Sente-se em algumas pessoas um doentio desejo de que os comentários internacionais nas televisões se reduzam a uma única linha de análise. É preciso resistir ao unanimismo, mesmo que o custo seja o insulto. A liberdade de expressão merece isso.
22 comentários:
Anónimo
disse...
Concordo plenamente. Mas é difícil pôr em dúvida a derrota completa das Rússia sem ser apelidado de putinista (ou pior). Daí o meu comentário de há dias sobre as pivots dos noticiários. E coloco de novo a questão: deve um jornalista afirmar que veste a camisola de um dos lados? Zeca
Uma coisa são os comentadores, que devem ter toda a liberdade para exprimirem o que pensam. Podemos é questionar o critério da sua escolha, uma vez que é tão notória a falta de pluralismo ideológico no debate televisivo e mesmo radiofónico. Outra coisa são os moderadores e apresentadores de noticiários. Quanto a estes, salvo uma ou outra exceção, a questão é, serão mesmo jornalistas? O facto de terem um diploma de jornalista faz deles jornalistas? Não, não faz. E a maioria não atua como tal. Aliás, penso que a maioria se limita a ler os telepontos ou a seguir as instruções de quem lhe sopra ao ouvido. Esse é o espaço da sua liberdade enquanto jornalistas, nunca isento, sempre comprometido com um dos lados da contenda, mesmo que para isso seja necessário omitir as causas remotas e próximas, passar por cima da história.
Às vezes penso como é que determinados "pivots", de quem se conhecem as opiniões sobre os assuntos por outras vias, noscontam com o ar mais convicto deste mundo precisamente o oposto do que pensam, mas depois lá me lembro que aquilo é a profissão deles e, como tal, só estarão a exercê-la (ainda que eu não me visse a exercê-la desse modo, mas eu não sou "pivot", felizmente).
Mas cada vez tenho mais dúvidas se é possível ser-se "jornalista mesmo jornalista" nestes tempos de politicamente correcto, de causas fracturantes da moda, de "shares" variados que é preciso alcançar, de interesses que nos ultrapassam de tal modo e a tal velocidade que nem sempre é possível sobreviver-lhes.
E o incómodo que alguns demonstram quando não ouvem o que querem ouvir é constrangedor, ainda ontem apareci ali na sala onde está a TV na altura em que "calavam" um comentador mudando de assunto de repente. Por acaso um comentador que eu acho que "calado" é que estava bem, mas não é por isso que não tinha todo o direito de dizer o que pensava, os "unanimismos" aqui falados estão a dar cabo da nossa vida e a matar a democracia, como não me canso também de dizer.
Também concordo com o que diz. "Outra coisa são os moderadores e apresentadores de noticiários." " a maioria se limita a ler os telepontos ou a seguir as instruções de quem lhe sopra ao ouvido" Não sei como é que a feitura dos noticiários se realiza. Não sei quem escolhe os comentadores nem sei se as apresentadoras se limitam a ler o teleponto. Mas fico irritadíssimo quando as apresentadoras não hesitam em se mostrar muito desagradadas quando alguém não diz que a derrota da Rússia será total e certa. E acho que não se pode confundir quem tem razão com quem tem mais meios militares. Também não percebo por que razão, em geral, se dá como começo da guerra a data de Fevereiro de 2022. Na realidade começou mais cedo mas admitir isso altera a análise da situação. Nem percebo por que é que pouco se fala do papel da Nato antes de 2022. Não teve influência no desenrolar das coisas? Confesso a minha ignorância mas penso que uma grande parte dos cidadãos são tão (ou mais) ignorantes do que eu. Será vantajoso mantê-los nesse estado? Sim, há quem beneficie. Por isso é que há pouco pluralismo nos comentadores. Zeca
Mas sim, hà jornalistas. Em Israel, por exemplo. No jornal Haaretz ! Que é capaz de dar "Uma lição de jornalismo e humanidade para políticos e pseudo jornalistas às ordens... como são quase todos nos nossos paises democràticos...
Um Judeu fala...Gideon Levy
Israel castiga Gaza desde 1948.
Ontem, Israel viu imagens que não esperava na sua vida, por causa da sua arrogância. Por trás de tudo o que aconteceu está a arrogância israelense.
