domingo, outubro 22, 2023

A "Varina" da noite boa


Ontem, fui jantar à Varina, à velha "Varina da Madragoa", na rua das Madres. Andava ocasionalmente ali pela zona, tinha testado alguns locais na rua da Esperança que estão na moda e que, por isso, estavam infrequentáveis por excesso de turistas, pelo que subi até às Madres. Ainda não eram oito e meia e, ao contrário dos outros locais, a Varina estava às moscas, com a exceção de um casal estrangeiro, sentado num canto. O Veiga recebeu-nos com um imenso abraço comum, a que chamou "familiar", de genuíno contentamento por nos ver, como sempre acontece quando nos acolhe por ali, há quase quatro décadas.

Em boa hora chegámos porque, pouco tempo depois, houve uma enchente e a Varina passou a não ter um único lugar vago. Ao casal estrangeiro que já lá estava, que meteu conversa connosco, explicámos que a mesa onde se sentavam era a que habitualmente era ocupada por José Saramago. Eram canadianos, muito simpáticos e achavam, sinceramente, que Saramago era espanhol. Ela tinha lido o "Ensaio sobre a Cegueira", ele era cultor de "slow food", o que se notava pela calma com que ia debicando o que tinha à frente. Viram-nos comer umas pataniscas e uns grenadinos de vitela (é o único sítio onde ainda encontro, com esse nome, aquela espetada de vitela com bacon), duas coisas que quase sempre pedimos por ali. Saímos com eles a encomendar os grenadinos, comigo na esperança de que não achassem que, aqui por Lisboa, "a carne é fraca"...

Gostei de regressar à Varina, onde julgo que não ia (não, não é "desde a última vez que lá fui", como diria o venerando Thomaz) desde a última noite de Santo António em que, como em outros anos, por lá reuni mais de uma dezena de amigos à volta das sardinhas e das febras. Ontem, foi mais uma noite boa na Madragoa.

5 comentários:

manuel campos disse...


Outra das "Lojas com História".
Esta conheci bem.

Meu Pai nasceu na Madragoa e viveu lá até aos 24 anos, altura em que se casou com minha Mãe e deixou de viver por ali.
Mas era sempre nas tascas e tasquinhas da Madragoa que ele se sentia bem e gostava de ir almoçar, se possível com algum dos filhos.
Por isso almocei muitas vezes lá com ele, nos anos 80 e 90, até porque ele trabalhava relativamente perto dali e nessa altura havia lugar à porta de tudo (também gostava de parar o carro à porta dos sítios, o que nessa altura era sempre possível).
Nunca mais lá fui desde que ele faleceu há 30 anos.

Unknown disse...

Apesar de não apreciar Saramago como escritor e, menos ainda, como pessoa, não posso deixar de reconhecer que Saramago é, nos dias de hoje, um dos poucos símbolos universais de Portugal, do qual todos os portugueses se podem orgulhar. Futebóis à parte.

Pereirinha disse...

No restaurante Príncipe do Calhariz servem uns grenadinos,estando essa denominação na ementa.

Luís Lavoura disse...

Apesar de morar em Lisboa há decénios, a Madragoa é uma parte da cidade que desconheço totalmente.

manuel campos disse...


Off-topic, sorry.

Leio que a Mobi.E, empresa pública que é a gestora da rede de mobilidade elétrica em Portugal, fez um inquérito e concluíu que mais de metade dos automobilistas proprietários de carros com motor movido a gasolina ou a gasóleo tencionam comprar um carro elétrico ainda este ano ou dentro de dois anos.
Repito os dois pontos: (1) ainda este ano ou dentro de dois anos e (2) mais de metade dos proprietários.

Em Portugal havia em 2021 (Pordata) 5,6 milhões de viaturas ligeiras, estimando-se que daqui a dois anos, entre híbridos e eléctricos “puros” e se tudo correr bem, haja cerca de 630 mil viaturas destas.

Eu também tenciono ganhar o Euromilhões ainda este ano ou no máximo dentro de dois anos.
Só não sei como vai ser porque não jogo.

Isto é verdade?