Soube que procuraram "cancelar-te", por motivos políticos, num qualquer evento literário. Isto lembra-me que ainda te não tinha convidado para intervires na apresentação de um livro que, dentro de semanas, vou editar.
Aqui fica o convite público, com um forte e amigo abraço.
17 comentários:
Muito bem!
Cada vez mais isto parece um PREC "light", muito mais perigoso do que o outro foi, porque este é insidioso.
Poderia dizer que nunca é demais relembrar, por isso me repeti.
Mas disfarçava mal a realidade, foi mesmo PDI...
Um sujeito ultra-radical interrompe a apresentação de um livro: ED 1 - EE 0
(toda a gente contra)
Umas sujeitas interrompem um evento público e agridem um Ministro: ED 1 - EE 1
(muita gente está de acordo)
Ato de vandalismo na FIL: ED 1 - EE 2
Atos de vandalismo numa manifestaçã: ED 1 - EE 3
Na mesma manifestação, deputados são ameaçados: ED 1 - EE 4
Tentativa de cancelamento da participação de um homem de direita num debate: ED 1 - EE 5
(ainda bem que o debate é com o JPP porque ele é um dos que diz que o entrincheiramento da sociedade se deve ao... Trump.)
E tudo isto na mesma semana! Que jogatana!!!
Agora, analisemos as equipas: à direita, um indivíduo - praticamente solitário -, sem apoio de qualquer partido e munido de um megafone; à esquerda, grupos organizados, com infiltração de liceus e universidades, capacidade de mobilização de massas e óbvia identificação com o BE.
Lembram-se do que se dizia quando uns macacos de imitação tentaram trazer os coletes amarelos para cá? Temam a extrema direita que nos vai comer a todos!!!
Uma ideia: haverá alguma ligação desta animação toda com a nova liderança do BE?
Estou a ver que os nossos "brandos costumes" estão a mudar.
Só malfeitorias esta "extrema esquerda", já só falta mesmo uma invasão das instalações da Barraqueiro a bordo de camionetas UTIC-AEC a reivindicar uma nova Rodoviária Nacional (EP, claro).
Escusado será dizer que a frase anterior é uma piada.
Muito bem e um abraço ao Jaime
Fernando Neves
Bom amigo que por aqui passa lembrou-me o livro de Julian Barnes “O ruído do tempo”, precisamente sobre Shostakovich e cuja sinopse no sítio da Almedina começa com isto:
“Em janeiro de 1936, Estaline assistiu à apresentação da muito aclamada ópera de Shostakovitch, Lady Macbeth de Mtensk, no Teatro Bolshoi, em Moscovo. O compositor ficou muito perturbado com a intempestiva e prematura saída do líder do camarote, acompanhado pela sua comitiva. Dois dias depois aparecia no jornal Pravda uma crítica com o título «Chinfrim em vez de Música», escrita provavelmente pela pena do próprio Estaline”.
Não tendo o livro e estando esta manhã ali na Avenida de Roma no quarteirão onde ficam a Barata e a Bertrand fui folheá-lo, abri exactamente na página onde esta história aparece (e que eu tinha posto no princípio do meu comentário).
As Sinfonias completas tenho-as numa caixa editada pela EMI, orquestras várias sob a batuta de Mariss Jansons, maestro nascido na Letónia e que faleceu em 2019 em São Petersburgo.
Esta colecção, para além das 15 sinfonias, a que se somam ainda algumas das peças ligeiras de que já falei, só é batida pela edição conduzida por Rudolph Barshai.
Agora ouço as duas primeiras sinfonias de Tchaikowsky dirigidas pelo maestro e violoncelista russo Mstislav Rostropovitch com a London Philharmonic Orchestra.
Sendo um dos maiores violoncelistas de todos os tempos tudo se complicou na vida dele só porque era aluno de Shostakovich (a vida dele e a da mulher, Galina Vishnevskaya, famosa cantora de ópera), tendo que fugir para os EUA e tendo-se naturalizado lá.
A edição original também é da EMI mas já não se encontrará assim pois a EMI foi englobada há uns anos na Warner.
Fica para outro dia a história não menos edificante de como, sob Stalin, as artes eram “acarinhadas” na URSS, de que Rostropovitch era outro belíssimo exemplo, bien malgré lui.
O activismo, tal como hoje é entendido e praticado ou exercitado, deveria ter consagração de "actividade perigosa", para efeitos legais ( penais e civis).