Achávamos que tínhamos o direito de fazer nao importa quê e que nunca pagaríamos um preço nem seríamos punidos por isso.
Prendemos, matamos, abusamos, roubamos, protegemos massacres de colonos, visitamos o Túmulo de José, o Túmulo de Otniel e o Altar de Yeshua, todos nos territórios palestinos, e claro, visitamos o Monte do Templo – mais de 5.000 judeus no trono.
Estamos a disparar sobre pessoas inocentes, a arrancar-lhes os olhos e a partir-lhes a cara, a deportá-las, a confiscar as suas terras, a saqueá-las, a retirá-las das suas camas, a realizar limpezas étnicas e também a continuar o cerco injustificado.
Estamos a construir uma enorme barreira à volta da Faixa de Gaza, a sua estrutura subterrânea custou três mil milhões de shekels e estamos seguros.
Continuamos a deter milhares de prisioneiros palestinianos, incluindo aqueles detidos sem julgamento, na sua maioria presos políticos, e não concordamos em discutir a sua libertação, mesmo depois de décadas de prisão.
Dizemos-lhes que só através da força os seus prisioneiros poderão ser libertados. Pensávamos que continuaríamos a rejeitar arrogantemente qualquer tentativa de solução política, simplesmente porque não nos convinha, e que tudo continuaria certamente assim para sempre. E mais uma vez, acabou por não ser o caso.
Algumas centenas de combatentes palestinianos provaram que é impossível encarcerar dois milhões de pessoas para sempre sem pagar um preço elevado.
Tal como a velha e fumegante escavadora palestiniana demoliu ontem o muro, o mais avançado de todos os muros e vedações, também arrancou o manto da arrogância e da indiferença israelitas. Também demoliu a ideia de que bastava atacar Gaza de vez em quando com drones suicidas e vender esses drones a meio mundo, para manter a segurança.
Ontem já se falava em destruir bairros inteiros de Gaza, ocupar a Faixa de Gaza e punir Gaza “como nunca foi punida antes”. Mas Israel tem punido Gaza desde 1948, sem parar um só momento. 75 anos de abuso e o pior já está à espera. As ameaças de “achatar Gaza” apenas provam uma coisa: que não aprendemos nada.
Benjamin Netanyahu tem uma grande responsabilidade pelo que aconteceu e deve pagar o preço, mas o caso não começou com ele e não terminará depois que ele partir. Devemos agora chorar amargamente pelas vítimas israelitas.
Mas também devemos chorar por Gaza. Gaza, cuja população é composta principalmente por refugiados criados por Israel; Gaza, que não conheceu um único dia de liberdade.
SIM existem jornalistas, mas onde menos se esperava...
Uma coisa é a análise crítica, outra é o preconceito ideológico de uma certa esquerda, que não deve ter expressão num comentário televisivo isento. E depois há uma categoria de comentadores que flutua e que, de vez em quando, se aborrece com o apoio à Ucrânia e com o heroísmo de Zelensky e começa a descobrir borbulhas no rosto do homem, que o desfeiam.
Bom, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um ou mais ou muitos comentadores a tecerem loas às acções terroristas do estado de israel e ao genocídio que o mesmo se prepara (e está) a implmentar em Gaza. Espera, desses não faltam.
Bem, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um comentador a tecer loas à ação do Hamas e a chacina no festival techno.
Exacto. Mas o contrario ? Poucas ONGs israelenses estão a tentar dizer a verdade. Mas a média não repercute. É o caso de "Quebrando o Silêncio" quando publica os depoimentos de 60 soldados e oficiais que participaram à Operação Borda Protectora.
O mundo inteiro podia ver soldados israelenses atirando em homens como alvos de um campo de tiro. Ao lado deles, um público encantado do show. A Operação Borda Protetora, que durou 51 dias, resultou na morte de mais de 2.200 palestinos e 72 israelenses.
As linhas editoriais e os jornalistas que as desenvolvem, são o que os capitalistas, donos dos média, autorizam…e pagam! E os telespectadores, falta de cultura política e de diversificação dos media, são o resultado do que lhes servem. Não vou buscar mais longe, a 1917 por exemplo, a uma certa mensagem, servida na missa, três vezes por dia, o ano inteiro.
