terça-feira, outubro 17, 2023

Campo de Ourique

 


9 comentários:

manuel campos disse...


Campo de Ourique é também muito sítio onde comer bem.
Portanto sai história de restaurantes por aqui.

O nosso neto “gourmet” (e “enólogo” amador) veio até cá passar três dias connosco, esta semana teve uma folga naquela vida que é a dele.
Fômos portanto aí a um sítio que não nos deixasse ficar mal perante um entusiasta da boa mesa, lá vieram uns excelentes lagartinhos de porco preto com umas belíssimas migas de tomate e um não caro tinto reserva da região.
A rebater uma sobremesa de bolo de chocolate e sorvete de morango bem servida a dividir pelos três, que ninguém é guloso e isso tem passado de geração em geração.

Já ontem à tarde quando marcámos a mesa para hoje me pareceu que estava muito fácil de marcar para aquela hora, mas como somos mais ou menos conhecidos por lá, achei que era por isso.
Pois estava vazio à uma da tarde e nunca chegou a mais de meia casa até sairmos às três da tarde, aquilo costumava estar sempre cheio.
Já há dias tinha surgido uma situação curiosa noutro sítio, um pouco na mesma linha de não ser normal tão pouca gente ao almoço de sábado ali.

Boa mesmo é a conversa com ele, carros antigos, jazz, castas vinícolas e fabrico de queijos, que mais se pode esperar de uma conversa com um rapaz de 23 anos nos tempos que correm?

aguerreiro disse...

Esse seu querido neto ou está doente ou é um avatar (sem ofensa).

Luís Lavoura disse...

Estes azulejos parecem-me ter um padrão deveras vulgar, e não de grande beleza.

manuel campos disse...


"aguerreiro"

Agradeço o comentário.

Os netos são todos queridos para quem os tem.
É uma "ligação" diferente da que se tem com os filhos, mais solta, o que não quer dizer menos responsável, não lhe estarei a dar novidade nenhuma.
Com os filhos e filhas há altos e baixos quando crescem, mas com os netos é raro, falo de netos adultos (maiores de 18 anos) que é o caso atual de todos os meus e as minhas (tenho mais netas que netos).

Claro que tendo "começado" a ser avô antes dos 55 anos e tendo "acabado" de ser avô antes dos 60 anos, admito que a visão das coisas seja diferente dos que só entraram nessa via depois do 65 ou dos 70, já reformados, talvez com outras limitações e com outro espírito, é o que vejo entre amigos e conhecidos.

Doente não está de certeza absoluta, muito pelo contrário.
Portanto talvez seja um "avatar", nunca tinha pensado nisso.

Um bom dia para si

manuel campos disse...


O que eu noto nestes azulejos é que, com alguma imaginação, talvez se encontrassem ali simbologias cabalísticas naquele jogo de alternância de figuras formadas pelas linhas e curvas azuis.

Carlos Antunes disse...

Campo de Ourique
Continua a valer ir à “Tasca do João” para o bacalhau à minhota à 6.ª feira, ou ao cozido à moda dos duques (sábado) no “Solar dos Duques”.
O meu bairro em Lisboa (embora com muita pena, já lá não viva há muitos anos), antes de ser ocupado (ainda não anexado) pelos franceses, beneficiários do regime fiscal dos residentes, alterou profundamente o seu perfil único de um bairro lisboeta, assim como a sua oferta gastronómica. Num destes dias, em revisitação ao bairro, deparei-me na rua Correia Teles com uma garrafeira que apenas tinha à venda vinhos franceses!!!, ou de um restaurante com o sugestivo nome de “Moules & Beer” à moda dos inúmeros restaurantes de Bruxelas que apenas servem “moules” sob os mais variados ingredientes, e até “moules au vin du Porto”, se calhar, para lembrar que também fazemos parte da comunidade.
Que saudades dos desaparecidos Gigante, Tico-Tico, Velha Goa (um verdadeiro ex-libris da gastronomia goesa), Coelho da Rocha, Stop do Bairro, Parreira do Minho, do velho Canas aberto até às 2h da manhã, das tascas da Rua de Campo de Ourique ali próximas dos “Alunos da Apolo”, dos generosos bifes da Charcuteria, das soberbas moelas no célebre “durty pig” do Idalino na Rua Tomás de Anunciação, ou dos petiscos nessa instituição centenária “Padaria do Povo”!
Mas também dos cafés (Estrelas Brilhantes, Meu Café, Ertilas, Ruacaná, Lomar), de bares como o “Paródia” do saudoso Pinto Coelho, da livraria “Ler” (onde antes do 25 de Abril, tínhamos acesso a publicações interditas pela censura), do “Eduardo dos Livros”, da “casa de fado da Mariema” (a única existente fora dos bairros tradicionais do fado em Lisboa), enfim, o bairro de escritores, jornalistas e figuras públicas, como Fernando Assis Pacheco, Luís Sttau Monteiro, Ruy Castro, Leonor Xavier, Miguel Galvão Teles, Nuno Portas, Sampaio Cabral, etc., etc.
Bons e saudosos tempos.

Flor disse...

Descubrí! Estes azulejos fazem parte da fachada do restaurante "Imperial de Campo de Ourique".

manuel campos disse...


Flor

Boa descoberta!
É uma das "Lojas com História".
Da respectiva página tirei que "Entre os anos de 1920 e 1942 foi este o 1° quartel de Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique. Em 1947 abre portas como registo de taberna."
Aliás vi um registo fotográfico antigo (não me lembro onde) de um carro de bombeiros dos BVCO parado lá à porta (com matricula de letras AC à esquerda, dos primeiros de sempre).

Como não tenho FB mas consigo abrir no PC as páginas "institucionais", encontrei uma foto do nosso Embaixador com o proprietário, muito sorridentes, aparece um engraçadinho (delicado) a perguntar "É o médico oftalmologista?", vem de seguida logo a emenda por parte de outro senhor, com dois pontos de exclamação para não haver dúvidas.

Não resisto a nada que tenha a ver com Lisboa antiga, tenho que bisbilhotar.

manuel campos disse...


Gostei muito do texto do Carlos Antunes, é também deste tipo de textos que estamos bem precisados, para que não se perca a memória do passado e alguma ideia do pouco que o presente ainda nos dá e devemos aproveitar, já que o futuro todos percebemos que será também o que ele bem vislumbra.

Poderia escrever um texto semelhante sobre "o meu bairro em Lisboa", onde nós vivemos há quase 50 anos, onde também se "alterou profundamente o seu perfil único de um bairro lisboeta, assim como a sua oferta gastronómica".

É também por isso que estes dois "alfacinhas de gema", acabados os tempos de "ajudar a criar os netos", fogem sempre que podem para este "algures" a mais de 200 kms, onde não têm raízes nenhumas nem nunca tinham cá vindo até à altura de adquirir aqui a propriedade há mais de 20 anos, claro que ainda não reformados, mas parece que com uma espécie de intuição de que um "hideaway" ía ser útil um dia.

Isto é verdade?