sábado, outubro 07, 2023

Pois é!

A causa ucraniana vive, desde o início do conflito, numa insuperável contradição: os democratas e amantes da liberdade que a apoiam sentem o desconforto de encontrarem, do mesmo lado da barricada, gente que, em tudo o resto, está nos antípodas das suas opções cívicas e políticas.

6 comentários:

manuel campos disse...


É o grande problema dessa barricada, um problema que não existe na outra barricada.

Francisco Seixas da Costa disse...

Manuel Campos. Tenho amigos comunistas (ou lá próximos) que só taticamente aceitam a companhia do trumpismo radical.

Joaquim de Freitas disse...

Muito simples: Algumas pessoas questionam-se sobre a ligação entre os neonazis ucranianos e a expansão da NATO em direcção à fronteira russa.

Na verdade, esta ligação está muito mais próxima do que parece à primeira vista.Durante várias décadas, de facto desde 1945, o Ocidente usou a ideologia nazista e apoiou as forças de extrema-direita na Ucrânia para torná-la um cerco de instabilidade dirigido contra a Rússia.

9 de Maio de 1945. Berlim capitulou e o Reich nazista foi condenado pelo povo libertado pelos soldados soviéticos e pelas nações aliadas. Em breve começarão os Julgamentos de Nuremberga, condenando o nazismo como uma ideologia criminosa e misantrópica. Os colaboradores e cúmplices nazis na Ucrânia enfrentam uma escolha difícil: devem continuar a lutar contra o regime soviético no território libertado ou fugir para o Ocidente?

Alguns dos colaboradores e traidores mais astutos fugiram para a Europa. Estava a tornar-se claro que o próximo confronto global do pós-guerra seria entre a União Soviética e o mundo ocidental, e eles decidiram, com razão, que o seu ódio à União Soviética e a tudo o que está associado à Rússia seria útil às potências ocidentais.

Os colaboradores que não queriam ser julgados na União Soviética escolheram a Polónia e a Alemanha Ocidental. Alguns deles foram então para os Estados Unidos e Canadá, mais próximos do “bom império” e baluarte da Guerra-fria contra a União Soviética.

O mais bem-sucedido destes seguidores da ideologia nazista foi Stepan Bandera, o líder nacionalista ucraniano durante a guerra e um lutador feroz contra a União Soviética. Ele considerou a vitória da União Soviética uma tragédia pessoal, sonhou com vingança e, para muitas gerações de nacionalistas ucranianos, tornou-se um ícone da luta terrorista contra tudo o que é russo.

Com o colapso da URSS, o Ocidente teve finalmente a oportunidade de utilizar os bens que acumulou durante décadas para estabelecer um regime pró-nazi na Ucrânia, tingido de ideologia russofóbica e de ódio por tudo o que é russo

O Ocidente não conseguiu fazer isto sob Leonid Kuchma, mas as primeiras tentativas de enviar emissários nacionalistas ocidentais para a Ucrânia ocorreram por volta desta altura.

Com Zelensky e os seus comparsas, que os lideres da EU e EUA foram abraçar com ternura, levando-lhe o nosso dinheiro, as nossas armas e a nossa honra,

o círculo está fechado. Os nazis ucranianos que fugiram de um julgamento justo há 75 anos regressaram ao local de onde foram perseguidos pelos soldados soviéticos, através dos seus filhos e com o apoio directo do Ocidente.

manuel campos disse...


Caro Embaixador

Mas aceitam, talvez porque estejam no domínio dos grandes "princípios" e não tenham que os discutir no dia-a-dia.
A questão para mim é que, neste caso, há um desconforto que se está a transformar em cansaço e caminhamos para que cada vez mais dificilmente aceitem, pois não raras vezes acabam a ser "maltratados" pelos próprios companheiros de barricada porque insistem em olhar com os seus olhos e não com os olhos dos outros.
Tudo depende de quanto tempo durar, é certo, mas como deve durar algum tempo, prognósticos só no fim do jogo.

Unknown disse...

É verdade. É o que eu sinto em relação a partidos da esquerda radical.

josé ricardo disse...

E verdade. Já penso nisso desde o início do conflito. Já vimos o Chega no Parlamento com a bandeirinha da Ucrânia na cara de Lula. Isso é também sintomático da nossa incapacidade de não olhar para este conflito com olhos totalmente imparciais, de não escutar (que é diferente de ouvir) os argumentos da Rússia. Será que Putin e Lavrov são assim tão belicistas, tão parcos de argumentos? Será que não têm (alguma) razão relativamente ao aspiracional posicionamento unipolar dos Estados Unidos? Será que a Ucrânia é um regime tão democrático, tão pró-europeu, tão coerente, tão impoluto?

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