Quando os media pertencem a uma só facção politica, que esperar doutro? Qual outro “continente” proibiu RT e Spoutnick, senão a Europa de Úrsula Van der Leyen?
Em França, vindos da indústria da construção, armamento, luxo ou telefonia, dez bilionários assumiram o controle de grande parte da mídia francesa. Com a chave, conflitos de interesse, censura, pressão, demissões, interferência doentia. Como garantir a liberdade de informação e o pluralismo da imprensa nestas condições. Tudo pode ser comprado, tudo pode ser vendido, jornais, TVs, rádios. Alguns bilionários dividem o bolo. Resultado: 90% dos diários nacionais vendidos todos os dias pertencem a 10 oligarcas! Os mesmas possuem televisões e rádios que somam respectivamente 55% e 40% das quotas de audiência Portanto, há uma grande probabilidade de ler, assistir ou ouvir mídias pertencentes a esse pequeno círculo de bilionários todos os dias.
" outra é o preconceito ideológico de uma certa esquerda, que não deve ter expressão num comentário televisivo isento" Espanto! Uma certa esquerda não deve ter expressão etc. E uma certa direita? A esquerda pronuncia-se por preconceito ideológico. A direita não, não é por razões ideológicas, a direita não vai em ideologias .... vai directo à realidade das coisas. Parecer ser o que está subjacente. Que a direita é que sabe ..... Zeca
Bem, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um comentador a tecer loas à acção do Hamas e a chacina no festival techno."
Mas apareceu esse comentador ! De 16 a 18 de Setembro de 1982, o horror abateu-se sobre os campos de refugiados palestinianos de Sabra e Chatila, em Beirute. Eles tinham sido expulsos de Palestina.
Durante mais de 40 horas, quase 3.000 palestinianos foram dizimados por milicianos falangistas libaneses armados e protegidos pelas forças de ocupação israelitas. Um massacre planeado e orquestrado pelo exército israelita.
Israel comprometeu-se com o representante americano, Habib, a não pôr os pés em Beirute Ocidental e, acima de tudo, a respeitar as populações civis dos campos palestinianos. Arafat ainda tem a carta em que Reagan lhe fez a mesma promessa. Habib teria prometido a Arafat a libertação de nove mil prisioneiros. "
O “banho de sangue” que Israel afirmava evitar ao trazer ordem aos campos!... “Será muito fácil para Israel exonerar-se de todas as acusações.
Os jornalistas de todos os jornais europeus tinham começado a trabahar para os exonerar: ninguém dirá que durante as noites de quinta para sexta e de sexta para sábado se falava hebraico em Shatila. Jean Genet."
"Benfica/Sporting" no Rússia/Ucrânia, "Benfica/Sporting" no Israel/Hamas, é isto em que nos tornámos sentados no sofá e já não na tasca da esquina.
Estamos a ficar uns belos inúteis, toma-se partido por convicção, preconceito ou interesse, grita-se (escreve-se) isso ao mundo e está feito, cada um fica de consciência limpa até ao comentário seguinte sobre o tema, onde repete as mesmas convicções, preconceitos ou interesses.
Está tudo de acordo que se matem uns aos outros, cada um puxando para o seu lado, desde que se matem bem longe daqui. Porque se os vizinhos do lado lá no prédio se estiverem a esfaquear uns aos outros, isso é lá com eles, ninguém se mete, ninguém está para se chatear.
PS1- Relembro que já no caso do Rússia/Ucrânia só intervim aqui para falar em paz e modos de lá chegar, o que me valeu algumas trocas de ideias muito educativas, tão educativas que tive que insistir que não me educassem mais.
PS2- Neste caso do Israel/Hamas estão reunidas as condições para que os outros problemas todos do mundo (incluíndo a Ucrânia) deixem de parecer assim tão graves um dia destes, a ver vamos mas a esperança é curta.