Desapareceu o "bom senso", aquilo que fundou e fundamentou todo o enquadramento do direito civil que nos rege há mais de cem anos. E o direito civil, como dizia o saudoso Prof. Orlando de Carvalho, é o "direito comum das pessoas comuns"; não havendo bom senso, não há "direito comum" possível..."
É evidente que Nogueira Pinto deve ter o direito de falar. Na apresentação do palestrante, não omitiria a parte da sua biografia onde consta que foi um apoiante, e por vezes crítico pela direita, do anterior Regime, regime que impôs a censura em Portugal durante 48 anos.
JNP nunca escondeu como pensava e nunca renegou o que pensava.
Mas ser coerente toda uma vida tem pouco valor, pelo que me tenho sempre dado conta, para muita gente que se calhar só a 26 de Abril de 1974 se deu conta que tinha andado "enganada".
Os que se deram conta do que se passava antes de 24 de Abril de 1974 não costumam cair daí abaixo (a menos que estejam xéxés), porque eles próprios foram coerentes toda uma vida e, entre "iguais", há respeito mútuo.
É assim que se distinguem democratas e "democratas".
Já contei aqui algumas histórias, não me vou repetir, não vá alguém enfiar outra carapuça.
Já li JNP muitas vezes e, sobretudo, já o ouvi incontáveis vezes na rádio, na TV, em podcasts.
Nunca me apercebi de que fosse alguém pouco frequentável.
Nunca tive ideia de ser um sujeito que não apreciasse a democracia.
Nunca tive a perceção de ser uma pessoa desonesta.
De tudo o que lhe ouvi, a única coisa que me faria ter com ele umas boas discussões seria a religião.
É de direita? E então? É proibido, querem ver?
Ofereceu-se para o Ultramar? E então? Seguia a cultura da época e tinha todo o direito a considerar que o Ultramar merecia ser defendido.
É conservador? E então? Tantos de nós o somos e não temos lepra por causa disso.
Uma vez fui ao lado dele no Metro. Não cheirava a enxofre.
Só agora soube que o evento em causa era uma conversa com Pacheco Pereira sobre a banda desenhada dos anos 50-60. Nessa circunstância, seria provavelmente desnecessário aludir aos aspectos políticos da biografia do palestrante ou debatente Nogueira Pinto. No meu comentário acima, estava a pensar em palestras ou debates sobre temas sócio-políticos. Fica o esclarecimento.
Pois eu é sobre temas sócio-politicos que gosto de o ouvir, é aí que posso aprender muito, com os que pensam mais ou menos como eu é só perder tempo, uma espécie de masturbação intelectual.
Aproveito para uma história de duas pessoas (e comigo três).
Conheço muito bem um e bastante bem o outro (a mim conheço mal).
Quando no fim do Verão de 1975, algumas pessoas daquela área politica em que o gonçalvismo se apoiava se deram conta que algo podia correr mal, trataram de pôr alguns militantes numa espécie de "semi-clandestinidade" para o que desse e viesse.
Por outro lado, e desde há muito tempo, pessoas da área política oposta se tinham refugiado em Espanha, de onde procuravam combater o dito gonçalvismo e não só.
Pois esses meus dois conhecidos são um de cada uma dessas áreas, são desde há muitos anos inseparáveis, estou com eles muitas vezes e com muito prazer.
A tolerância é um bem cada vez mais escasso, por isso não me canso de repetir que a democracia está a ser destruída por dentro, pelos próprios.
JNP
De defensor do Ultramar e da ida para Angola já depois do 25 de Abril de 1974 contra a descolonização e da defesa do Império, tornado mais tarde intelectual da direita radical portuguesa e defensor do CHEGA, até à sua actual condição de acionista de uma empresa de segurança privada luso-moçambicana (Moseg) detida em parceria com membros ligados à Frelimo e ao regime ditadorial de Moçambique.
Uma coerência, sem margem para dúvidas, notável!
Já lá vão quinze dias e, se o convite foi público, a sua aceitação, caso tenha acontecido, não o foi.
Tire-nos a dúvida, Francisco, se nos quiser fazer o favor: o seu grande amigo Jaime Nogueira Pinto chegou a aceitar este seu convite?
A. Teixeira. Como é óbvio, JNP será um dos apresentadores do meu livro. Qual é a sua dúvida?
A minha dúvida, vou tornar a explicá-la, já que o Francisco parece que não terá percebido da primeira vez:
É que se foi «aqui» que «ficou o convite público» para intervir na apresentação do seu livro, é patente que não foi «aqui» que terá ficado a aceitação desse «convite público».
Admitamos que não é assim tão «óbvio» constatar que tenha havido uma aceitação "privada" a um «convite público».
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