexicais em que somos pródigos, portugas cheios de invenção e de vontade de tornear os obstáculos com um rico anedotário. Duvido que continuemos tão imaginativos depois de recebermos a conta do IMI deste ano de 2012, que com as novas avaliações dos imóveis prometem fazer-nos voltar aos tempos dos piratas do mar, que chegavam e levavam tudo quanto queriam. É a lei da selva, por via marítima ou terrestre, com disfarces gasparíticos ou alvarinhos, tanto faz!
Invejável é a vontade indomável de pesquisa para clarificar dúvidas...
Agora pensando bem fui invadida por um pensamento peregrino, isto de ouvir conversas, sei que é em público mas há algo de perversão ética aliciante atribuido às vezes ao género feminino esta capacidade de captação, sim senhor...
É só um sindrome de saudade da minha amiga velha senhora, espero que não esteja com gripe...
o aurelio (referido por um comentador) é um grande dicionário, registava tudo, há mais de 40 anos encontrei no pequeno aurelio regionalismos alentejanos (ganhão, p ex)beirões e algarvios, com o significado preciso e a indicação do lugar onde se usavam
alvarinho (hsc) lembra me o adjectivo alvar, sorriso alvar p ex.
ERA UMA VEZ
Pensando bem...GASPACHO pode passar a significar "mais um imposto", porque que sempre que Gaspar "acha"...
Cara Isabel Seixas
Passei por aqui, li e transmiti (a rimalhice pega-se?) à velha Senhora, que ficou sensibilizada com as suas saudade e preocupação:
muito obrigada
plo seu cuidado
boa isabel
muito espalhada
a gripalhada
ai deus louvado
foi-me infiel
mas ocuparam-me
engripalhados
doentes meus
uns despacharam-se
outros curaram-se
desta escapados
benza-os um deus
os despachados
já não os gaspa
gaspar borracho
o gaspar que acha
acha e despacha
tudo nos raspa
co'os seus gaspachos (*)
(*) roubado a ERA UMA VEZ
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