Oh Unknown, Você deve esta a gozar com o pessoal, só pode! Temos diversos comentadores do PSD e da Direita, além de outros do PS, TODOS pro Ucrânia, não há praticamente contraditório, a cartilha é sempre a mesma,ou seja, comentadores todos a favor da Ucrânia e do traste corrupto do Zelensky,e quando o convidado procura ter distância no seu comentário, como sucedeu com o General Carlos Branco (que tive o prazer de conhecer) a jornalista em causa,que o entrevistava, agride-o verbalmente, por não seguir a tal cartilha ucraniana. Seja mais honesto e imparcial, se é que consegue ser, quando fizer reparos desses. A nossa comunicação social no que respeita à questão ucraniana e agora no que respeita a Israel, mete nojo aos cães, já que é toma posição claramente pro Zelensky e não aceita uma posição oposta. Fique-se com o pequeno Marques Mendes e quejandos a debitarem sobre a matéria e outros farsantes. Por mim, não perco tempo com essa gente. Safa! a) P. Rufino
E agora que aparece nua e crua a mentira da propaganda israelita, sobre 40 bebés decapitados no Kibutz Kfar Aza !
Como ousaram “fabricar” isso para ganhar as simpatias do mundo ocidental, que não é unânime no apoio a Israel no drama da Palestina?
Mesmo quando os governos ocidentais, e a França em primeiro, proíbe as manifestações de apoio à Palestina!
E mesmo se os responsáveis da comunicação do governo israelita já desmentiram a AMD dos bebés lançada por Nicole Zedek, correspondente do canal de radiodifusão estrangeiro israelita 24News, o mal está feito…
Mas quem vai sofrer mais na sua reputação não é o Hamas! Mas os inventores da mentira. Que deviam pedir conselho a Zelensky nesta matéria, antes de pôr os pés na lama da vergonha.
Mentiras da mídia em torno do conflito israelo-palestiniano
A intoxicação informativa sobre a decapitação de 40 bebés israelitas por combatentes do Hamas foi negada pelo exército israelita e por um porta-voz da Casa Branca.
P. Rufino, desculpe dizer-lhe que são pessoas como você- que chama ao Zelensky "traste corrupto", por enviesamento ideológico- que devem ser evitadas no plano mais geral do comentário televiso, porque de imparcial não têm nada. Felizmente, só existe um ou dois, mas um seguramente, que deixa inquinar as análises de preconceito ideológico. Tem de haver limites.
"porque de imparcial não têm nada.!" Há quem ande à procura de imparciais desde há séculos sem os encontrar porque não existem. Todos defendem uma causa. Quem defende o pluralismo e a democracia não procura imparciais, o que defende é que todos as partes tenham acesso aos media. E não só uma (ou algumas). "por enviesamento ideológico" É uma expressão utilizada para atacar os que têm uma ideologia distinta da nossa. Por que só a nossa é que está certa!!!!?? Não seria preferível mostrar por que a razão a ideologia do outro está errada em vez de lhe chamar enviesada? Ou em vez de a suprimir? Zeca
Pois o Zeca tem toda a razão quando diz que "Não seria preferível mostrar por que a razão a ideologia do outro está errada em vez de lhe chamar enviesada? Ou em vez de a suprimir?".
Mas tentar provar o que quer que seja a quem acha que "... só a nossa é que está certa" como também ele diz com razão, não vale a pena. Já me deixei disso, mais depressa venho aqui falar ali de uma cisterna de água da chuva, uma bomba hidráulica e um sistema de rega gota a gota, que já vou em dois serões no jardim a tentar "conciliar" antes que comece a chover, ao menos isso ainda é capaz de ser útil a alguém por aqui.
Vai-se lendo muita coisa e concluindo que pessoas que até têm bom senso nas pequenas coisas do dia-a-dia, quando chega à Ucrânia/Rússia ou ao Hamas/Israel entram num espírito tal que só nos faria temer se algum dia tivessem o poder de calar os outros. Mas também se percebe, isto é só conversa, não tem nada a ver nem com vidas vividas nem com tomadas de decisões graves, as bonitas intenções são gratuitas de emitir e de ouvir. E ninguém é obrigado a ler.
22 comentários:
Concordo plenamente. Mas é difícil pôr em dúvida a derrota completa das Rússia sem ser apelidado de putinista (ou pior).
Daí o meu comentário de há dias sobre as pivots dos noticiários. E coloco de novo a questão: deve um jornalista afirmar que veste a camisola de um dos lados?
