Não duvido que as novas gerações serão a principal alavanca para garantir uma mudança de atitude da sociedade face à questão ambiental. Mas duvido que essa mesma sociedade algum dia venha a aceitar que isso possa ser feito pelo recurso a ações à margem da ordem (que, relembro, é) democrática.
12 comentários:
"Deus" o ouça. Mas a aposta está longe de estar ganha. Não era mau que os decisores tomassem consciência de que o modo tradicional de governação (redistribuir a parte do bolo que aumentou para conseguir o assentimento da população) vai deixar de ser possível. Isto é verdade across the board, especialmente para a social-democracia. Há mais de uma década que os políticos europeus prometem sem sucesso mais crescimento e mais emprego. Só se vão aguentando em virtude de truques contabilísticos, das torneiras abertas do BCE,... Mas se, em vez de medir o valor do PIB, medíssemos os bens físicos e materiais que são verdadeiramente produzidos, ou se medíssemos a energia consumida (um correlato da produção de bens materiais), veríamos que a Europa está em contracção desde 2005. Há duas semanas, apareceu na Economist um gráfico que mostra que o consumo de energia da Alemanha está em queda desde 2005. A Alemanha é apenas a powerhouse industrial da Europa. O consumo de energia é uma variável que, grosso modo, mede o parque de máquinas em operação. 2005 foi o ano do pico de produção do Mar do Norte. A Europa começou a sofrer de penúria energética desde então. Uma das consequências da globalização: o número de concorrentes, e o seu poder, pelo acesso à energia e recursos materiais aumentou de forma significativa. É preciso aprender a governar democraticamnente uma sociedade com uma economia estacionária, sem crescimento sistemático. O crescimento exponencial foi um parêntesis na História da Humanidade. Só é surpreendente para quem não sabe o que é uma função exponencial.
Posturas de "meninos rabinos pinta paredes" nunca granjearam grande aprovação, nem deram grandes resultados.
Quem quer verdadeiramente fazer algo sabe muito bem que só o pode fazer dentro das regras, tudo o resto são pretextos para dar azo à expressão de tendências delinquentes.
se me permite, "questão ambiental" é um eufemismo: estamos, sim, perante uma emergência ambiental. Não há volta a dar.
Tenho muitas dúvidas quanto à primeira frase e não tenho nenhumas dúvidas quanto à 2ª frase.
Quais novas gerações quando só nos países democráticos da Europa e da América do Norte (e poucos mais) isso acontece, estando nós a falar de pouco mais de 1/8 da população do tal planeta de que não existe versão B?
E mesmo nessas gerações quantos estarão dispostos a abdicar dos gadgets variados cheios de plástico e metais raros, das calças jeans que cada par gasta 5196 litros de água a ser feito e das viagens para todo o lado em low-cost?
E quando, só para dar o nosso exemplo, 82% dos portugueses acham que se deve avançar rapidamente nesse caminho mas só 21% reciclam o seu lixo, como sempre achamos tudo óptimo a contar que sejam os outros a fazê-lo.
Pois se eu ainda sou "gozado" aqui no bairro com um "se querem encontrar o (eu) ponham-se junto ao ecoponto porque ele vai lá todos os dias.
O caminho faz-se caminhando e todos temos que fazer a nossa parte, as pequenas partes que cada um faça, todas somadas, darão como sempre algo de muito grande.
Mas as metas de 2030 para umas coisas e 2040 para outras são teóricas, ainda que ache muito bem que estejam assim definidas, a ver se todos nos mexemos.
PS- Em Portugal há 5.6 milhões de viaturas ligeiras (Pordata), juntando as outras viaturas chega-se aos 7 milhões, tirando quem ainda não tem idade para ter carro e quem já não tem idade para ter carta, dá quase um carro por habitante.
Como não estamos sós no mundo a querermos comprar eléctricos e não andamos a nadar em dinheiro para trocar de carro, como é que se sai disto senão mantendo os carros que poluem a poluír cada vez mais com a idade, o que aliás está previsto pois a UE quer banir a venda de diesel e gasolina em 2035 mas não, com é evidente, que eles andem por aí (ainda que com restrições eventuais nos percursos).
Mas é a sua geração que tem dito às novas gerações que vivemos à beira de um apocalipse... isto faz-me lembrar a história, não sei se lenda, dos chaimites que paravam nos sinais vermelhos em Lisboa no 25 de abril ;) . Si non e vero, é bene trovato, em Portugal.