Zeca
Uma coisa são os comentadores, que devem ter toda a liberdade para exprimirem o que pensam. Podemos é questionar o critério da sua escolha, uma vez que é tão notória a falta de pluralismo ideológico no debate televisivo e mesmo radiofónico.
Outra coisa são os moderadores e apresentadores de noticiários. Quanto a estes, salvo uma ou outra exceção, a questão é, serão mesmo jornalistas? O facto de terem um diploma de jornalista faz deles jornalistas? Não, não faz. E a maioria não atua como tal.
Aliás, penso que a maioria se limita a ler os telepontos ou a seguir as instruções de quem lhe sopra ao ouvido. Esse é o espaço da sua liberdade enquanto jornalistas, nunca isento, sempre comprometido com um dos lados da contenda, mesmo que para isso seja necessário omitir as causas remotas e próximas, passar por cima da história.
Bom comentário do J. Carvalho.
Às vezes penso como é que determinados "pivots", de quem se conhecem as opiniões sobre os assuntos por outras vias, noscontam com o ar mais convicto deste mundo precisamente o oposto do que pensam, mas depois lá me lembro que aquilo é a profissão deles e, como tal, só estarão a exercê-la (ainda que eu não me visse a exercê-la desse modo, mas eu não sou "pivot", felizmente).
Mas cada vez tenho mais dúvidas se é possível ser-se "jornalista mesmo jornalista" nestes tempos de politicamente correcto, de causas fracturantes da moda, de "shares" variados que é preciso alcançar, de interesses que nos ultrapassam de tal modo e a tal velocidade que nem sempre é possível sobreviver-lhes.
E o incómodo que alguns demonstram quando não ouvem o que querem ouvir é constrangedor, ainda ontem apareci ali na sala onde está a TV na altura em que "calavam" um comentador mudando de assunto de repente.
Por acaso um comentador que eu acho que "calado" é que estava bem, mas não é por isso que não tinha todo o direito de dizer o que pensava, os "unanimismos" aqui falados estão a dar cabo da nossa vida e a matar a democracia, como não me canso também de dizer.
Também concordo com o que diz.
"Outra coisa são os moderadores e apresentadores de noticiários."
" a maioria se limita a ler os telepontos ou a seguir as instruções de quem lhe sopra ao ouvido"
Não sei como é que a feitura dos noticiários se realiza. Não sei quem escolhe os comentadores nem sei se as apresentadoras se limitam a ler o teleponto.
Mas fico irritadíssimo quando as apresentadoras não hesitam em se mostrar muito desagradadas quando alguém não diz que a derrota da Rússia será total e certa.
E acho que não se pode confundir quem tem razão com quem tem mais meios militares.
Também não percebo por que razão, em geral, se dá como começo da guerra a data de Fevereiro de 2022. Na realidade começou mais cedo mas admitir isso altera a análise da situação. Nem percebo por que é que pouco se fala do papel da Nato antes de 2022. Não teve influência no desenrolar das coisas?
Confesso a minha ignorância mas penso que uma grande parte dos cidadãos são tão (ou mais) ignorantes do que eu. Será vantajoso mantê-los nesse estado? Sim, há quem beneficie. Por isso é que há pouco pluralismo nos comentadores.
Zeca
De acordo.
Quanto à CS considero que está muito mal.
Saudações.
Mas sim, hà jornalistas. Em Israel, por exemplo. No jornal Haaretz ! Que é capaz de dar "Uma lição de jornalismo e humanidade para políticos e pseudo jornalistas às ordens... como são quase todos nos nossos paises democràticos...
Um Judeu fala...Gideon Levy
Israel castiga Gaza desde 1948.
Ontem, Israel viu imagens que não esperava na sua vida, por causa da sua arrogância. Por trás de tudo o que aconteceu está a arrogância israelense.
Achávamos que tínhamos o direito de fazer nao importa quê e que nunca pagaríamos um preço nem seríamos punidos por isso.
Prendemos, matamos, abusamos, roubamos, protegemos massacres de colonos, visitamos o Túmulo de José, o Túmulo de Otniel e o Altar de Yeshua, todos nos territórios palestinos, e claro, visitamos o Monte do Templo – mais de 5.000 judeus no trono.
Estamos a disparar sobre pessoas inocentes, a arrancar-lhes os olhos e a partir-lhes a cara, a deportá-las, a confiscar as suas terras, a saqueá-las, a retirá-las das suas camas, a realizar limpezas étnicas e também a continuar o cerco injustificado.
Estamos a construir uma enorme barreira à volta da Faixa de Gaza, a sua estrutura subterrânea custou três mil milhões de shekels e estamos seguros.
Continuamos a deter milhares de prisioneiros palestinianos, incluindo aqueles detidos sem julgamento, na sua maioria presos políticos, e não concordamos em discutir a sua libertação, mesmo depois de décadas de prisão.
Dizemos-lhes que só através da força os seus prisioneiros poderão ser libertados.
Pensávamos que continuaríamos a rejeitar arrogantemente qualquer tentativa de solução política, simplesmente porque não nos convinha, e que tudo continuaria certamente assim para sempre. E mais uma vez, acabou por não ser o caso.
Algumas centenas de combatentes palestinianos provaram que é impossível encarcerar dois milhões de pessoas para sempre sem pagar um preço elevado.
Tal como a velha e fumegante escavadora palestiniana demoliu ontem o muro, o mais avançado de todos os muros e vedações, também arrancou o manto da arrogância e da indiferença israelitas. Também demoliu a ideia de que bastava atacar Gaza de vez em quando com drones suicidas e vender esses drones a meio mundo, para manter a segurança.
Ontem já se falava em destruir bairros inteiros de Gaza, ocupar a Faixa de Gaza e punir Gaza “como nunca foi punida antes”. Mas Israel tem punido Gaza desde 1948, sem parar um só momento. 75 anos de abuso e o pior já está à espera. As ameaças de “achatar Gaza” apenas provam uma coisa: que não aprendemos nada.
Benjamin Netanyahu tem uma grande responsabilidade pelo que aconteceu e deve pagar o preço, mas o caso não começou com ele e não terminará depois que ele partir. Devemos agora chorar amargamente pelas vítimas israelitas.
Mas também devemos chorar por Gaza. Gaza, cuja população é composta principalmente por refugiados criados por Israel; Gaza, que não conheceu um único dia de liberdade.
SIM existem jornalistas, mas onde menos se esperava...
Uma coisa é a análise crítica, outra é o preconceito ideológico de uma certa esquerda, que não deve ter expressão num comentário televisivo isento. E depois há uma categoria de comentadores que flutua e que, de vez em quando, se aborrece com o apoio à Ucrânia e com o heroísmo de Zelensky e começa a descobrir borbulhas no rosto do homem, que o desfeiam.
Bem, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um comentador a tecer loas à ação do Hamas e a chacina no festival techno.
Bom, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um ou mais ou muitos comentadores a tecerem loas às acções terroristas do estado de israel e ao genocídio que o mesmo se prepara (e está) a implmentar em Gaza. Espera, desses não faltam.
Anónimo disse...
Bem, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um comentador a tecer loas à ação do Hamas e a chacina no festival techno.
Exacto. Mas o contrario ? Poucas ONGs israelenses estão a tentar dizer a verdade. Mas a média não repercute. É o caso de "Quebrando o Silêncio" quando publica os depoimentos de 60 soldados e oficiais que participaram à Operação Borda Protectora.
O mundo inteiro podia ver soldados israelenses atirando em homens como alvos de um campo de tiro. Ao lado deles, um público encantado do show. A Operação Borda Protetora, que durou 51 dias, resultou na morte de mais de 2.200 palestinos e 72 israelenses.
As linhas editoriais e os jornalistas que as desenvolvem, são o que os capitalistas, donos dos média, autorizam…e pagam! E os telespectadores, falta de cultura política e de diversificação dos media, são o resultado do que lhes servem. Não vou buscar mais longe, a 1917 por exemplo, a uma certa mensagem, servida na missa, três vezes por dia, o ano inteiro.
Quando os media pertencem a uma só facção politica, que esperar doutro? Qual outro “continente” proibiu RT e Spoutnick, senão a Europa de Úrsula Van der Leyen?