Meditei sobre esta frase do Senhor Embaixador e não consigo ver a ordem democrática na sociedade actual. Nem no ambiente nem no resto.
Em poucas palavras, que vêm estas novas gerações no mundo actual? As nações de pé, armas na mão, algumas já em guerra e outras preparando-se.
E a preparação leva tempo. A da Ucrânia, por exemplo:
Ao preparar esta guerra fratricida entre os povos eslavos durante anos com os seus cúmplices McCain ou Nuland e os seus amigos neoconservadores, ao desencadear este confronto através das suas provocações incessantes e através do apoio infalível que o seu país forneceu durante décadas, aos descendentes bandeiristas que hoje detêm o regime de Kiev, houve um individuo do qual não se fala muito, mas que foi o artista deste massacre ao qual assistimos hoje: Lindsey Graham.
Muito satisfeito diante das câmaras e na presença de Zelensky, pelo “melhor investimento” que esta guerra entre povos irmãos em que centenas de eslavos morrem todos os dias constituiu para o seu país.
Sendo esta palavra sinónimo de escravos na sua língua, não duvido nem por um segundo que, de facto, para ele e os seus pares, ver “escravos” lutando por sua causa por apenas algumas dezenas de bilhões de dólares de sua moeda mágica, deve lhe dar um prazer doentio que também pode ser lido nos seus olhos.
Para ter a certeza de que foi correctamente compreendido, também reiterou, algumas semanas depois, esta convicção de que o seu país estava actualmente a fazer o melhor investimento geopolítico da sua história, ao favorecer a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Mas ele não anda sozinho nessa suja tarefa de vender a pele dos escravos. Durante um iscurso em 2019 perante estudantes da Texas A&M University, o seu colega Mike Pompeo não deixou de provocar o entusiasmo e a hilaridade do seu público ao relembrar a sua experiência como director da CIA, de 2017 a 2018.
Questionado sobre a situação diplomática atitude a adoptar relativamente a determinados países como a Arábia Saudita, o Secretário de Estado procurou perspectivar o peso das críticas dirigidas à administração norte-americana, acreditando que demasiados americanos não compreendiam a sorte que tinham “por estarem aqui, no Estados Unidos".
"Quando eu estava a começar a minha carreira, o lema era 'não mentirás, não trapacearás, ou não roubarás, nem tolerarás aqueles que o fazem.”
“Eu era o director da CIA: mentimos, trapaceamos e roubamos. Estávamos totalmente treinados para isso.” Mas o mais grave neste caso foi a reacção entusiástica dos estudantes que pareciam aderir totalmente a estes tipos de cinismo terrível, mostrando assim que este comportamento está perfeitamente integrado e aceite pelos descendentes das elites”.
As novas gerações, Senhor Embaixador, “il y a a prendre et à laisser”. Mas estou convencido que na EU, o povo não irá combater pelos nazis e corruptos da Nova Europa ! Sim, talvez um ou dois Baltas ou Polacos, que depois de receber uns Kalibr ou Kinjal no crânio, fugirão como coelhos …
É que o urso curou as feridas, levantou-se em Dezembro 2021, grunhiu! Surpreendidos por tal audácia, os “ no US boots on the ground” enviaram o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a ladrar para dizer aos russos que não desistiriam dos seus ossos.
E é verdade que a princípio os poodles europeus também começaram a latir no coro da russofobia, ganhando novos vassalos com a Finlândia e talvez um dia com a Suécia.
Quem acredita que é estalando o chicote diante dos seus lamentáveis fantoches europeus ou explodindo os seus gasodutos que o povo das novas gerações irá segui-los para mais uma guerra de extermínio? Uma nova ordem democrática?
Não estou de acordo com essa juventude reinvidicar da forma que tem feito. Deu-me vontade de rir quando vi na TV dois jovens pendurados numa ponte na segunda circular. Já não achei tanta graça de os ver deitados no chão e a causar transtornos aos automobilistas que não devem ter sido poucos ali no pára arranca com os escapes a fumegar...
E os outros a pintarem uma parede com tinta vermelha? Será que aquela tinta era ecológica?
Enfim tudo isto é uma cópia do que se faz lá fora.
Muito bom comentário de "marsupilami", a tocar em pontos que muita gente anda a preferir nem saber.
Não tem a ver com "um clima" mas tem a ver com "outro clima".
Tive aí ao almoço um filho meu e o correspondente neto.