Em França, vindos da indústria da construção, armamento, luxo ou telefonia, dez bilionários assumiram o controle de grande parte da mídia francesa. Com a chave, conflitos de interesse, censura, pressão, demissões, interferência doentia. Como garantir a liberdade de informação e o pluralismo da imprensa nestas condições.
Tudo pode ser comprado, tudo pode ser vendido, jornais, TVs, rádios. Alguns bilionários dividem o bolo. Resultado: 90% dos diários nacionais vendidos todos os dias pertencem a 10 oligarcas! Os mesmas possuem televisões e rádios que somam respectivamente 55% e 40% das quotas de audiência Portanto, há uma grande probabilidade de ler, assistir ou ouvir mídias pertencentes a esse pequeno círculo de bilionários todos os dias.
Em Portugal, não sei!
" outra é o preconceito ideológico de uma certa esquerda, que não deve ter expressão num comentário televisivo isento"
Espanto! Uma certa esquerda não deve ter expressão etc. E uma certa direita?
A esquerda pronuncia-se por preconceito ideológico. A direita não, não é por razões ideológicas, a direita não vai em ideologias .... vai directo à realidade das coisas. Parecer ser o que está subjacente. Que a direita é que sabe .....
Zeca
Anónimo disse...
Bem, levando isso ao extremo, seria então genial que aparecesse um comentador a tecer loas à acção do Hamas e a chacina no festival techno."
Mas apareceu esse comentador ! De 16 a 18 de Setembro de 1982, o horror abateu-se sobre os campos de refugiados palestinianos de Sabra e Chatila, em Beirute. Eles tinham sido expulsos de Palestina.
Durante mais de 40 horas, quase 3.000 palestinianos foram dizimados por milicianos falangistas libaneses armados e protegidos pelas forças de ocupação israelitas. Um massacre planeado e orquestrado pelo exército israelita.
Israel comprometeu-se com o representante americano, Habib, a não pôr os pés em Beirute Ocidental e, acima de tudo, a respeitar as populações civis dos campos palestinianos. Arafat ainda tem a carta em que Reagan lhe fez a mesma promessa. Habib teria prometido a Arafat a libertação de nove mil prisioneiros. "
O “banho de sangue” que Israel afirmava evitar ao trazer ordem aos campos!... “Será muito fácil para Israel exonerar-se de todas as acusações.
Os jornalistas de todos os jornais europeus tinham começado a trabahar para os exonerar: ninguém dirá que durante as noites de quinta para sexta e de sexta para sábado se falava hebraico em Shatila. Jean Genet."
Nada de novo.
"Benfica/Sporting" no Rússia/Ucrânia, "Benfica/Sporting" no Israel/Hamas, é isto em que nos tornámos sentados no sofá e já não na tasca da esquina.
Estamos a ficar uns belos inúteis, toma-se partido por convicção, preconceito ou interesse, grita-se (escreve-se) isso ao mundo e está feito, cada um fica de consciência limpa até ao comentário seguinte sobre o tema, onde repete as mesmas convicções, preconceitos ou interesses.
Está tudo de acordo que se matem uns aos outros, cada um puxando para o seu lado, desde que se matem bem longe daqui.
Porque se os vizinhos do lado lá no prédio se estiverem a esfaquear uns aos outros, isso é lá com eles, ninguém se mete, ninguém está para se chatear.
PS1- Relembro que já no caso do Rússia/Ucrânia só intervim aqui para falar em paz e modos de lá chegar, o que me valeu algumas trocas de ideias muito educativas, tão educativas que tive que insistir que não me educassem mais.
PS2- Neste caso do Israel/Hamas estão reunidas as condições para que os outros problemas todos do mundo (incluíndo a Ucrânia) deixem de parecer assim tão graves um dia destes, a ver vamos mas a esperança é curta.
Zeca
Acha que se deve pôr um militante do PCP (ou outro pró-russo) a comentar diariamente a guerra entre a Ucrânia e a Rússia?
Oh Unknown,
Você deve esta a gozar com o pessoal, só pode! Temos diversos comentadores do PSD e da Direita, além de outros do PS, TODOS pro Ucrânia, não há praticamente contraditório, a cartilha é sempre a mesma,ou seja, comentadores todos a favor da Ucrânia e do traste corrupto do Zelensky,e quando o convidado procura ter distância no seu comentário, como sucedeu com o General Carlos Branco (que tive o prazer de conhecer) a jornalista em causa,que o entrevistava, agride-o verbalmente, por não seguir a tal cartilha ucraniana.