O meu filho vive ali algures na denominada linha de Cascais, onde tem actividade na área da saúde (o meu neto vive sózinho em Lisboa, como já disse há na família uma “cultura de independência” quando se começa a trabalhar).
Na zona onde o meu filho vive os residentes nacionais têm vindo a ser paulatinamente “substituídos” por estrangeiros com algum poder de compra, os nacionais vendem os andares por não sei quantas vezes o que deram por eles, compram uma moradia ou um andar enorme mais longe, ainda lhes sobra muito.
As questões de saúde levaram assim uma grande volta ainda que sem particulares vantagens para os profissionais independentes, os nacionais não se tratavam porque não lhes sobrava dinheiro para isso, os estrangeiros abastados não se tratam porque já vêm tratados e é só visitas esporádicas de rotina.
Só que alguns estrangeiros que estão cá há mais tempo, passado o entusiasmo inicial pelos brandos costumes, o nacional-porreirismo, a bebida e a comida local, começam a não achar tanta graça a isto e têm meios para ir experimentar outros sítios, mantendo o investimento cá que alugam a bom preço, tal como as coisas estão.
Só para quem vive noutro “mundo” e não faz ideia destas situações, estão a ser feitos investimentos imobiliários na linha com arrendamentos “previsíveis” que me dizem ser da ordem dos 8000€ (oito mil) mensais.
Não são alugueres isolados, nesse há muito pior, são edifícios inteiros.
No entanto conta-me ele algo que não posso deixar de partilhar: os vizinhos e clientes estrangeiros que vivem cá há mais anos começam a queixar-se que há cá agora demasiados estrangeiros.
Não vá ser mal interpretado um comentário que pus há bocado e ainda não está cá a esta hora, de más interpretações estão as caixas de comentários deste blogue cheias.
Estou totalmente de acordo com o texto "Depois queixem-se" aqui postado em 30 de Setembro passado.
Só contei o que se estava a passar, que implica que muito nacional esteja a ganhar umas boas massitas a vender as casas (o que é bom, que o dinheiro vem de fora) e apareçam mais no mercado de arrendamento (o que também é bom, porque têm que vir a preços de mercado).
Não é bom que os estrangeiros mais antigos e que vieram por gostar disto comecem a ficar farto dos outros estrangeiros mais recentes e que estão a seguir a moda.
Talvez não saibam mas estamos (também) a viver disso.
E se isso corre para o torto lá se vai o turismo, a nossa única "indústria".
Hoje foi a sede da REN, na Avenida dos EUA (lado nascente) a levar com tinta vermelha "ecológica" (!).
Portanto trabalho e horas extra para o pessoal da limpeza está garantido.
Isto tem tudo para acabar mal e de repente, quando alguém se "passar" a sério, há pessoas com problemas naquele preciso momento, sei lá, cônjuges a morrer, filhos doentes, coisas assim que só acontecem aos outros e não ajudam a ter a justa compreensão ditada pela calma.
Tenho evitado intervir muito, como já contei andei ligado às questões de ambiente desde 1981, ainda ando pro-bono, há sempre uns "especialistas" que leram umas coisas ontem antes de ir para a cama e têm o condão de ter todas as certezas onde eu só tenho dúvidas.
Tendo-nos levantado quase de madrugada para estarmos cedo na Champalimaud onde, como se sabe, não se vai só para beber um cafezinho e ver a vista, fomos apanhados no regresso por mais uma “manif do clima” na Avenida de Roma pois tivemos que voltar a Alvalade buscar uma encomenda.
Já ontem ao jantar tínhamos debatido, não só qual o caminho com menos trânsito àquela hora, mas também qual o mais seguro para evitar este novo imponderável (como se isso nos adiantasse, uma moeda ao ar ia dar ao mesmo).
Bagunça total e duas ambulâncias desesperadas no meio daquilo tudo, até porque eles estavam mesmo ali ao pé da “base” do INEM na Rua Infante Dom Pedro.
Conhecendo bem a zona, enfiei pela Av. de Madrid, Praça Afrânio Peixoto, Rua Vitor Hugo e Av. do Aeroporto, fui de volta.
Como ontem aqui dizia, um dia destes alguém “passa-se”.
Quando passa uma ambulância na rua, olhamos ou nem isso, se os carros se desviam ou não pouco ou nada nos incomoda.
Quando vamos atrás de uma ambulância onde vai alguém “nosso” começamos a ver as coisas de outra forma, vos garanto.
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