Seja mais honesto e imparcial, se é que consegue ser, quando fizer reparos desses.
A nossa comunicação social no que respeita à questão ucraniana e agora no que respeita a Israel, mete nojo aos cães, já que é toma posição claramente pro Zelensky e não aceita uma posição oposta. Fique-se com o pequeno Marques Mendes e quejandos a debitarem sobre a matéria e outros farsantes. Por mim, não perco tempo com essa gente. Safa!
a) P. Rufino
E agora que aparece nua e crua a mentira da propaganda israelita, sobre 40 bebés decapitados no Kibutz Kfar Aza !
Como ousaram “fabricar” isso para ganhar as simpatias do mundo ocidental, que não é unânime no apoio a Israel no drama da Palestina?
Mesmo quando os governos ocidentais, e a França em primeiro, proíbe as manifestações de apoio à Palestina!
E mesmo se os responsáveis da comunicação do governo israelita já desmentiram a AMD dos bebés lançada por Nicole Zedek, correspondente do canal de radiodifusão estrangeiro israelita 24News, o mal está feito…
Mas quem vai sofrer mais na sua reputação não é o Hamas! Mas os inventores da mentira. Que deviam pedir conselho a Zelensky nesta matéria, antes de pôr os pés na lama da vergonha.
Mentiras da mídia em torno do conflito israelo-palestiniano
A intoxicação informativa sobre a decapitação de 40 bebés israelitas por combatentes do Hamas foi negada pelo exército israelita e por um porta-voz da Casa Branca.
Concordo com a diversidade de opinião. É fundamental que possamos ouvir nas TV's coisas como:
- traste corrupto do Zelensky
- cartilha ucraniana
- mete nojo aos cães
- o pequeno Marques Mendes e quejandos
Penso que estes pontos de vista só contribuem para a riqueza do debate.
P. Rufino, desculpe dizer-lhe que são pessoas como você- que chama ao Zelensky "traste corrupto", por enviesamento ideológico- que devem ser evitadas no plano mais geral do comentário televiso, porque de imparcial não têm nada. Felizmente, só existe um ou dois, mas um seguramente, que deixa inquinar as análises de preconceito ideológico. Tem de haver limites.
"porque de imparcial não têm nada.!"
Há quem ande à procura de imparciais desde há séculos sem os encontrar porque não existem. Todos defendem uma causa.
Quem defende o pluralismo e a democracia não procura imparciais, o que defende é que todos as partes tenham acesso aos media. E não só uma (ou algumas).
"por enviesamento ideológico" É uma expressão utilizada para atacar os que têm uma ideologia distinta da nossa. Por que só a nossa é que está certa!!!!??
Não seria preferível mostrar por que a razão a ideologia do outro está errada em vez de lhe chamar enviesada? Ou em vez de a suprimir?
Zeca
Pois o Zeca tem toda a razão quando diz que "Não seria preferível mostrar por que a razão a ideologia do outro está errada em vez de lhe chamar enviesada? Ou em vez de a suprimir?".
Mas tentar provar o que quer que seja a quem acha que "... só a nossa é que está certa" como também ele diz com razão, não vale a pena.
Já me deixei disso, mais depressa venho aqui falar ali de uma cisterna de água da chuva, uma bomba hidráulica e um sistema de rega gota a gota, que já vou em dois serões no jardim a tentar "conciliar" antes que comece a chover, ao menos isso ainda é capaz de ser útil a alguém por aqui.
Vai-se lendo muita coisa e concluindo que pessoas que até têm bom senso nas pequenas coisas do dia-a-dia, quando chega à Ucrânia/Rússia ou ao Hamas/Israel entram num espírito tal que só nos faria temer se algum dia tivessem o poder de calar os outros.
Mas também se percebe, isto é só conversa, não tem nada a ver nem com vidas vividas nem com tomadas de decisões graves, as bonitas intenções são gratuitas de emitir e de ouvir.
E ninguém é obrigado a ler.
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